Poucas cidades no mundo podem se gabar de ter a tão manjada expressão “energia única”, e Salvador certamente é uma delas. Meio século depois da chegada dos portugueses, em 1549, a cidade foi declarada a primeira capital do Brasil e hoje carrega como herança a riqueza e as difíceis contradições que o encontro entre colonizador e colonizado são capazes de produzir.
Igrejas cobertas de ouro, sobrados coloniais, o candomblé, o dendê, o leite de coco, a pimenta malagueta, o sincretismo, os atabaques, a população majoritariamente negra, as contradições sociais, está tudo lá.
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Na última década, a cidade ganhou motivos para recobrar a autoestima. Em 2014, foram inaugurados o metrô e o museu A Casa do Rio Vermelho, antiga residência de Jorge Amado e Zélia Gattai.
Dali até 2018, houve a abertura do museu Casa do Carnaval e a conclusão de importantes restauros: a das igrejas do Terreiro de Jesus (entre elas a Catedral Basílica) e a da Igreja do Santíssimo Sacramento da Rua do Passo, famosa por sua escadaria.
No quesito hotelaria de luxo, apesar do fechamento do Convento do Carmo na pandemia (mas que deve ser reaberto sob outra bandeira), dois endereços quase grudados honram a lista: o Fasano, com a assinatura de Isay Weinfeld, e o Fera Palace, uma preciosidade do art déco restaurado com esmero.
E se a capital baiana for apenas um trampolim para uma viagem mais longa à Praia do Forte ou Morro de São Paulo, (não deixe de conferir os guias nos links), reconsidere ficar uns dias porque a cidade tem muitas novidades.
Veja nessa matéria:
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Melhor época para visitar Salvador
Na capital baiana faz calor o ano inteiro, mas entre os meses de abril e junho a chuva cai e pode trazer transtornos no trânsito e nos passeios. No Carnaval, a cidade lota: é prudente reservar a hospedagem com alguns meses de antecedência – e turistar nessa época é o menos indicado.
Outra atração muito popular são as Festas de Largo – o nome vem do costume de as praças serem o ponto de encontro em dias de santos e orixás. Na manhã seguinte à virada do ano, a procissão marítima de Bom Jesus dos Navegantes abre os festejos.
A famosa Lavagem do Bonfim ocorre na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis (6 de janeiro) e reúne os seguidores do catolicismo, da umbanda e do candomblé, que partem da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e caminham 8 km até a Igreja Senhor do Bonfim.
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Em 2 de fevereiro há a Festa de Iemanjá, que lota a Praia do Rio Vermelho de fiéis com presentes para a Rainha do Mar.
Em 4 de dezembro, Santa Bárbara (Iansã, no candomblé) é reverenciada na praça em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos – fiéis vestidos de branco e vermelho saúdam a orixá e dançam ao som de grupos locais.
No dia 8 é a vez de Nossa Senhora da Conceição da Praia ser festejada na escadaria de sua igreja, na Cidade Baixa. Os eventos são gratuitos e sempre lotados.
Como chegar a Salvador
Quem chega ao Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães, na divisa com o município de Lauro de Freitas, percorre 28 km até o Centro de táxi (prefira sempre as empresas credenciadas) ou Uber (há uma área reservada no canteiro central entre o desembarque e o estacionamento). No segundo caso, fique atento à tarifa: se for dinâmica, pode compensar ir de táxi.
Para economizar ainda mais, uma alternativa é o metrô, que chegou ao aeroporto em 2018 (ônibus gratuitos conectam o terminal à estação Aeroporto em 4 minutos; há sinalização no saguão). Depois, é preciso pedir um Uber – em geral, as estações não ficam a uma caminhada dos hotéis.
Se sua hospedagem estiver na região do Rio Vermelho, desça na estação Rodoviária; se estiver na Barra, na Estação Lapa (com uma baldeação) e, se for no Centro Histórico, desembarque na Campo da Pólvora (também com uma baldeação).
De carro, partindo do sul, o caminho é pela BR-101 ou BR-116 até Feira de Santana e, depois, pela duplicada BR-324. Do norte, siga pela BR-101 até Estância (SE), continue pela SE-368 e pela BA-099 (Linha Verde) até a chegada à cidade.
