Piacere, Itália!

Depois de passar um mês rodando a Toscana, Bárbara Ligero caiu de amores pela terra da bota e se matriculou em um curso de italiano. Atualmente, está aprendendo a gesticular com perfeição
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Guia prático para viajar de trem pela Itália

Os tipos de trens, quando vale a pena e quando não, onde comprar os bilhetes e como se localizar nas estações

Por Barbara Ligero
Atualizado em 9 mar 2018, 16h19 - Publicado em 19 out 2017, 19h39

Na minha última viagem para Itália, em julho de 2017, tive que me virar sem carro, o que rendeu bons aprendizados sobre se locomover de trem.

Dizem as más-línguas que “a Itália é o Brasil da Europa“. Me vi forçada a concordar em partes com essa afirmação no que diz respeito ao transporte público.

Talvez por puro azar, não peguei um único ônibus que tenha chegado no horário estipulado e cheguei a esperar 1h30 por um trem atrasado que me levaria de Florença a Arezzo.

Vale a pena viajar de trem?

De maneira geral, o país é bem conectado pela malha ferroviária, mas tudo vai depender do intuito da sua viagem.

O trem é uma opção interessante para quem vai conhecer as principais cidades da Itália de uma vez só. Ou seja, vencer as distâncias entre Milão e Roma ou Florença e Nápoles é mais vantajoso sobre trilhos.

Agora, se a sua intenção é conhecer de maneira aprofundada uma ou duas regiões, considere alugar um carro. Na Toscana, por exemplo, há muitas cidadezinhas charmosas que não possuem estações de trem, o que pode limitar a sua viagem.

Devo comprar com antecedência?

Máquina de comprar bilhetes da Trenitalia
Máquina para comprar bilhetes da Trenitalia (Trenitalia/Divulgação)
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Adquira antecipadamente pela internet apenas os bilhetes para viagens mais longas ou que coincidam com a alta temporada. Dessa forma, você não só garante o seu lugar como também pode encontrar tarifas mais em conta.

Já nas viagens regionais, não há necessidade de comprar com antecedência. Os preços quase não variam e os trens dificilmente ficam lotados, então você pode deixar para emitir o bilhete na hora.

Basta entrar na estação de trem e se dirigir para bilheteria (onde o atendimento provavelmente será em italiano ou em um inglês limitado) ou para as máquinas de venda (onde é possível escolher entre italiano, inglês e espanhol para navegar no menu bem instintivo).

Essas últimas aceitam dinheiro e cartão, mas fique atento com os chamados “borseggiatore”, que se oferecem para ajudar os turistas e se aproveitam da distração para furtar celulares e carteiras. Fui abordada algumas vezes e bastou dizer um “no!” bem ríspido para que eles se afastassem.

Que tipo de trem escolho?

Trem Ítalo
Trem de alta velocidade da Ítalo (Ítalo/Divulgação)
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A principal companhia é a estatal Trenitalia, que cobre praticamente a Itália inteira. Ela trabalha com três categorias de trens:

A outra única opção de empresa é a Ítalo, fundada em 2012 para acabar com o monopólio da Trenitalia. Esta possui apenas trens de alta velocidade que viajam entre as principais cidades italianas.

Dessa forma, para viagens pequenas sua única opção será sempre os Regionale. Para viagens maiores, escolha o Intercity se quiser economizar e tiver tempo de sobra. Agora, se velocidade for uma prioridade, compare os preços da Freccia e do Ítalo.

Minha experiência pessoal é de que a Ítalo costuma sair um pouco mais em conta. Senti diferença de preços ao pesquisar bilhetes com apenas três dias de antecedência (falha minha) entre Florença e Milão, por exemplo.

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Qual estação eu seleciono?

Estação Milano Centrale, Milão, Itália
A bonita estação Milano Centrale, conectada com o metrô (Gunnar Klack/Wikimedia Commons)

Antes de tudo, saiba o nome das cidades em italiano. Florença é Firenze, Milão é Milano, Veneza é Venezia, Nápoles é Napoli e por aí vai.

Dito isso, saiba que a maior parte das cidades possui mais de uma estação de trem, o que pode causar um pouco de confusão na hora de comprar os bilhetes. Para os turistas, costuma ser mais interessante descer na estação mais próxima do centro.

Algumas possuem “centrale” no nome, como é o caso de Milano Centrale, Bologna Centrale e Napoli Centrale. Outras não são tão instintivas: a de Florença é a Santa Maria Novella (geralmente indicada pela sigla SMN), a de Roma é Roma Termini e a de Veneza é Venezia Santa Luce.

Como é o embarque?

Painel de trens
(Il Fatto Quotidiano/Reprodução)
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Se já tiver comprado a passagem, chegue com 20 minutos de antecedência na estação. Com o seu bilhete em  mãos, procure o painel que tiver escrito “Partenze” para saber em qual “binario” (plataforma) você deve embarcar.

Mas atenção: não procure o seu trem pelo destino! Muitas vezes, o seu destino que estará impresso no seu bilhete não é o destino final do trem, que é o que aparece no painel. Para não fazer confusão, olhe pelo número do trem e pelo horário.

Se estiver viajando de Ítalo, Freccia ou Intercity, basta se dirigir a plataforma e, quando o trem chegar, entrar na “carozza” (vagão) que estiver indicado no seu bilhete. Nesses trens, os lugares são marcados.

O sistema é diferente nos Regionale. Esses bilhetes não tem número de trem, horário ou lugar marcado. Similares a uma passagem de ônibus, eles são válidos durante o dia selecionado. Basta você procurar no painel pelo próximo trem Regionale que passará no seu destino.

Máquina de validação da TrenitaliaAntes de embarcar, você precisa carimbá-lo em uma das maquininhas verdes que ficam espalhadas pela estação. É muito importante que você faça isso e guarde o papel até o final da viagem.

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A fiscalização entra nos trens distribuindo multas de até € 200 para quem não tiver carimbado o bilhete – eu mesma vi isso acontecer. Essa é uma forma de evitar que as pessoas fiquem usando a mesma passagem inúmeras vezes ou entrem sem pagar.

E as bagagens?

Malas
Viajar de trem com muitas malas pode não ser muito prático (InspiredImages/Pixabay)

Em nenhum caso é preciso registrar a bagagem, mas você terá que levá-la consigo no trem. A maioria das pessoas viaja com uma mala pequena e a coloca no compartimento acima da poltrona.

Mas também vi alguns turistas que deixaram suas malas grandes nas extremidades do vagões, onde há mais espaço livre, ou entre as próprias pernas. Não há uma regra – o importante é não atrapalhar a circulação dos demais passageiros.

Siga-me no Instagram: @barbara.ligero

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