Existe algo de mágico no verão dos países que vivem invernos rigorosos. Quando as temperaturas sobem, as pessoas vivem intensamente os dias mais longos do ano, exalando uma energia que se nota em cada palmo de chão ao ar livre onde possa bater um raio de sol. É assim em Zurique, a maior urbe da Suíça.
De junho a setembro, as margens do rio Limmat e do lago que dá nome à cidade fazem as vezes da praia que o país não tem – e nem precisaria. Limpas e frescas, as artérias aquáticas da cidade são perfeitas para velejar, remar de stand up paddle (paixão nacional), pilotar um caiaque e – pasme – até nadar, em pleno centro.
Ávidos por vitamina D, os moradores da cidade dos bancos e das seguradoras, mas que inventou o louquíssimo movimento dadaísta, também lotam seus biergartens (“jardins de cerveja”), cafés e restaurantes ao ar livre, prestigiando uma série de eventos especiais que celebram a estação mais quente. A seguir, um roteiro completo pra mergulhar no verão de Zurique, repleto de programas ao ar livre:
DIA 1
9h – Todos os caminhos levam ao lago
Convertidas em um grande parque (Quaianlagen) no século 19, as margens do Lago de Zurique fervem nas manhãs de verão, com gente correndo, passeando com o cachorro ou tomando uma brisa. O trecho mais bonito e animado é o que vai da Ópera até o Jardim Chinês. No caminho, faça um pequeno desvio para visitar o Pavilhão Le Corbusier, edifício em forma de cubo mágico estilizado que abriga o museu dedicado ao mais famoso dos arquitetos suíços. Enquanto passeia, você cruzará com famílias de propaganda de margarina fazendo piquenique, mansões da aristocracia local, árvores seculares e jardins impecáveis como só a Suíça sabe fazer.
11h – Mergulho no lago
Depois da caminhada, um refresco. Para quem mora no Brasil, nadar em um lago em pleno centro da maior cidade do país parece impensável. Mas, limpinho e abastecido com água que escorre dos glaciares alpinos, o Lago de Zurique é um playground para os esportes náuticos – rica que só ela, a cidade tem tantos barcos que a fila para conseguir comprar um lugar de atraque pode levar três gerações. Para cair na água, o melhor é usar um dos banhos públicos, que são simpáticas estruturas de madeira equipadas com vestiários, bar e deck para lagartear ao sol. Esses banhos também costumam ter uma “piscina” (pedacinho de lago emoldurado por um deck). Um dos mais tradicionais é o Seebad Utoquai, 10 minutos andando do Pavilhão Le Corbusier.
12h – Nesse calor você merece uma cerveja
Ocupando uma ilhota quase no ponto em que o rio Limmat deságua no lago, o Bauschänzli é uma delícia de biergarten, com vistas altamente instagramáveis da Cidade Velha. Serve hambúrgueres sarados, receitas típicas suíças, pizzas etc. Nos fins de semana, é melhor reservar mesa pelo site.
14h – Rolê pela Cidade Velha
Perder-se pelo Altstadt, a Cidade Velha de Zurique, é um programaço pra fazer sem pressa, lambendo vitrines, descobrindo pracinhas escondidas e ticando da lista algumas das atrações mais famosas da cidade, como o museu de belas artes Kunsthaus, o mosteiro Grossmünster, a igreja de Fraumünster, com seus vitrais por Augusto Giacometti e Marc Chagall, e a St. Peterskirche, cuja torre ostenta o maior relógio da Europa (grande motivo de orgulho nacional na terra da Rolex, da Cartier, da TAG Heuer…).
16h – Um oásis na metrópole
Para ver Zurique de cima, suba até a Spielplatz Lindenhof, um oásis verde a poucos passos da Bahnhofstrasse, a rua comercial mais famosa da cidade, de fazer o cartão de crédito soltar faísca. Com uma vibe tranquila, jardins impecáveis e um tabuleiro de xadrez gigante, o lugar é uma delícia para um piquenique, para tomar sol ou simplesmente contemplar. Na hora do almoço, é onde muita gente que trabalha no centro leva a sua marmitinha para comer ao ar livre.