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Como circular em Salvador
Há boa oferta de ônibus e metrô entre os pontos turísticos (o app Moovit funciona para pesquisar o itinerário), mas Uber e táxi costumam ser o meio mais garantido e seguro para quem não conhece a cidade.
A não ser que você planeje percorrer a Linha Verde sem ancorar em um resort, alugar carro não compensa – o trânsito na capital baiana pode ser pesado, sobretudo nos horários de pico (atenção ao voo de volta!), as sinalizações nem sempre são evidentes e não é raro o motorista se perder.
Há pouca oferta de estacionamentos, principalmente no Pelourinho – o bairro também tem áreas fechadas ao tráfego e o ideal é ser percorrido a pé.
O ônibus turístico panorâmico Salvador Bus é uma alternativa para quem tem um ou dois dias na cidade, pois percorre os bairros e pontos turísticos clássicos entre o Mercado Modelo e a Igreja do Bonfim. Gravações em português, inglês e espanhol explicam as atrações.
Mas ele tem algumas desvantagens: como há poucos carros e boa parte do trajeto é percorrendo os hotéis, o sistema hop-on hop-off, quando dá para visitar os pontos turísticos com calma e embarcar no próximo ônibus, não funciona tão bem – há pouco tempo para visitar o Pelourinho e a Igreja do Bonfim, por exemplo. O Salvador Bus tem funcionado sob demanda, informe-se.
O que fazer em Salvador
Pelourinho e Centro Histórico
O patrimônio cultural e histórico de Salvador, com elementos sincréticos únicos no país, rivaliza – e ganha – das praias no quesito interesse turístico. Grande exemplar dessa riqueza, o Pelourinho é o maior conjunto arquitetônico colonial da América Latina e foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1985.
Seus casarões dos séculos 17 e 18, distribuídos pelas ladeiras e em volta dos largos (os principais são o Terreiro de Jesus, o Largo do Cruzeiro de São Francisco e o Largo do Pelourinho), abrigam ateliês, lojas, museus, centros culturais, bares, restaurantes e pousadas. A Rua Gregório de Matos concentra vários museus e ateliês; a Rua Alfredo de Brito, lojas de artesanato popular.
À noite, o Terreiro de Jesus é o melhor lugar para sentar e curtir o clima local. Ao longo do ano, há shows e apresentações culturais, como os ensaios do Olodum – você pode se informar sobre a agenda e o funcionamento das atrações no escritório da Bahiatursa (Largo Tereza Batista, 71/3321-2133).
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Em relação à segurança no Pelô, vale tomar os cuidados que você tomaria em qualquer outra metrópole brasileira e ficar atento a celulares, câmeras fotográficas e dinheiro em espécie. Fora do roteiro turístico, as ruas adjacentes podem ser perigosas.
Como veículos não circulam no bairro, o melhor é chegar de táxi ou Uber – uma sugestão é descer próximo ao Mercado Modelo e subir pelo Elevador Lacerda.
Um dos cartões-postais de Salvador, o mais famoso meio de ligação entre a Cidade Baixa e o Pelourinho foi construído em 1873 – durante o trajeto de 20 segundos não há vista para contemplar, mas lá do alto (a 73 metros de altura) vê-se a Baía de Todos os Santos. Usá-lo custa apenas R$ 0,15 (6h/23h).
Antes de subir (ou ao descer), o Mercado Modelo merece a visita por ser um dos ícones da Cidade Baixa e da capital. Construído em 1912, ganhou os contornos atuais na reforma de 1984, após vários incêndios. Tem perfil pega-turista, com boxes que vendem roupas e artesanato a preços mais altos (pechinche!), mas é claro que há exceções.
Logo na saída do elevador na parte alta, o Palácio Rio Branco (Pça. Tomé de Sousa, 71/3116-6928) foi uma das sedes do Governo Geral quando a Bahia era a capital do país, entre 1549 e 1763. A construção foi destruída após um bombardeio durante a República Velha, em 1912, e reerguida em 1919. Há visitas guiadas, em que é possível acessar o térreo, com um pequeno museu sobre os governadores do estado.
Fechado para reforma no fim de 2021, o Museu da Misericórdia ocupa o prédio da antiga Santa Casa, de 1697, e tem móveis dos séculos 17 a 19 e obras sacras e contemporâneas. Dom Pedro II usou uma das 32 cadeiras da linda sala de administração.
