1. Uma vez que as praias mais badaladas do México estão em Cancún e na Riviera Maya, estar lá no auge da temporada implica enfrentar o caos (como acontece na maioria dos lugares badalados do Brasil na época do Réveillon e nos principais feriados)?
Absolutamente não. E a palavra mágica é infraestrutura. As espetaculares autopistas, os hotéis, os estacionamentos, as atrações, os supermecados, os postos de combustível e a rede de caixas automáticos foram feitos para receber um número enorme de pessoas. Não peguei trânsito algum para chegar até Playa del Carmen no dia 28 de dezembro e nem para circular entre Cancún, Playa del Carmen e Tulum. Não sofri para estacionar o meu carro em nenhum momento. Não enfrentei nenhuma grande fila de caixa eletrônico. Não amarguei nenhuma espera de restaurante. Não acabou a luz. Não faltou água.
2. Toda essa infra não deixa o lugar meio “pasteurizado” demais?
Não se pode generalizar. Com exceção de Tulum e algumas outras praias mais desconhecidas, não espere ter a sensação de estar num paraíso perdido. Mas apesar de não ser perfeito (e goste ou não dele), o modelo de turismo na região foi desenvolvido com um planejamento razoável. Não há estradas grotescas passando rente às praias e a infraestrutura de abastecimento (supermercados, bancos, postos de combustível) ficam em urbanizações um poucos afastadas das áreas de lazer, onde estão os hotéis. Também há resorts isolados em trechos mais “desertos” entre uma praia e outra. É inegável: funciona.
3. Os preços ficam muito salgados no auge da alta temporada?
Como é natural, os preços aumentam nos principais períodos de férias de mexicanos e americanos. Os dias entre Natal e Réveillon (esticando um pouco até o primeiro fim de semana de janeiro) e a Semana Santa são as épocas mais críticas. Ainda assim, a variação de preço costuma ser entre 50% e 100%. Ou seja, nada comparado ao disparate que acontece nos lugares badalados do Brasil no Réveillon e no Carnaval, quando as tarifas se multiplicam N vezes. Paguei US$ 100 por dia por um studio (que aqui eles chamam de suite) com cama king size, cozinha completa, banheiro com água quente e ventilador a uma quadra da quinta avenida e a 5 minutos da areia em Playa del Carmen, o que considero bastante razoável.
4. Existe alguma pegadinha em relação aos preços de hospedagem?
Sim. A pegadinha se chama Tulum. A praia mais linda e bem preservada da Riviera Maya ainda conta com um número bem limitado de pousadas e hotéis. E se por um lado o charme de Tulum está justamente nesse ar meio Praia do Espelho (não há energia elétrica nos hotéis da praia!), por outro a pouca oferta faz com que os preços subam loucamente. Tulum tem disparado o pior custo/benefício da região em termos de hospedagem. Pelos mesmos US$ 100 que paguei pelo meu studio bacaninha na Playa del Carmen eu conseguiria um bangalô rústico de madeira e palha, com banheiro compartilhado sem água quente em Tulum. Deixei pra vir uns dias depois do Réveillon e, ainda assim, estou pagando US$ 100 por algo que, apesar de bacaninha, não valeria metade em outras praias mexicanas. Para os interessados, o bangalô de onde escrevo neste exato momento é o mais simples do resort La Vita e Bella.
5. Fica tudo muito cheio?
Milagrosamente, não. E isso porque os turistas se dividem entre uma quantidade absurda de atrações: a infraestrutura dos resorts e beach clubs, parques aquáticos, cenotes (piscinas naturais em meio à selva), quilômetros e quilômetros de praias, ilhas, passeios de barco, reservas naturais, parques temáticos, rios subterrâneos, cavernas, arrecifes de corais perfeitos para o mergulho… Algo para Walt Disney nenhum botar defeito. Acredite, até mesmo em Playa del Carmen é possível encontrar um lugar tranquilo ao sol.
6. É preciso reservar com muita antecedência?
Sim, um pouco. Deixei para reservar o meu studio em Playa del Carmen dois meses antes do Réveillon e tive a sensação de já ter chegado atrasada. Os hotéis bons e baratos, a essas alturas, já não tinham mais vaga.
7. Como são os preços de restaurantes?
A grosso modo, diria que uma refeição em um lugar bem básico (que em geral serve tacos, fajitas e etc) sai por US$ 5 por pessoa. Um jantar num restaurante bacaninha sai por cerca de US$ 20 por pessoa e por a partir de US$ 50 por pessoa estamos falando de lugares de luxo. Uma cerveja custa em média US$ 2, o mesmo de um refrigerante.
8. O período de dezembro a março corresponde ao inverno mexicano. Não faz frio?
Não chove muito nessa época e, durante o dia, costuma fazer bastante calor (entre 23 e 28 graus) quando está sol. As noites são fresquinhas, porém agradáveis (geralmente basta um casaquinho leve). Um dia ou outro pode fazer um pouco mais de frio durante a noite (algo em torno dos 15 graus). Mas nada grave.
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