18h – Aperitivo e jantar à beira do lago
Inaugurado pouco antes da pandemia, o Alex é um espetáculo de hotel boutique em Thalwil, a meia hora do centro de Zurique. O restaurante, aberto ao público, tem paredes de vidro, atmosfera informal e mesas no jardim, praticamente sobre as águas do lago. O cardápio é focado na cozinha mediterrânea com influências ecléticas. Adorei o ceviche de truta com maracujá, quinoa, toranja e milho – um prato leve e colorido. O jeito mais gostoso de chegar até lá é reservando um transfer com o barco do próprio restaurante, que parte do píer do hotel Storchen – tome um drink no lindo rooftop antes de embarcar! Navegando até o Alex, aproveite a luz de fim de tarde para observar as montanhas dos arredores e ver a cidade de outra perspectiva. Depois, volte para Zurique de trem.
21h – Fervo no banho
Um dos banhos públicos mais tradicionais de Zurique, o Frauenbadi, só pra mulheres, se transforma em um bar animadíssimo nas noites de verão – para todes. O Barfussbar, totalmente ao ar livre, tem programação de Djs e outros eventos.
DIA 2
9h – No fluxo do rio
Colocar a roupa dentro de um dry bag (todo morador de Zurique tem esse tipo de bolsa impermeável), pular no rio e flutuar até láááá na frente. Ou, então, descolar um bote e deixar fluir com os amigos. Nos dias quentes, a água cristalina do rio Limmat fica colorida de boias e afins. Quem fica em terra firme pode tomar sol nas várias plataformas posicionadas ao longo do rio, na região de Zurich West, que mais parece uma filial de Berlim dentro da engomadinha Suíça, com seus skate parks, paredes grafitadas e bares alternativos.
12h – Café no Stazione Paradiso
Pare para tomar um café ou um drink no Stazione Paradiso, um bar com jeitão alternativo com mesas espalhadas por um jardim, ao lado de uma pista de skate. Também é uma boa pedida para uma noite de verão.
13h – Arquitetura Toblerone
Deu fome? Um lugar bacana para comer alguma coisa leve é no café Nude, dentro de uma escola de dança que chama a atenção por sua “arquitetura Toblerone”, com vários triângulos de concreto compondo a fachada. Sente-se em uma das mesinhas encaixadas na mureta, bem pertinho do rio, e curta o vaivém de boias e nadadores dentro da água.
16h – Embaixo da ponte
Deixe para tomar a sobremesa no Im Viadukt. Numa sacada genial, um lindo viaduto de tijolos em Zurich West teve os seus arcos ocupados por lojinhas de design, restaurantes, sorveteria e até um mercado gourmet, perfeito para garimpar delícias locais. São 500 metros de “criatividade, design e prazer”, bem perto de uma pracinha linda onde você pode fazer um piquenique com os quitutes recém adquiridos.
17h – Surf Urbano
Quem disse que a Suíça não tem onda? No Urban Surf, uma espécie de piscina com correnteza gera uma onda eterna, onde os surfistas sem mar praticam suas manobras. Quem não se arrisca pode ficar no bar, em forma de arquibancada, e curtir os tombos alheios enquanto toma um aperitivo.
19h – Jantar ao ar livre
Vizinho ao Urban Surf, o Frau Gerolds Garten é um dos lugares mais badalados para jantar nos dias quentes. Hipster até o último fio de barba, ocupa um grande jardim colorido com bandeirinhas, com várias barraquinhas que vendem hambúrgueres, peixe frito, receitinhas veganas, vinhos, drinks, sorvetes e outras gostosuras.
21h – Drink nas alturas
Com uma das melhores vistas do lago, o terraço do La Muña é o lugar perfeito pra um drink no verão. Fica no rooftop do hotel La Réserve, cujo interior foi projetado pelo onipresente arquiteto francês Philippe Starck.
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