Estávamos andando por uma típica rua do centro histórico de Nápoles quando o guia parou subitamente e pediu que entrássemos em uma casinha. Segui as instruções meio confusa e assim permaneci enquanto observava os móveis velhos e as várias imagens de santos penduradas nas paredes.
Até que o guia começou a contar uma história, empurrou uma cama para trás e – surpresa! – eis que surge uma escada para um porão. Ali, bem embaixo dos nossos pés, estavam as ruínas de um teatro greco-romano do século IV a.C.
O meu embasbacamento diante daquilo só não foi tão grande quanto o da velhinha que era proprietária da casa. Há poucos anos atrás, ela abriu as portas para um grupo de arqueólogos que buscava vestígios de construções romanas. Depois de se deparar com um arco característico na cantina da casa, eles decidiram derrubar uma parede e encontraram o que antes era uma parte do anel superior da arena.
Essa é só uma parte do passeio pela chamada Napoli Sotteranea (Nápoles subterrânea), experiência que diz muito sobre o desenvolvimento da cidade. Com a queda do Império Romano, novas coisas foram sendo construídas por cima e em meio aos edifícios antigos, de forma que hoje há uma outra Nápoles oculta pelas ruas de trânsito caótico.
O ponto de partida do passeio é a Piazza San Genaro, onde paga-se € 8 no bilhete para a excursão em italiano (saídas de uma em uma hora das 10h às 18h) ou em inglês (saídas de duas em duas horas das 10h às 18h).
Salvo a visita ao teatro, todo o restante do itinerário é dedicado a conhecer o emaranhado de sítios arqueológicos e cisternas que existem 40 metros abaixo da atual “superfície” da cidade. Não se sabe ao certo se foram os gregos ou os romanos que deram início à construção dos aquedutos, mas o fato é que o espaço acabou tendo usos totalmente diferentes do que eles poderiam imaginar.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o espaço foi utilizado como abrigo anti-aéreo e hospital militar. Hoje, são feitas ali experiências de cultivo de plantas com iluminação artificial.
O tour tem duas horas de duração e, de modo geral, pode ser feito mesmo por quem sofre de claustrofobia: apesar de serem fechadas, as galerias são bem altas e espaçosas. Há um único trecho estreito, pelo qual os mais aventureiros podem passar de ladinho e com uma vela na mão, mas essa parte da experiência é totalmente opcional.
Eu encarei e, enquanto passava por aquele túnel apertado, conclui que o passeio é importante para entender o porquê da cidade ser como é: bagunçada e pouco planejada, mas também linda e cheia de mistérios a serem descobertos. Para mim, a Napoli Sotteranea é tão imperdível quanto as atrações ao ar livre do centro histórico.
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