No meio do Pelô, o casarão que sedia o Solar do Ferrão (R. Maciel de Baixo, 45, 71/3116-6743) abriga quatro exposições temáticas, além de mostras temporárias. A de arte sacra mostra objetos dos séculos 17 ao 20; outra reúne máscaras, utensílios e estatuetas africanas; o acervo de arte popular tem ex-votos e esculturas; e a última é uma coleção de instrumentos musicais.
As igrejas do Pelourinho são um capítulo à parte: a mais bela é o Convento de São Francisco (Lg. do Cruzeiro de S. Francisco, 71/3322-6430), erguida em 1723 com dinheiro português, ouro brasileiro e doações de fiéis.
No interior, os entalhes e a profusão impressionante de ouro fazem dela o principal representante do barroco da Bahia. O teto, rico em formas geométricas, tem pinturas que homenageiam a Imaculada Conceição em um jogo de contraste e profundidade. Na capela e no claustro, quase 55 mil azulejos mostram a vida de São Francisco e cenas sobre a moral cristã.
O templo divide o mesmo pátio com a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco (71/3321-6968), bem menos luxuosa que a vizinha, mas com uma bonita fachada esculpida em pedra, inspirada na Universidade de Salamanca, na Espanha. Construída por militares e endinheirados em 1703, tem pátio interior revestido por azulejos portugueses e um museu com arte sacra, vestimentas religiosas e um trono usado por Dom Pedro I e Dom Pedro II.
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Após quase quatro anos de reforma, a Catedral Basílica (Terreiro de Jesus, 71/3321-4573), de 1672, foi reaberta para visitação em 2018. Há belos painéis de azulejos portugueses na entrada, altares laterais com entalhes dourados, que misturam colunas renascentistas e anjos barrocos, altar-mor com a imagem de São Salvador e teto altíssimo, em relevo. Na sacristia fica o busto-relicário de São Francisco Xavier, padroeiro da cidade.
Ali perto, a Igreja da Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão (71/3242-4185) tem bela fachada de 1731 e reabriu para visita interna em 2016, depois de mais de duas décadas fechada. A obra no teto conta a história do santo e fundador da ordem dominicana.
Erguida no século 19, a Igreja de São Pedro dos Clérigos (ainda no Terreiro de Jesus) mescla os estilos rococó e neoclássico. O altar-mor, com decoração singela, tem esculturas de São Pedro, São Paulo, Jesus Crucificado e Nossa Senhora da Conceição. O templo ficou fechado para restauro entre 2009 e 2014.
O largo abriga ainda o Museu Afro-Brasileiro, onde são apresentados o significado dos orixás e a cultura africana por meio de vestimentas, esculturas, instrumentos musicais e painéis do artista plástico Carybé. No subsolo fica o pequeno Museu de Arqueologia, com arte indígena e urnas funerárias trazidas do Congo.
No Pelourinho estão também dois museus dedicados a artistas estrangeiros que se encantaram por Salvador e a adotaram como lar: o alemão Udo Knoff, que viveu na cidade nos anos 1960, quando passou a estudar, colecionar e confeccionar azulejos inspirado nas peças que revestiam as fachadas da cidade, e o franco-brasileiro Pierre Verger, cuja fundação no bairro tem um acervo modesto de imagens do fotógrafo que ficou conhecido por retratar como poucos os rituais afro-brasileiros na Bahia, sempre em preto e branco. O Forte de Santa Maria também abriga uma galeria de arte em homenagem a Verger.
Na Praça da Sé, a Casa do Carnaval é parada obrigatória para quem curte a festa e sua história. Por meio de mostras virtuais e alguns objetos, o museu narra a trajetória do Carnaval desde a origem europeia até o apogeu em Salvador, com seus blocos, artistas e trios elétricos. Curiosidade: se, durante a visita, você sentir falta das canções de Caetano Veloso, saiba que um processo judicial referente a direitos autorais entre o artista e a Prefeitura impede, por enquanto, a execução das músicas dele no museu.
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Um dos cartões-postais do Pelô, o casarão azul da Fundação Casa de Jorge Amado guarda objetos do escritor, manuscritos e painéis sobre seus livros. Uma loja vende obras de Jorge Amado e sua esposa, Zélia Gattai.
