Litoral norte de Alagoas: Ipioca, Barra de Santo Antônio, Milagres
Piscinas naturais, coqueirais e recifes são marcas desse trecho do litoral. São Miguel dos Milagres guarda algumas das praias mais espetaculares do Brasil
Continuando com a série de posts do litoral alagoano, iniciada aqui, falaremos agora do trecho norte da orla. Em tese, a distância percorrida entre o Centro de Maceió e a divisa com Pernambuco é quase a mesma do trecho sul – 144 km. Digo em tese, porque há um desvio para conhecer as imperdíveis praias de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras, que não são atravessadas pela AL-101.
Acordar cedo é fundamental para quem deseja curtir um dia intenso de praia – seja num bate-volta ou mesmo quem vai se hospedar em um dos destinos desse trecho do litoral: o trânsito na saída Maceió é meio chato, no início da estrada, fruto do forte crescimento da cidade por essas bandas. Repleta de casas de veraneio, Guaxuma, Garça Torta e Riacho Doce cumprem bem o papel de quem deseja pegar uma praia próximo de Maceió – inclusive, elas pertencem à capital alagoana.
A estátua de uma sereia em meio às piscinas naturais é o principal símbolo do Mirante da Sereia, uma praia bem abandonada. Entretanto, estacionando o carro ali e caminhando 30 minutos para o norte, chega-se na preservada Pratagi. Provavelmente, você só vai encontrar com os hóspedes de um resort localizado no meio da praia.
Mais a frente, a longa praia de Ipioca, toda protegida por corais, assume ares bem diferentes. Ao sul, é bem movimentada com muita gente disputando um lugar na areia. Mas se você procura por um lugar mais especial, siga mais alguns quilômetros da AL-101 até o condomínio Angra de Ipioca. Passe pela portaria e siga em direção à praia, em um trecho lindo, lindo e em que o movimento se resume aos frequentadores da Hibiscus, uma charmosa barraca de praia.
Paripueira marca o início de uma das maiores barreiras de corais do mundo a terminar apenas na pernambucana Porto de Galinhas. Sabe o que isso significa? Muitas piscinas naturais e passeios de barco até os recifes nessa parte do roteiro, como o organizado pelo restaurante Mar e Cia, com a presença de biólogos para explicar a formação. Quem fica na areia, pode curtir uma praia de águas rasas e mornas.
Próxima parada: Barra de Santo Antônio. As praias do município estão na Ilha da Croa, com acesso por uma ponte, mas para chegar nos melhores points é preciso sofrer um bocado. Uma esburacada estrada de terra em meio a um canavial leva a Carro Quebrado, a praia mais famosa da região, com impressionantes falésias. Caminhando uma hora, você chega na Pedra da Cebola e na Ponta da Gamela, com bem menos movimento e estrutura zero. A última parte desse trecho é a lindíssima Praia do Morro, em uma fazenda particular repleta de coqueiros e com uma capelinha erguida na época da invasão holandesa. Há uma estrada labiríntica para chegar lá (só vá com guias locais), mas há uma outra maneira de chegar que eu conto mais para frente.
A partir de Barra de Santo Antônio, a AL-101 dá uma guinada para o interior e só encontrará o mar bem para a frente, em Japaratinga, já próximo a Maragogi. Você pode seguir adiante por ela, mas em minha opinião perderá o melhor da festa: as praias de São Miguel dos Milagres e Porto de Pedras.
Logo após atravessar São Luís do Quitunde, entre à direita na estrada para Passo do Camaragibe e Barra do Camaragibe: são 25 km em uma via sinuosa e esburacada (acho que você irá me xingar) até o encontro com o mar em Barra do Camaragibe. Lembra daquela outra maneira de chegar à praia do Morro? Pois bem, alugue uma bike, atravesse a balsa sobre o Rio Camaragibe e pedale alguns minutos até encontrar a praia.
Chamada de Rota Ecológica, esse trecho de pouco mais de 20 km do litoral apresenta praias incríveis, que ainda não foram descobertas pelo turismo de massa – justamente porque a AL-101 passa longe daí. As pousadas apostam em casais, tanto que muitas não aceitam crianças e quase todas são caríssimas. Se você não se importar em ficar longe do mar, os preços ficam encaráveis. O cenário aqui é formado por faixas de areia branquinha, coqueiros a garantir a sombra, pouca gente e recifes de corais a metros da costa – a diversão é, na maré baixa, caminhar até um quilômetro até os recifes. Quem não quiser, pode pedir para um jangadeiro levar até as formações. Toque, Lage e Patacho são as praias mais encantadoras da Rota Ecológica, enquanto que Tatuamunha tem um passeio de barco para conhecer o peixe-boi marinho.
Uma balsa faz a ligação entre Porto de Pedras e Japaratinga. A característica das praias mostra algumas similaridades, com piscinas naturais e recifes de coral, aumentando a estrutura para receber famílias. Como já disse, a AL-101 encontra o mar no centrinho de Japaratinga, a 10 km de Maragogi, a cidade mais importante do litoral norte alagoano, repleta de não apenas pousadas, mas também hotéis e resorts.
Localizada a 6 km da costa, as Galés de Maragogi são o desejo de quase todos os visitantes da cidade. Catamarãs deixam o centrinho e em 20 minutos encostam nos recifes, onde a turistada se diverte com os snorkels. O exagerado número de visitantes tirou muito da vida marinha do local, então, se você procura por piscinas mais preservadas pode ir para Barra Grande e Peroba, ao norte, com um conjunto de recifes em melhor condição. Sem contar que são duas praias com águas tranquilas e estrutura a contento.