Enrolados precariamente em sarongues, meu marido (Cássio) e eu adentramos o complexo dos templos hinduístas de Prambanan, na ilha de Java. O momento parecia propício: meio da tarde não muito quente, bem depois do horário de pico turístico.
Então eles chegaram: vários ônibus carregados de estudantes indonésios na flor da adolescência. Minutos depois, as principais atrações do local haviam deixado de ser os magníficos santuários do século 9.
Que seres brancos, loiros e altos chamem a atenção em países como a Indonésia é natural. Depois de dois meses de viagem, fotos das nossas pessoas (com nossos melhores sorrisos) devem estar no facebook de desconhecidos por todo o Sudeste Asiático. Mas a experiência ganha outra dimensão quando se está diante de centenas (não é modo de dizer) de jovens vindos da Indonésia profunda, que muito provavelmente jamais viram um estrangeiro. Se você um dia teve curiosidade em saber o que sente uma celebridade ao caminhar por um lugar público, eis a sua chance de ouro.
O frenesi em Prambanan, e também no Borobudur (o templo budista que é o principal cartão postal de Java, que visitamos no dia seguinte), é fruto de uma sacada genial dos professores javaneses: levar os alunos aos lugares turísticos para que eles pratiquem o inglês e coletem informações sobre outros lugares do mundo. Então, em meio a gritinhos de euforia, eles respiram fundo e puxam conversa com os alienígenas.
O encontro acaba sendo divertidíssimo, além de uma ótima oportunidade de aprender algumas palavrinhas nas incontáveis línguas indonésias e também tentar saber um pouco sobre a vida deles. Mesmo que, no caso do Borobudur, você tenha acordado às 4 e meia da manhã, ou que explicar porque ainda não tem filhos aos 36 anos (“coitada!”) não esteja entre as suas metas do dia.
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