Xochimilco tem mais ou menos o mesmo espírito de uma escola de samba carioca: é o lugar mais óbvio aonde um local pensa em levar um gringo, mas que o povo da cidade também curte e prestigia. Comigo foi exatamente assim: fui levada até lá por amigos mexicanos, mas vi muitíssimas famílias de chilangos aproveitando o domingão com tão ou mais entusiasmo.
O lugar está intimamente ligado à cultura mexica, que se desenvolveu na região antes da chegada dos espanhóis. O que hoje parece (e, de certa forma, é) uma malha de canais pontilhada de ilhotas, em realidade é um lago (o lago Xochimilco). Para desenvolver a agricultura nesta zona alagada, os mexicas acumulavam vegetação e lodo nas partes menos profundas e, sobre esses montinhos (chamados chinampas), cultivavam alimentos. As ilhotas cumprem a mesma função até hoje, principalmente para o plantio de flores, que são vendidas por vendedores flutuantes. Não é lindo?
O programa oficial é alugar uma trajinera (uma espécie de jangada colorida com capacidade para umas 15 ou 20 pessoas sentadas) com a turma e deslizar lentamente sobre as águas escuras dos canais. No caminho, aparecem vendedores encarregados de vender (muita) cerveja gelada e comidinhas profissionalssímas (esperava comer qualquer petisco mas terminei com um prato de tortilha de milho azul com carne cozida na hora!). Os onipresentes mariachis também aparecem sobre embarcações e se encarregam de animar aniversários e outras celebrações. Dependendo da quantidade de tequila presente em cada barco (e os mexicanos não costumam brincar em serviço), o lugar tem potencial para se transformar em uma verdadeira festa.
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Os embarcadeiros ficam no extremo sul da cidade e a parada de metrô mais próxima é Tasqueña.