Imagem Blog Além-mar Rachel Verano rodou o mundo, mas foi por Portugal que essa mineira caiu de amores e lá se vão, entre idas e vindas, mais de dez anos. Do Algarve a Trás-os-Montes, aqui ela esquadrinha as descobertas pelo país que escolheu para chamar de seu
Continua após publicidade

A escritora Ruth Manus indica livros para viajar a Portugal na quarentena

E mais: uma lista imperdível de autores portugueses que o mundo precisa descobrir já!

Por Rachel Verano
Atualizado em 12 Maio 2020, 17h57 - Publicado em 12 Maio 2020, 15h47
Ruth no Castelo de São Jorge, em Lisboa (Arquivo Pessoal/Arquivo pessoal)
Continua após publicidade

Ruth Manus é advogada, professora, palestrante, doutoranda. Jornalista, escreve na revista Glamour, do Brasil, e no jornal Observador, de Portugal. Ruth é tanta coisa que é fácil imaginar que ela é, também, minha BFF. Minha, sua e de meio mundo. Porque ela é – principalmente – uma contadora de histórias dessas que te agarram pelo colarinho e te obrigam a ouvir tudo até o último ponto final. Mesmo que seja um tratado sobre lavar o cabelo ou um phd sobre tombos na calçada portuguesa – que ela, obviamente, já tirou. 

Ruth mora em Lisboa desde 2014, de onde dá seus workshops de escrita criativa, nos faz rolar de rir nas redes sociais e escreve seus livros (entre os últimos, 40 Desabafos de Quem Não Nasceu para Quarentenas, do qual falei aqui, e Mulheres Não São Chatas, Mulheres Estão Exaustas, publicado no final ano passado no Brasil). A seguir, ela divide quatro dicas de livros perfeitos para viajar por Portugal nestes momentos inglórios em que não podemos (ou não deveríamos) sequer sair de casa.

(Mas, antes, parêntese para uma dica minha: seu livro Modéstia à Parte – Coisas Que o Mundo Inteiro Deveria Aprender Com Portugal, disponível também para o kindle, é um teletransporte imediato para as ladeiras de Lisboa, as mesas alentejanas, as tascas mais típicas, o dia a dia na Terrinha, enfim. Você vai ler sobre depilação, pizza congelada, os surrealismos de um diálogo luso-brasileiro carregado de sotaques e, quando menos imaginar, aposto, vai ter desejo de pastel de nata.)

Com a palavra, Ruth Manus e suas sugestões de livros que se passam em Portugal:

Arquipélago, de Joel Neto

“O autor é açoriano e sua obra nos leva a uma verdadeira viagens pelos Açores, mais especialmente sobre a Ilha Terceira. Com uma escrita deliciosa e um enredo intrigante sobre o desaparecimento de uma criança e um homem que não sente os terremotos, Joel  como ele mesmo diz  escreve um romance no qual a ilha também é personagem.”

O Apocalipse dos Trabalhadores, de Valter Hugo Mãe

“Apesar do autor ter nascido em Saurimo, Angola, este seu romance se passa em Bragança, na região de Trás os Montes. A cidade, os hábitos locais, a imigração e a desigualdade social são protagonistas nesse livro, tão humano quanto transformador.”

Continua após a publicidade

Tanta Gente, Mariana, de Maria Judite de Carvalho

“A autora, que nasceu e morreu em Lisboa, escreve de uma maneira impressionantemente tocante. Sua obra ganhou recentemente uma versão comemorativa em 6 volumes, incluindo o livro mencionado, que se passa em Lisboa e narra a reta final da vida de Mariana, uma mulher com uma doença grave e uma existência marcada por perdas das quais nunca se recuperou.”

Pecados Santos, de Nuno Nepomuceno

“Para os amantes de suspense, ler os livros do Nuno é fundamental. O enredo de Pecados Santos nos leva para viajar entre Londres e Lisboa, após uma série de homicídios na comunidade judaica. Com uma escrita leve, os livros do Nuno são daqueles que, quando a gente começa a ler, não consegue mais largar.”

Ruth também nos guia pela seara dos escritores portugueses que o mundo precisa descobrir já! Anote aí:

“Os contemporâneos Joel Neto, Nuno Nepomuceno, Mario Zambujal e José Couto Nogueira. Com escritas totalmente diferentes e enredos que se desenrolam em lugares distintos (Taxi, de José Couto Nogueira, é a brilhante narrativa dos dias de um taxista de Nova York), todos transformaram minha forma de escrever.

Maria Judite de Carvalho deveria ser lida no mundo todo. Os livros dela tocaram em lugares da minha mente e do meu coração que eu nem sequer sabia que existiam. A obra dela é absolutamente brilhante.

Continua após a publicidade

As mulheres portuguesas contemporâneas: Inês Pedrosa, Lídia Jorge, Teolinda Gersão.

Antonio Botto, poeta contemporâneo de Fernando Pessoa, de quem era muito amigo, que viveu no Brasil de 1947 até sua morte, atropelado em 1959 no Rio de Janeiro. É um dos primeiros poetas a abordar explicitamente o amor homoafetivo em sua obra, chocando a sociedade daquela época e configurando uma leitura fundamental nos dias de hoje.”

Boa viagem!

Publicidade