10 casas de escritores brasileiros abertas à visitação
Coloque no seu roteiro de viagem uma pitada de literatura e história
Poemas escritos nas paredes, a caneta usada para criar versos, a velha máquina de escrever, prêmios e mais prêmios. Esse são os ingredientes básicos encontrados nas antigas moradas de nossos mais renomados escritores. Geralmente, simplórias casinhas no centrinho das cidades. Com uma ou outra exceção, a visita a elas dura apenas poucos minutos.
Veja uma lista de casas pelo Brasil que já foram morada de grandes escritores nacionais (e que você pode visitar):
1. Casa de Cultura Mario Quintana – Porto Alegre
Mario Quintana nasceu em Alegrete, mas sua moradia mais famosa foi o quarto 217 do Hotel Majestic, onde viveu entre 1968 e 1980. Construção mais imponente de Porto Alegre da primeira metade do século 20, o então hotel foi construído com concreto armado, em dois blocos ligados por passarelas.
Com a chegada de hotéis mais modernos, o Majestic foi perdendo prestígio até cerrar suas portas. Adquirido pelo governo estadual e transformado em Patrimônio Histórico, o local recebeu o nome de seu hóspede mais famosos e virou um centro cultural.
O quarto do escritor foi deixado do jeito que era, para os visitantes vivenciarem o local onde Quintana escrevia suas poesias e fazia suas traduções. Faltam melhores explicações sobre a vida e obra do poeta.
No local ainda há, entre outros, um espaço dedicado a cantora Elis Regina, um museu de arte contemporânea, dois teatros e, no último andar, uma cafeteria com vista para o Rio Guaíba.
Onde fica: Rua dos Andradas, 736 (Centro)
Horário: de terça a sexta-feira, das 9h às 21h, sábado e domingo, das 12h às 21h
Preço: grátis
Telefone: 51/3221-7147
2. Oficina Cultural Casa Mário de Andrade – São Paulo
O sobrado em que Mário de Andrade morou em sua fase adulta, ao mesmo tempo em que recebia a trupe modernista para festas e saraus, também era o cantinho silencioso que o escritor encontrava para mandar ver nos belos versos e dar aulas de piano.
Apaixonado por São Paulo, nada mais natural que vivesse em um dos bairros mais tradicionais, a Barra Funda.
Transformado em oficina cultural, o local promove apresentações teatrais, saraus literários, contação de histórias e oficinas artísticas. Mas quem deseja conhecer um pouco mais sobre Mário de Andrade, conta com uma exposição permanente apresentando escritos, objetos pessoais e cartões-postais.
Onde fica: Rua Lopes Chaves, 546 (Barra Funda)
Horário: de terça-feira a sábado, das 10h às 18h
Preço: grátis
Telefone: 11/3666-5803
3. Museu Casa de Cora Coralina – Goiás
Eis uma casa inspiradora e produtiva. Diferente de outros endereços em que os escritores viveram apenas uma época de suas vidas, aqui, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, ou simplesmente Cora Coralina residiu do nascimento à morte.
Também chamada de Casa Velha da Ponte, foi nessa construção colada ao Rio Vermelho que Cora escreveu seus poemas. Entre um verso e outro ainda arrumava tempo para a atividade de doceira – Cora mandava muito bem nos doces de frutas cristalizadas.
Natural que a visita guiada comece pela cozinha, com todos os apetrechos para preparar os doces. A seguir, passa-se por todos os cômodos da casa, o quarto com as vestimentas, a sala com os livros, o jardim com a bica de água potável.
Em 2016, o museu deu uma modernizada e ficou mais interativo. Um poema multimídia, por exemplo, é exibido em uma parede acima de uma máquina de escrever.
Onde fica: Rua Dom Cândido, 20 (Centro)
Horário: de terça-feira a sábado, das 9h às 16h45, domingo, das 9h às 13h
Preço: R$ 6
Telefone: 62/3371-1990
4. Casa de Guimarães Rosa – Cordisburgo
É batata: quem visita Cordisburgo por causa da Gruta de Maquiné, sempre dá uma paradinha na casa do autor de Grande Sertão, Veredas. Afinal, a cidade tem basicamente essas duas atrações, facilmente conciliáveis.
Guimarães Rosa viveu até os nove anos de idade em uma modesta construção térrea, no Centro de Cordisburgo. O razoável acervo guarda trechos literários do escritor e suas obras, além de destacar as outras funções de Guimarães Rosa: médico e diplomata.
Durante à tarde, a visita fica mais enriquecedora. Entram em cena os Miguelins, guias adolescentes que nos apresentam o universo do Guimarães Rosa com riqueza de detalhes.
Onde fica: Avenida Padre João, 744 (Centro)
Horário: de terça-feira a domingo, das 9h às 17h
Preço: R$ 3
Telefone: 31/3715-1425
5. Casa de Carlos Drummond de Andrade – Itabira
Ao contrário do que ocorreu com outros escritores, a casa de nosso maior poeta não virou museu. Hoje, funciona como o Centro de Inclusão Cultural, onde são ministradas aulas de artes para os itabiranos.
O que não torna infrutífera sua visita à simpática Itabira. Ainda mais porque, em suas poesias, Drummond sempre mostrou seu afeto pela cidade natal e pelo belo solar do século 19 que viveu até os 16 anos de idade.
