Arte contemporânea em Lisboa? Colem no Bigorna
A plataforma, que propõe um olhar didático sobre este universo, organiza ótimas visitas guiadas pela cidade
Um tempinho atrás eu publiquei aqui as dicas espertas de arte em Lisboa dadas pela Julia Flamingo, uma jornalista brasileira fofa que se mudou para cá no ano passado. Ex-crítica de exposições da VejaSP e colaboradora assídua de revistas como a Harper’s Bazaar e a ArteCapital, ela é hoje o nome por trás da plataforma Bigorna, que tem como propósito quebrar as barreiras da arte contemporânea e aproximá-la das pessoas comuns, como eu e você.
Como? Com vídeos superlegais e didáticos, posts espertos nas redes sociais, blogs bem escritos e ótimos passeios guiados. Eu já era fã quando fui conhecer essa última modalidade – e fiquei ainda mais. O projeto, chamado Papo de Bigorna, tem uma edição a cada mês, geralmente com duas opções de datas. Funciona assim: a Júlia faz a curadoria das exposições mais legais que estão rolando na cidade, monta um roteiro bem charmoso (com direito a paradas estratégicas pelo caminho e uma pausa gostosa para um bate-papo num café) e reúne um grupo pequeno de pessoas. Tudo é feito a pé, com calma, num ritmo bem legal que dá para conciliar as explicações dela com um tempo para curtir as mostras.
Tive a oportunidade de acompanhar a última saída, focada na produção artística de dois portugueses hypados no circuito internacional: Francisco Tropa e João Onofre. O passeio começou no Museu Calouste Gulbenkian, onde Tropa está com a exposição O Pirgo de Chaves (em cartaz até o dia 3 de Junho). Pirgo, para quem não sabe (eu não sabia, viva a Júlia!) é um objeto romano de entretenimento, uma pequena torre para o lançamento de dados.
O artista aproveitou a grande descoberta na cidade de Chaves, no norte do país, para propor um flerte entre a arqueologia e a arte contemporânea através de diferentes “jogos” (as suas instalações). “É um convite a jogar o jogo dele, com as regras dele”, explica Julia, enquanto aproveita para fazer referências a outros artistas e, assim, ir “traduzindo” a ideia de Tropa. “Mas ele não te convida a jogar, não é algo interativo.”
Dali passamos pelos lindos jardins da Gulbenkian, recheado de pessoas fazendo piquenique e curtindo o domingão (outro programaço na cidade!), e saímos em direção ao Saldanha. No caminho, uma parada em frente à livraria Under the Cover, a melhor da cidade, na minha opinião, dona de um belo acervo de revistas de arte, design e lifestyle.
Depois de 15 minutos de caminhada por alamedas arborizadas, chegamos ao Culturgest para mergulhar no universo de João Onofre na exibição Once in a Lifetime (Repeat) – que já termina neste domingo, dia 19! As instalações ocupam várias salas do espaço e têm foco na videoarte. “É uma modalidade que requer tempo do espectador para ser compreendida”, diz Julia. Um café com torta de maçã na saída e o programa estava completo.
Anote aí: Julia divulga o conteúdo e as datas de saídas do Papo de Bigorna na página da plataforma no Facebook – veja aqui. O programa custa € 20 por pessoa (€ 15 para estudantes), mais as entradas, e precisa ser reservado com antecedência.
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