Pelourinho: passeios fundamentais para se fazer em um dia
Um dia inteiro e pleno pelo que há de imperdível na parte mais histórica e colorida de Salvador
Na hora de programar uma viagem a Salvador, poucos lugares merecem uma atenção tão especial quanto o Pelourinho. Seja pelos seus museus, igrejas, restaurantes, lojas… o coração do centro histórico da primeira capital brasileira merece um dia inteiro (e até mais) de dedicação completa.
Pensando nisso, montamos esse guia com o essencial do Pelourinho: um programa para ser feito entre 9h e 17h, com as atrações, restaurantes e comidinhas imperdíveis por lá. Aviso desde já: vai ter ladeiras de queimar a panturrilha, mas valerá a pena.
Comece o trajeto no Largo do Terreiro de Jesus. A praça, ao redor da qual estão alguns dos principais pontos do Pelourinho, servirá como ponto de partida e chegada do passeio.
O largo recebeu este nome por ter surgido aos pés do colégio jesuíta de Salvador, onde hoje está a Catedral Basílica de Salvador, uma enorme igreja cujo frontão esculpido em pedra de lioz se impõe sobre a praça. Vale a pena a visita ao interior da igreja: restaurada recentemente, sua nave está como nova e o dourado de seus altares barrocos a torna ainda mais deslumbrante.
Ao sair da catedral, pode-se ver ao redor da praça a Igreja de São Pedro dos Clérigos e a da Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão — mais simples que a catedral, mas, ainda sim, muito bonitas —, além de alguns bares e a Faculdade de Medicina da Bahia.
Só o fato desta ser a mais antiga faculdade de medicina do país já valeria a visita a sua sede – um palacete rosa, de arquitetura francesa, que destoa do conjunto colonial do resto da praça. Mas, para dar um empurrãozinho, vale lembrar que o Museu Afro-Brasileiro da UFBA também está sediado lá dentro e é imperdível! Lá fica exposta uma obra-prima de Carybé, “Mural dos Orixás”, que é composta por um conjunto de 27 painéis interligados entalhados em baixo e alto relevos, um assombro.
Do Terreiro de Jesus, no lado oposto à catedral, abre-se um largo menor, mais estreito do que longo, como um corredor, ao final do qual está uma igreja meio escondida. O acanhamento da fachada contrasta com a exuberância do interior da mais importante joia do barroco baiano.
A nave principal da Igreja e Convento de São Francisco carrega uma quantidade de ouro que deixa qualquer mortal de queixo caído. Não há um só lugar ali em que não reluza o dourado. E o detalhamento das imagens só reforçam o encantamento.
No claustro, 55 mil azulejos portugueses contam a história de São Francisco de Assis, cenas pagãs e epígrafes do poeta romano Horácio. A visita não é guiada, mas na entrada há uma série de guias independentes que oferecem o serviço. Se optar por eles, negocie o preço antes para evitar surpresas.
Saindo do convento, deve ser começo da tarde, o que, na Bahia, geralmente significa um sol pra cada um. A pedida? Sorvete. Em frente à Igreja de São Francisco, a Le Glacier Laporte tem sabores convencionais, mas a despeito de ser comandada por um francês, o monsieur Laporte, é famosa pelos seus sabores brasileiríssimos como cupuaçu, caraíba e umbu. As misturas da casa, como mel com gengibre, e coco com cachaça, também trazem um borogodó único para a parada.
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De volta ao Terreiro de Jesus, você já deve estar se perguntando: “Ué, mas me falaram que no Pelourinho só tem ladeira. Até agora nada?” Bom, chegou a hora do sobe e desce.
Basicamente, o Pelourinho tem três ruas paralelas principais que, além de ter dois nomes (Portas do Carmo/Alfredo de Brito, Maciel de Cima/João de Deus e Maciel de Baixo/Gregório de Matos), são autênticas ladeiras. Três pequenas ruas as cortam. A grosso modo, na primeira se concentram lojas de artesanato e, nas outras duas, museus e restaurantes.
Como já hora do almoço, comece pelos restaurantes. Se você quiser comer um self-service repleto de comida baiana, desça uma das três ruas até chegar ao restaurante do Senac. Lá também funciona o Museu da Gastronomia Baiana, uma opção interessante para quem quiser conhecer melhor a história dos pratos típicos do estado.
Por falar em prato típico, se apenas uma caprichada moqueca te satisfaça, se mande para o Axego, na Rua João de Deus; agora, se você quer um cardápio maisvariado, fique com o Cuco Bistrô, ao lado do Terreiro de Jesus.
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Satisfeita a fome, deixemos o período vespertino para museus, lojas e ateliês. Na Rua Maciel de Baixo, o Solar do Ferrão/Museu Abelardo Rodrigues é um dos mais emblemáticos do Pelourinho, apresentando quatro coleções: artes sacra, popular e africana, além de uma seção de instrumentos musicais.
Ao lado do Solar do Ferrão, fica o ateliê de Enock Silva, um dos pintores e escultores mais representativos de Salvador – suas obras abusam da estética figurativa. Na paralela Rua Maciel de Cima, Menelaw Sete expõe suas telas multicoloridas em um ateliê abarrotado de obras.
Ao final das duas ruas, o largo do Pelourinho abriga, em um gigantesco sobrado azul, a Fundação Casa de Jorge Amado, que, apesar de não estar realmente no endereço onde morou o mais consagrado autor baiano do século XX, conta com uma exposição permanente contando a história do escritor e de suas obras – sua casa, localizada no bairro do Rio Vermelho, virou um outro museu interessantíssimo com acervo e abordagem que vai mais a fundo na intimidade do casal Jorge e Zélia. Vale a visita.
Também azul é a imponente igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, ao lado do Museu-Restaurante do SENAC. Se ela não está em tão bom estado quanto a catedral e, muito menos, brilha tanto quanto a São Francisco de Assis, sua importância histórica a sustenta: o templo é o maior constituído por uma irmandade negra, no Pelourinho, e a ordem que a ergueu uma das únicas a acolher escravos durante o período colonial.
Agora, sabe aquela camiseta do Olodum tão vista pelo mundo afora? Que tal comprar uma original e ajudar a famosa companhia? Basta seguir para a Rua das Laranjeiras, onde um grupo mantém uma escola/loja.
De volta ao Terreiro de Jesus, a pedida é experimentar uma das cachaças aromatizadas do sempre lotado bar O Cravinho. Se vier acompanhada de uma porção de moela, a combinação fica perfeita.
Para fechar, aproveite uma das melhores vistas do pôr-do-sol na Baía de Todos os Santos a partir do terraço da Casa do Carnaval da Bahia. Se der tempo, aproveite para conhecer a exposição do museu, que conta a história do maior carnaval do mundo.