O que sabemos sobre o Lago de Como? Que ele fica a menos de uma hora de Milão, ao norte da Itália, e que é para onde George Clooney e mais uma patota de jetsetters foge quando não quer ver e muito menos ser visto. Diante disso, nós, mortais, temos a tendência de concluir que destinos assim não são para o nosso bico.
No entanto, salvo raras exceções, os lugares que ganham fama por seus hotéis de luxo e habitués hollywoodianos também costumam ser povoados por pessoas de carne e osso, que fazem compras em supermercados, almoçam aos domingos com a família e se locomovem com o transporte público. Seguindo os passos desses terráqueos, é possível se virar sem gastar uma fortuna.
Há quem vá ao Lago de Como exatamente para mergulhar nessa atmosfera de glamour. Mas a grande atração é, sem dúvida, obra da mãe natureza: e você não paga nada para contemplar. A paisagem é linda de morrer (e mais impactante ao vivo do que em qualquer foto que você tenha visto). Forjado pela ação glacial há milhares de anos, em forma de Y invertido, o terceiro maior lago da Itália se derrama aos pés dos Alpes, cujos picos nevados se refletem na água, emoldurando cidadezinhas decoradas com jardins pontilhados de ciprestes.
A mais lindinha delas é, sem dúvidas, Varenna, onde sugiro que você se hospede. Veja como não é tão impossível assim. No hotel Beretta, com vistas para o lago, a diária de casal custa €75. Na mesma faixa de preço, você pode optar pelo B&B Il Bolentino ou pelo B&B della Contrada. Lembrando que diárias de menos de três dígitos são um achado até mesmo em destinos menos hypados da Europa.
Fazendo algumas conexões (da estação central Milão até Lecco e, de lá, até Fiumelatte), dá para chegar de trem em Varenna. E a boa notícia é que linhas de ferry unem a cidadezinha aos outros vilarejos mais bonitos da região – Bellagio e Menaggio. Cada um em sua margem, o trio fica bem no ponto em que os três braços aquáticos (lembre-se, ele tem forma de Y) do lago convergem.
Os barcos públicos, que a maioria dos locais utiliza ao invés de carro (veja os horários aqui) cruzam o lago em ziguezague. As passagens são baratas. Para ir de Varenna a Bellagio, por exemplo, você paga € 4,60. E ainda pode comprar o bilhete que permite livre circulação durante um dia, por € 15. Para seis dias, o preço é de €45. Basta ficar por dentro dos horários de sair navegando.
De quebra, os traslados de barco são ótimas oportunidades para contemplar a grandeza da paisagem e respirar o ar fresco que desce dos Alpes.
Fazendo isso, você leva uma grande vantagem com relação a quem alugou carro. Isso porque as estradinhas que dão a volta no Lago de Como são estreias e atravessam um sem fim de cidadezinhas. Mesmo sem ter muito movimento (o que definitivamente muda de figura no verão), acaba ficando congestionada pela quantidade de semáforos e trechos em que praticamente só passa um carro por vez.
Você também não vai passar fome. Uma vez na Itália, sempre haverá um lugarzinho para comer pizza al taglio (pizza aos pedaços) ou uma boa piadinha por menos de €5. SEMPRE. Até no minúsculo vilarejo onde me hospedei, Torno, havia essas opções. Aliás, foi lá que topei com o delicioso Ristorante Vapore, lotado de locais, onde uma belíssima refeição pode sair por €25 por cabeça.
Em Varenna, meu grande achado nesse sentido foi o restaurante do Hotel du Lac. Escondidinho, ele tem um esplêndido terraço sobre o lago, e uma comida honestíssima a bom preço (€25 por cabeça).
Quando ir: O lago de Como é lindo de abril a outubro. Evite o inverno, quando muitos hotéis e restaurantes fecha e a umidade acaba cobrindo o lago com uma eterna neblina.
Siga @drsetti no Instagram e no Twitter