A imagem que muita gente tem de Zanzibar é a de um destino de lua de mel, onde hospedagem é sinônimo de resort. Sim, a ilha tem muito disso. Mas, ao contrário de lugares como Maldivas ou Seychelles, o paraíso tropical da Tanzânia tem lugar de sobra para quem viaja com pouco dinheiro (ou simplesmente não curte resort). Não à toa, é um dos hotspots na rota mochileira da África.
Minha temporada de duas semanas em Zanzibar transitou do pé sujo ao luxo – como bem diz a apresentação deste blog –, com escalas na zona intermediária. Do luxo (fugaz, snif…) eu vou falar no próximo post. Hoje é dia de invadir a praia de Mochila Pride.
A cidade de Stone Town é a parte da ilha onde a hospedagem boa e barata é mais palpável. A região de Shangani, que concentra quase tudo o que interessa, tem vários hotéis acessíveis. Acertei muito na mosca ao ficar no Al-Minar, pagando US$ 65 com café. O quarto era novinho, decorado com bom gosto e tinha um ar-condicionado perfeito. Aqui um toque: não há chances de sobreviver em Stone Town sem ar condicionado. Tudo era bem melhor do que as fotos do site indicam, o staff era angelical e a localização, imbatível, numa rua adjacente à pracinha onde fica o melhor hotel da cidade, o Serena.
Na faixa de preço da mochilagem, a média é US$ 35 por um quarto com banheiro numa guesthouse ou albergue básico, com ventilador. Um lugar bem falado é a Flamingo Guest House.
Na praia, a vida de quem viaja apertado fica mais difícil. Fiquei no lugar mais barato da praia de Matemwe, o Mohammed’s Bungalow, numa modestíssima vila de pescadores – US$ 40 por noite, com café da manhã. Acabou sendo uma das melhores partes da viagem. O quarto era absolutamente austero, com chuveiro frio e duas camas grandes com mosquiteiros e ventiladores potentes (acabou a luz todo santo dia por pelo menos algumas horas, e estive a ponto de chorar de calor nesses momentos… mas faz super parte de uma viagem pela África). O restaurantezinho era uma delícia e o staff, uma família local, incrível. A pousada fica na praia e tem espreguiçadeiras posicionadas numa sombrinha do jardim. As criancinhas da vila passam o dia empoleiradas na cerca, observando o que nós, seres branquelos, fazemos escarrapachados o dia todo. É divertidíssimo.
A praia oficial da mochilagem em Zanzibar é Nungwi que, por sorte, também é a mais bonita. Aliás, Nungwi é uma das mais lindass do mundo, apesar de ter a sua orla tomada por hotéis, e de haver perdido os ares selvagens que Matemwe ainda tem. O grande diferencial de Nungwi é ser a praia mais profunda da ilha, com fundo de areia, o que permite nadar mesmo quando a maré está baixíssima. Em quase todas as outras praias famosas de Zanzibar, a barreira de corais faz aumentar a presença de algas e ouriços, e a água praticamente some na hora da maré baixa (o que é um certo mico num lugar onde faz taaaaanto calor).
Como fiquei vários dias em Nungwi, fiz questão de escolher muito bem o lugar onde ficar e chequei praticamente todos os hotéis. Apesar de não ser perfeito (a cama fazia um nnheco nheco absurdo e o ar condicionado desligava sozinho de vem em quando), nada bate o Nungwi Inn na categoria básico. Os quartos se distribuem por bangalôs de frente pro mar numa das partes mais bonitas da praia. Do que mais eu haveria de precisar? Chorando um pouco, paguei US$ 65 por noite.
Minha segunda opção seria o Baraka Beach Bungalow, que custa mais ou menos o mesmo preço e tem um grande achado: o melhor restaurante da praia, que faz um excelente churrasco de peixes e frutos do mar por menos de US$ 10. Jantei lá TODOS os dias. O staff é imbatível.
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