Eu demorei um pouco para entender o que me atraía tanto na Toscana. Juro que não estou fazendo tipo. Era mais do que a combinação de paisagens rurais com cidadezinhas medievais, mais do que a história e a gastronomia. Hoje, eu entendo que a resposta está na lentidão que a região impõe para ser aproveitada devidamente.
Logo de cara, isso transparece na comida: os italianos valorizam os ingredientes cultivados localmente, as massas que são dobradas uma a uma (e das maneiras mais criativas possíveis) para segurar o recheio, as refeições feitas em várias etapas para se estenderem por horas… Não é à toa que foi nesse país que nasceu o movimento Slow Food, a resposta contrária ao fast-food.
Pouco depois veio o Slow City, defensor da preservação da história e das tradições locais, contrário ao trânsito e ao ritmo frenético das grandes metrópoles. Na prática, nem é preciso que as cidadezinhas italianas adotem esse nome para serem o que são: locais com ruas estreitas demais para os carros, gostosas de se caminhar a pé, cenário de festas centenárias e cheias de lojas vendendo produtos artesanais.
É por isso que o Slow Tourism, terceiro desdobramento desse movimento à favor da lentidão, tem tudo a ver com a região da Toscana. Seu principal chamariz é a proposta de viver uma experiência distante do estresse cotidiano, similar ao do famoso livro e filme “Sob o Sol da Toscana”. Foi pensando nisso que dois brasileiros encabeçaram o programa Slow Life in Tuscany, cuja primeira edição acontecerá entre 23 e 28 de junho de 2019.
Durante esses cinco dias, um grupo de no máximo doze pessoas ficará hospedado em meio ao Chianti, dentro da propriedade da vinícola Corzano & Paterno, sobre a qual eu já falei aqui no blog. Os quartos ficam dentro de uma casa do ano 1200, toda cercada por vinhas, oliveiras e campos com ovelhas pastando, que pertenceu à família de Maquiavel.
Mas a graça da viagem não se limita aos cenários bucólicos. A proposta é usar pessoas que nasceram, cresceram ou que escolheram viver na Toscana para mostrar a região aos turistas, que terão uma experiência bastante autêntica. Todos os dias começam com uma sessão de yoga e meditação e terminam com um jantar regado à vinho.
Mas, entre uma coisa e outra, estão programadas visitas à vinícolas com uma sommelier, tour por Florença com um professor Mestre em História da Arte e aulas de pintura, cerâmica, escultura e mosaico na Academia de Arte de Florença. Isso sem falar do dia com uma chef italiana, em que o grupo vai plantar a própria horta, visitar um pequeno produtor local e aprender a preparar receitas típicas. O dolce far niente também está garantido durante passeios por cidadezinhas medievais.
Com café da manhã, jantar e todos os transportes para os passeios e visitas, o programa em português custa € 1 680 por pessoa (não inclui passagem aérea). Mais informações no site do Slow Life in Tuscany.
Mostro a minha vida “sob o Sol da Toscana” no Instagram: @barbara.ligero