A delícia de degustar vinhos (grátis!) na Austrália
A milhares de quilômetros do peso da tradição da Europa, os australianos são livres para fazer vinhos como bem entendem. Não há selos de denominações de origem que ditem regras rígidas. Numa mesma região, são utilizadas uvas de N procedências e cada vinícola pode pirar em suas invenções. Rolha é coisa do passado, o negócio aqui é tampinha de metal. O resultado é um panorama muito mais criativo que o da Europa que, apesar de ter seus altos e baixos, também gera vinhos muito bons e surpreendentes.
O jeito como os australianos tratam o vinho combina com essa liberdade. “Nós somos super sérios quando o assunto é fazer vinho, mas só até o momento em que ele chega na garrafa, a partir daí tudo é diversão”, diz a frase na sala de degustação da vinícola D’Arenberg, em McLaren Vale. O espírito é exatamente este. Ao invés de colocar a bebida num pedestal e cercá-la de pompas excessivas, as vinícolas vendem seus produtos direto ao público em cellar doors (lojas com espaço de degustação) low profile onde o ambiente é informalíssimo e alegre. Onde mais você poderia encontrar uma vinícola como a Hither & Yon, de McLaren Vale, decorada com móveis de brechó e equipada até com fliperama? E veja só a foto abaixo (parte da decoração): “Nós não conhecemos esse cara, e ele não contribuiu em nada com esse lugar”. Hahahah. Senso de humor é tudo nessa vida australiana.
O jeito como as degustações de vinho funcionam varia muito de país para país, de região para região. Na Espanha e na França, algumas vinícolas cobram por um tour explicativo e oferecem uma degustação rapidinha no final. Outras oferecem degustação grátis – mas fica aquele climão se você não comprar nada. Na África do Sul, é preto no branco: você paga uma pequena taxa e degusta uma farta lista de vinhos, sem miséria.
Aqui na Austrália, visitei a off the beaten track Coonawarra (a terra do cabernet sauvignon no país do sirah) e o bombado Mc Laren Vale, ambas regiões no sul do país, nos arredores de Adelaide. O esquema da degustação parecia uma visita à casa de um amigo. Não é hábito visitar o sistema de produção das vinícolas. Em compensação, nas cellar doors, os atendentes têm paciência e disposição ilimitada para oferecer explicações – e amostras dos vinhos, claro. Se você comprar, ótimo. Se não, ótimo também. A coisa vai mais pelo feeling. Se a conversa engrena, e o vendedor sente que você se interessa pelo tema e realmente gosta da coisa, a degustação vai ficando mais e mais interessante. Em algumas vinícolas, cheguei a provar uns oito vinhos!
Aqui vão as vinícolas que mais gostei, pelo astral, pela paisagem e pelos vinhos:
Em Coonawarra:
Em Mc Laren Vale:
Chapel Hill (a mais bonita de todas)
Siga @drisetti no Twitter e no Instagram