Sem contar que a visita à Itabira drummondiana é ao ar livre, percorrendo os locais citados em seus poemas – há 44 placas espalhadas pelas ruas, repleta de versos.
Onde fica: Praça do Centenário, 137 (Penha)
Telefone: 31/3835-3894
6. Casa de Cultura Jorge Amado – Ilhéus
Tão bem retratado pelas palavras de Jorge Amado, o importante Centro Histórico de Ilhéus acabou ganhando um aditivo extra. Quem visita a cidade quer percorrer as ruas que abrigam o Bar Vesúvio e o Bataclan, presentes no romance Gabriela Cravo e Canela e entrar no universo do escritor.
A poucos metros dali fica o palacete em que Jorge Amado passou parte da infância e juventude – foi lá que escreveu O País do Carnaval. Palacete que na verdade começou como uma casa modesta, mas João Amado, pai do escritor, ganhou o primeiro prêmio da loteria federal e pode fazer uma bem-sucedida ampliação.
Guias auxiliam na visita pelos cômodos da casa, onde estão expostas roupas, fotos, documentos
Onde fica: Rua Jorge Amado, 21 (Centro)
Horário: de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h, sábado, das 9h às 13h
Preço: R$ 5
Telefone: 73/3231-7531
7. A Casa do Rio Vermelho (Jorge Amado e Zélia Gattai) – Salvador
A casa nº 33 da Rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, deve ser colocada em qualquer roteiro daqueles “O essencial de Salvador”, junto com o Pelourinho, o Farol da Barra, a Igreja do Bonfim. Por quase 40 anos, a residência foi a morada do casal 20 da literatura brasileira, Jorge Amado e Zélia Gattai.
Retratada por Zélia Gattai em seu livro de memórias, A Casa do Rio Vermelho, ficou por anos fechada desde a morte da escritora. Em 2014, o público começou a ter acesso a bela residência de 2000 m², parte dela ocupada pelo jardim onde estão as cinzas do casal.
Os cômodos da casa foram adaptados para virar um fantástico memorial interativo, com várias instalações, como a que fala sobre as viagens do casal, com muitos vídeos e objetos e a Cozinha de Dona Flor, uma autêntica aula sobre a culinária baiana.
Dica: estacionar por lá não é nada fácil e a rua é um pouquinho íngreme. Vale a pena gastar bala em um táxi ou Uber.
Onde fica: Rua Alagoinhas, 33 (Rio Vermelho)
Horário: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h
Preço: R$ 20 (grátis às quartas-feiras)
Telefone: 71/3333-1919
8. Hotel Mar Brasil (Vinícius de Morais) – Salvador
Você deve estar se perguntando o que cazzo um hotel está fazendo nessa lista? Pois bem, ele ocupa a área da casa em que o poetinha Vinícius de Morais morou em Salvador na década de 70 e onde compôs a inesquecível Tarde em Itapuã. Você pode conhecê-la de duas formas. A primeira, claro, se hospedando. Apesar de ser um hotel executivo, há alguns quartos na parte histórica da casa, onde Vinícius vivia. Inclusive, você pode ficar na suíte do poetinha, desfrutando da rede em que ele escrevia poesias e compunha canções. Sem contar que só os hóspedes têm acesso à piscina em forma de bumbum e ao memorial onde estão expostos objetos e fotos da época.
A sala em que Vinícius e sua esposa Gessy Gesse recebiam seus convidados hoje virou um restaurante especializado na culinária mediterrânea. Uma opção saborosa para conhecer a casa.
Onde fica: Rua Flamengo, 44 (Itapuã)
Horário (restaurante): de segunda a sexta-feira das 18h até as 23h30, sábados das 12h ás 23h30, domingo das 12h às 22h
Telefone: (71) 3285-7339
9. Casa de Graciliano Ramos – Palmeira dos Índios
Ok, vamos admitir que visitar Palmeira dos Índios, a 140 km de Maceió, para conhecer apenas uma casa é um pouco demais. Mas pode ter certeza que os fãs de Fabiano e Sinhá Vitória se esforçarão para conhecer a humilde casa em que o escritor alagoano passou boa parte de sua vida – Graciliano foi, inclusive, prefeito da cidade.
Entre o acervo de fotos, manuscritos, objetos, chama atenção a carta escrita ao então presidente Getúlio Vargas, relatando os motivos políticos de sua prisão. Que acabaram culminando no livro Memória do Cárcere.
Onde fica: Rua José Pinto de Barros, 90 (Centro)
Horário: diariamente, das 9h às 17h
Preço: grátis
10. Casa de José de Alencar – Fortaleza
Foi num sitio na saída de Fortaleza, a caminho do litoral leste cearense que José de Alencar passou os primeiros anos de sua vida. Cercado de árvores e aves que certamente contribuíram para a presença da natureza em suas obras, como Iracema e O Guarani.
Antes ou depois de passar o dia no Beach Park, parar no sítio localizado na Avenida Washington Soares pode ser uma boa. Não há nada referente a José de Alencar, lá atualmente funciona um museu indígena e as ruínas de um engenho. Porém, dá para sentir a vibe das obras do escritor em meio a um tranquilo sítio em meio a área urbana de Fortaleza.
Em um anexo ao lado funciona um restaurante com bufê de comidas regionais.
Onde fica: Avenida Washington Soares, 6055 (Messejana)
Horário: de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, sábado, das 9h às 12h
Preço: grátis
Telefone: 85/3229-1898