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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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África do Sul: segurança, mulheres sozinhas e outras questões

A preocupação número um de quem planeja uma viagem para a África do Sul é a questão da segurança. Afinal de contas, as estatísticas relativas à criminalidade no país são de arrepiar. Para mulheres, o pé fica ainda mais atrás, já que os índices de violência sexual estão entre os mais altos do mundo. Diante de tudo […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h10 - Publicado em 17 fev 2016, 15h42

A preocupação número um de quem planeja uma viagem para a África do Sul é a questão da segurança. Afinal de contas, as estatísticas relativas à criminalidade no país são de arrepiar. Para mulheres, o pé fica ainda mais atrás, já que os índices de violência sexual estão entre os mais altos do mundo. Diante de tudo isso, você diria: por que vou me meter nesse inferno? Pode ser difícil de entender, e até de acreditar.

Mas, contrariando todos os prognósticos, a África do Sul é um país seguro para viajar, inclusive para mulheres. Os crimes contra turistas são raros e, na maioria das vezes, limitam-se a furtos. Na prática, viajar pelo país é bem mais tranquilo do que viajar pelo Brasil.

Para entender esta contradição é preciso conhecer um pouco da história sul-africana. Durante o sombrio regime do apartheid, que vigorou até o começo dos anos 1990, os negros e mulatos foram simplesmente arrancados dos centros urbanos e instalados em townships nas periferias das cidades. Townships não são exatamente favelas, mas sim conjuntos habitacionais planejados, com casinhas minúsculas e espartanas (ao redor das quais pode haver uma favela propriamente dita instalada posteriormente).

Em pouco mais de 20 anos de democracia, a população não branca da África do Sul melhorou de vida, nasceu uma numerosa classe média, e boa parte das townships se tornaram um pouco mais dignas. Ainda assim, há um abismo social imenso entre ricos e pobres. E, de certa forma, também continua a haver um abismo geográfico claríssimo: a pobreza está concentrada nas townships (que seguem nos mesmos lugares, afastadas dos centros urbanos) e, junto com ela, a violência decorrente da educação precária, do desemprego, da falta de perspectiva etc.

Tudo isso para dizer que 99% dos turistas não passarão nem perto das zonas mais pobres e conflitivas das cidades sul-africanas (a exceção seria o passeio no Soweto, em Johannesburgo, que vale muitíssimo a pena). Na Cidade do Cabo, por exemplo, a township mais “próxima” das praias de Clifton fica a pelo menos vinte quilômetros de distância.

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De maneira geral, apesar do distanciamento das zonas de perigo, os centros das cidades grandes do país (Cidade do Cabo, Durban e Johanesburgo) ainda requerem cautela – assim como em qualquer metrópole que não esteja na Europa, na Oceania ou no Canadá. Mas, nos lugares que interessam aos turistas, a sensação de insegurança é praticamente inexistente.

A África do sul é perigosa para mulheres?

A mesma regra dos demais tipos de violência valem para a questão dos ataques sexuais. Os casos se concentram nas áreas conflitivas, que invariavelmente são as imediações das grandes townships. De maneira geral, viajar sozinha pela África do Sul é bem mais tranquilo do que pela América do Sul. Isso porque o comportamento dos sul-africanos, na maioria das vezes, é o de “cada um na sua” (herança da colonização holandesa e britânica?).

Cantadas invasivas pelas ruas, excesso de galanteio e coisas do tipo não são a regra. Viajando sozinha, eu tomaria as precauções que manda o bom senso (não circular sozinha à noite, não tomar todas, se vestir com certa discrição etc) e também evitaria viajar de carro. Afinal de contas, um pneu sempre pode furar no lugar errado… De resto, dou o maior apoio.

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