Imagem Blog Comer & Beber em São Paulo Um prato feito com as novidades e os clássicos da gastronomia paulistana. Para quem está de passagem ou moradores de uma vida. É só se servir! Por Arnaldo Lorençato, crítico de restaurantes da VEJA SÃO PAULO.
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Casa Godinho: empório centenário é famoso por sua empadinha

Tombada como patrimônio cultural imaterial da cidade, a Casa Godinho é um pedaço preservado do passado glorioso da região central de São Paulo

Por Iracy Paulina / Edição: Arnaldo Lorençato
13 out 2023, 10h01

Entrar na Casa Godinho, no Centro de São Paulo, é como colocar um pezinho no passado. Um túnel do tempo se abre para um oásis de tranquilidade e uma época gloriosa dessa região central, bem longe do barulhento entorno atual. O local mantém o mesmo visual dos anos em que era um dos principais endereços paulistanos, onde famílias abastadas iam fazer compras de mercearia fina, incluindo produtos importados. 

Inaugurado em 1888, na Praça da Sé, pelo imigrante português José Maria Godinho, o empório mudou-se para o térreo do Edifício Sampaio Moreira (veja mais detalhes no BÔNUS) em 1924, onde permanece até hoje. 

O lugar mantém o mesmo piso de ladrilho hidráulico que traz a marcas do tempo – um charme extra – e as prateleiras de imbuia do século 19. Logo na entrada, grandes peças de bacalhau de primeira qualidade estão em exposição – produto pelo qual se notabilizou entre a clientela. 

Com mais alguns passos, o visitante se depara com as estrelas da vitrine. Nesse balcão envidraçado ficam as famosas empadinhas. Feitas com massa podre (aquela que desmancha na boca), guardam um segredo irresistível em seu interior. Os recheios (em torno de oito, dos tradicionais palmito e frango aos menos triviais, como bacalhau e camarão) são enriquecidos com molho bechamel, o que garante uma cremosidade única. Um salgado tão especial que mereceu o título de melhor da cidade conferido pelo guia COMER & BEBER 2012. 

Sensação do empório, as empadinhas levam molho bechamel no recheio
Sensação do empório, as empadinhas levam molho bechamel no recheio (Adriano Conter/Veja SP)

Para aqueles que não querem ficar só na empadinha, há opções de sanduíches com bons frios fatiados na hora. Uma sugestão é o especial de queijo Palmyra com tomate seco, que, além desses dois ingredientes, reúne na baguete provolone e requeijão. Ou a versão de pastrami, feita no pão francês, que pode ser acrescido de queijo provolone ou estepe. E há ainda a possibilidade de o cliente montar o sanduba de acordo com suas preferências. 

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Para arrematar, o balcão de doces está repleto de tentações como uma fatia de bolo mil-folhas (camadas de massa folhada intercaladas com creme de confeiteiro e chantili) ou torta banoffee (que reúne em taça massa de pão de ló, rodelas de banana, doce de leite, chantili e canela). 

Tudo isso ganha um sabor ainda mais especial nesse ambiente que remete às mercearias de secos e molhados de antigamente. Esse cenário, aliás, garantiu à Casa Godinho uma grande honraria. Em 2013, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) conferiu ao estabelecimento o título de “patrimônio cultural imaterial da cidade” por se tratar de um remanescente do comércio antigo paulistano. 

Rua Líbero Badaró, 340 – Centro – Site: www.casagodinho.com.br – (11) 3104-1520 / (11) 3105-1625 / (11) 98339-9581

BÔNUS 

Edifício Sampaio Moreira

Antes de entrar na Casa Godinho, vale admirar a fachada do Edifício Sampaio Moreira, onde a mercearia está instalada. Projetado pelo arquiteto Christiano Stockler, o prédio segue o estilo eclético com referências ao neoclássico e ao art nouveau. 

Sua fachada ainda chama atenção na paisagem atual, imagine então nos anos 1920, quando a capital paulista era marcada por edifícios de no máximo quatro pavimentos. Inaugurado em 1924, o Sampaio Moreira destoava do entorno com seus 12 andares. Por um tempo, reinou como o primeiro arranha-céu da cidade, até ser destronado pelo Edifício Martinelli, com 30 andares e obras concluídas em 1934. 

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O Sampaio Moreira era tomado por pequenas salas comerciais, destinadas a profissionais autônomos, como advogados, dentistas e arquitetos. Como está dentro da área do Vale do Anhangabaú, em 1992 o prédio foi tombado. Desapropriado pela prefeitura dezoito anos depois, passou a sediar a Secretaria Municipal de Cultura. E ao lado do Sampaio Moreira há outro ícone arquitetônico do Centro, o edifício Armando Lara Nogueira, que foi projetado em 1916 pelo escritório Ramos de Azevedo. O edifício recebeu a histórica exposição de Anita Malfatti, de 1917, e hoje abriga o Espaço Alto, que abriga exposições temporárias e pocket shows.

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