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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Barcelona de volta ao confinamento, pero no mucho

O aumento de casos de coronavírus "cancela" o verão na cidade mais vibrante da Espanha, mas o governo não anunciou oficialmente um novo lockdown

Por Adriana Setti
Atualizado em 21 jul 2020, 16h38 - Publicado em 21 jul 2020, 13h35

Todos sabíamos que isso poderia acontecer. Só que nem os especialistas mais pessimistas previram que seria tão rápido. Menos de um mês após a revogação do estado de emergência na Espanha, que colocou fim em mais de três meses de confinamento, Barcelona está de quarentena novamente. Os números são confusos (cifras divulgadas pelo governo regional divergem das anunciadas pelo Ministério da Saúde), mas o fato é que novos focos de contágio estão surgindo em toda a Espanha e a Catalunha é a região mais afetada, a começar por sua capital e área metropolitana.

Pelo menos por enquanto, não estamos em lockdown, como nos meses de março ou abril, quando a Espanha praticamente parou. Mas, desde o fim de semana passado, o governo da Catalunha recomendou (o que é bem diferente de impor) que as pessoas só saiam de casa para fazer o que for essencial. Não há multas para quem fura a “quarentena” e tampouco existe uma proibição de viajar, já que só o governo central da Espanha pode tomar essas medidas mais radicais, decretando o estado de alarme.

Em termos práticos, é como se estivéssemos voltado três casas no processo de “desconfinamento” pelo qual a Espanha passou, tendo que seguir as normas da fase 2 da abertura, só que sem a obrigatoriedade, por lei, de fazer isso. A ocupação máxima dos restaurantes foi reduzida novamente; lojas só devem atender com hora marcada e bares e discotecas estão fechados outra vez, assim como academias e espaços culturais que não sejam ao ar livre. Já as praias da cidade, continuam abertas, mas com limite máximo de 30 mil pessoas (8 mil a menos que a semana passada).

As medidas, teoricamente, estarão em vigor até 31 de julho. Mas nós, calejados de confinamento, já sabemos que pode ser apenas o (re)começo. Por via das dúvidas, os poucos turistas que pretendiam se aventurar pela cidade neste verão já estão dando meia volta, mesmo com boa parte das atrações abertas, como é o caso da Sagrada Família e do Park Güell. Suspiro.

A notícia pegou todo mundo de surpresa e o clima por aqui é um mix de desânimo, revolta e confusão. Desânimo, porque o tapa na cara de realidade acontece precocemente (as previsões é de que teríamos uma nova onda só no outono) e justamente no auge do verão, quando os termômetros em Barcelona passam dos 30 graus e ficar em casa pode ser uma tortura para quem vive em apartamentos pequenos e abafados (uma grande parte da população). Revolta, porque as medidas vêm sendo tachadas de contraditórias, já que não há indícios de que alguém tenha sido contagiado em academias, cinemas e teatros, lugares onde os novos protocolos de prevenção estão sendo seguidos rigidamente – segundo o governo, a transmissão tem acontecido majoritariamente nas festinhas com aglomeração em espaços fechados, entre o público jovem. E, confusão, porque as regras não estão claras.

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O resultado disso é um confinamento meia-boca, com planos de viagem mantidos e praias cheias – em grande parte de pessoas conscienciosas, que passaram meses confinadas e estão apenas em busca de um lugar ao sol para o bem da sua saúde mental. Em meio a esse novo aumento da curva (principalmente a de angústia), e de tantas dúvidas, nos sentimos como um surfista que acabou de tomar um caldo, levantou a cabeça para respirar e, quase sem fôlego, foi atropelado pela segunda onda.

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