Quase em frente, a Igreja de N. Sra. do Rosário dos Pretos (Lg. do Pelourinho, 71/3241-5781), do fim do século 18, tem belo conjunto de azulejos na capela e entalhes em madeira nos altares. Às terças, às 18h, há missa acompanhada por atabaques e tambores, que remetem às celebrações típicas dos escravizados.
Adiante, seguindo a ladeira que leva ao bairro de Santo Antônio Além do Carmo, a Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo (R. do Passo, 3241-6297), de 1736, é famosa pela escadaria, retratada no filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, vencedor do Festival de Cannes em 1962. O templo ficou fechado por 16 anos, devido a sérios problemas estruturais, e foi reaberto ao público em 2018 após uma minuciosa restauração.
A Igreja da Ordem Terceira de N. Sra. do Carmo (Lg. do Carmo, 71/ 3242-0182) é um templo barroco cuja grande atração é a imagem do Senhor Morto feita por Francisco das Chagas, o “Cabra”, considerado tão transgressor quanto Aleijadinho. A peça tem 2 mil rubis incrustados e aspecto realista.
Na Rua Direita de Sto. Antônio, a fachada da Igreja da Ordem Terceira de N. Sra. da Conceição do Boqueirão faz lembrar a Igreja do Senhor do Bonfim – no interior, chamam a atenção as talhas douradas em estilo neoclássico e um afresco tridimensional no teto (entrada por uma porta lateral, 71/3241-5603).
Igrejas fora do Pelourinho
Símbolo do sincretismo religioso, a Igreja do Senhor do Bonfim foi construída em 1745 e carrega o nome do padroeiro da Bahia. A tradição da lavagem de sua escadaria, que começou com os escravizados como preparativo para a festa do Senhor do Bonfim, é mantida até hoje.
Outra marca registrada é a famosa fitinha do Bonfim: com 47 cm (o comprimento do braço direito da estátua de Cristo, no altar-mor), deve ser amarrada no pulso ou na grade do pátio, com duas voltas e três nós (um para cada pedido, que se realizariam quando a fita cai).
A visita pode ser combinada com o Memorial Irmã Dulce, canonizada em 2019. O pequeno museu, dentro de uma das obras sociais fundadas pela santa, guarda seu hábito e outros objetos pessoais.
A Igreja de N. S. da Conceição da Praia, no Comércio, tem estrutura pré-fabricada com pedras trazidas de Portugal e unidas com óleo de baleia. Concluído em 1849, o templo mistura os estilos rococó e neoclássico – repare na pintura em perspectiva no teto.
Nos fundos, as ruínas da primeira capelinha, de 1549, guardam uma imagem trazida de Portugal por Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil. Também é sede da Festa de Nossa Senhora e Oxum, e ponto de partida da procissão para a Lavagem do Bonfim.
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Com mais tempo e se estiver na cidade em uma segunda-feira, vale visitar a Igreja de São Lázaro e São Roque (R. Prof. Aristides Novis, 3247-4972), na Federação. Nesse dia da semana, mães de santo esperam os fiéis do lado de fora para dar um banho de pipoca que “purifica a alma” – o mesmo ocorre no dia de São Lázaro (17/12) e São Roque (16/8), ambos Omolu e Obaluaê no candomblé.
Museus e centros culturais
O Museu de Arte Sacra tem um dos mais interessantes acervos da capital e está instalado no bairro 2 de Julho, no antigo Convento de Santa Teresa d’Ávila, do século 17. Na entrada, há altares, retábulos (o mais antigo é de 1697) e murais de azulejos portugueses.
No acervo, destacam-se crucifixos, calvários, prataria e esculturas de anjos e santos. O melhor acesso é pela estreita Rua Santa Thereza, que parte da Rua Carlos Gomes. O museu fechou para manutenção na pandemia, informe-se antes de ir.
Em uma bela propriedade à beira da Baía de Todos os Santos, o Museu de Arte Moderna é fruto do restauro feito pela arquiteta Lina Bo Bardi entre as décadas de 1950 e 1960 no Solar do Unhão, fazenda que pertenceu à família homônima, do século 17. O conjunto, que ganhou uma reforma e um novo atracadouro recentemente, reúne capela, casa-grande e senzala.
