Com todo respeito por Barcelona, a meca gastronômica número 1 da Espanha é San Sebastián, no País Basco. Com 160 mil habitantes, a cidade consegue a façanha de ter três restaurantes com a cotação máxima no guia Michelin — enquanto o Brasil inteiro não tem nenhum. Além de ser o QG de alguns do melhores cozinheiros do planeta, como Arzak e Martín Berasategui, Donostia (seu nome em basco) também é o mundo encantado da alta cozinha em miniatura. A atração número 1 da cidade – suas belíssimas praias que me desculpem – é a rota de bares de pintxos, a tapa em estilo basco, feita de alguma guloseima acompanhada de um pedacinho de pão. Para se dar bem nesse playground da gula, eis algumas coisas que você deve saber:
1. Não é barato. Nos bons bares, um pintxo simples custa cerca de € 2 e os mais incrementados chegam a sair por € 4,50. Levando em consideração que é fácil comer mais de dez num piscar de olhos, e acrescentando a bebida (cerca de € 2 por uma taça de vinho ou similar), a brincadeira pode sair mais de € 40 por cabeça sem muito esforço.
2. Há dois tipos de pintxos, os frios, que ficam expostos no balcão, e os quentes, em geral listados no quadro negro e que são preparados na hora. O donostiarra da gema raramente avançará sobre os que estão no balcão, que costumam ser mais tosquinhos e vão perdendo o frescor ao longo do dia. O melhor é, disparado, pedir os quentes, mesmo que sejam mais caros.
3. Cada bar de Donostia tem a sua especialidade, o seu pintxo estrela – e há competições acirradíssimas para eleger o melhor do ano. O ideal, portanto, é sempre perguntar pelo especial da casa e apostar por ele.
4. Para acompanhar, a bebida mais típica é o txacoli, um vinho branco levemente frisante feito da uva homônima, servido de uma altura de aproximadamente um metro. Txacoli “sobe” que é uma beleza.
5. Grande parte dos bares se concentram no Centro Histórico. Mas há belíssimos exemplares fora da rota mais batida, entre eles dois dos meus favoritos: o Okendo e o Rojo y Negro.
6. Nem todo bar de pintxo é uma maravilha. Sobretudo no Centro Histórico, há várias pegadinhas onde é possível conseguir a façanha de comer mal em San Sebastián. Neste fim de semana, acabei testando alguns bares que não conhecia sem ter muita referência e caí no caro e micadíssimo Mesón Portaletas (não se deixe enganar pelo visual incrementadinho e pelo delicioso cheiro de brasa). Uma grande porcaria!
7. Uma coisa que reparei nessa última ida a San Sebastián foi na aparição de uma leva de bares mais moderninhos e meia boca (como o tal do item acima). Na minha modestíssima opinião, os melhores continuam sendo os bem roots e “de toda la vida”, como o honestíssimo Gandarias, o bom e barato por excelência, que recomendo com a mão no fogo.
8. O meu bar favorito de alta cozinha em miniatura é um lugar para entrar ajoelhado e sair chorando de emoção: La Cuchara de San Telmo. Segredo que só conto aos amigos: para driblar a multidão, entre pela portinha dos fundos e você já sairá na frente do balcão.
9. Outra lenda que segue em plena forma, como acabei de constatar, é o diminuto e feinho Goiz-Argi, um especialista em frutos do mar. A brocheta de camarão é simplesmente um delírio.
10. Vale no mundo todo e em San Sebastián também caso você resolva improvisar: se um bar estiver vazio, desconfie. Se estiver lotado de velhinhos donostiarras, vai com fé. Se algum local o indicar com brilho nos olhos, não perca.
Clique aqui para ler mais sobre os lendários pintxos de San Sebastián e sobre como funcionam os bares.
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