Na área externa, o jardim de esculturas tem obras de Bel Borba, Mário Cravo Júnior e Carybé. O interior tem programação sempre interessante, com exposições e oficinas, além de um acervo respeitável, com obras de Candido Portinari, Alfredo Volpi e Tarsila do Amaral, entre outros. Aos sábados, o espaço é disputado por causa do evento de jazz JAM no MAM.
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Um dos espaços mais agradáveis e interessantes de Salvador, A Casa do Rio Vermelho foi o lar dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai por 47 anos. O interior é recheado de móveis e objetos originais, como coleções de peças trazidas de viagens pelo mundo e de estátuas de sapos, além de roupas e cartas.
Os ambientes são temáticos: a cozinha é uma ode à culinária baiana, enquanto o quarto de hóspedes conta a história de personalidades recebidas ali, como Pablo Neruda, Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Em outra sala, artistas como Caetano Veloso, Sônia Braga e Paulinho da Viola leem, em vídeo, trechos de livros do autor, traduzidos em quase 50 idiomas e reunidos na arejada biblioteca. O passeio termina sob a mangueira que guarda as cinzas do casal.
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No bairro da Graça, o centro cultural Palacete das Artes fica em uma linda construção do início do século 20 e recebe exposições temporárias, rodas de conversa e oficinas – o jardim abriga quatro esculturas do artista francês Auguste Rodin.
No Corredor da Vitória, como é conhecido um trecho da Avenida Sete de Setembro, o Museu de Arte da Bahia fica no chamado Palacete da Vitória, casarão de 1924 que reúne obras dos fundadores da Escola Baiana de Pintura, como José Joaquim da Rocha (autor do teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia) e Franco Velasco (do teto da Igreja do Senhor do Bonfim), além de móveis do século 18 e objetos da aristocracia.
O Museu Carlos Costa Pinto, também no Corredor da Vitória, fica na antiga mansão do empresário que dá nome ao museu e guarda os objetos colecionados por ele ao longo do século 20 – como peças de cristal Baccarat e serviços de mesa usados pela família real portuguesa. A coleção de balangandãs, pencas de prata usadas na cintura por negras e mestiças nos séculos 18 e 19, é um dos pontos altos do acervo.
Na mesma região, a programação cultural fica completa com a Paulo Darzé Galeria de Arte, com acervo de artistas brasileiros e estrangeiros e mostras temporárias.
O arrojado prédio em forma de cubo da Roberto Alban Galeria, em Ondina, tem três pavimentos e dois blocos, ligados por uma passarela. Nos amplos espaços, exibe e vende obras de artistas contemporâneos brasileiros (principalmente baianos). O lugar também abriga um antiquário com peças luso-brasileiras, como prataria e móveis do século 17.
No bairro do Politeama, a Fundação Instituto Feminino da Bahia reúne um acervo de mais de 15 mil peças, entre esculturas, prataria, vestimentas e mobiliário – a maior relíquia é o vestido de fios de ouro usado pela Princesa Isabel na assinatura da Lei Áurea. O casarão, de 1938, foi da educadora Henriqueta Catharino – ela criou, nos anos 20, uma escola profissionalizante só para mulheres.
Passeios
Única companhia de dança folclórica profissional do país, o Balé Folclórico da Bahia apresenta coreografias tradicionais do candomblé e da cultura afro-baiana com belos figurinos no Teatro Miguel Santana.
O mergulho na cultura baiana continua na Feira de São Joaquim (Av. Eng. Oscar Pontes, Água de Meninos), onde as barracas vendem de animais vivos a artigos de candomblé, e os aromas de coentro, camarão seco, acarajé e farinha misturam-se aos das frutas regionais.
Entre uma compra e outra, dá para experimentar pratos típicos, como passarinha (baço de boi frito) e buchada. Há uma parte antiga, mais autêntica e degradada, e outra mais nova.
Entre os bairros de Nazaré e Tororó, vale combinar visitas ao Dique do Tororó, onde flutuam as gigantescas esculturas de orixás do artista plástico Tatti Moreno, e à Arena Fonte Nova, totalmente reformada para receber os jogos da Copa de 2014.
O estádio oferece visita guiada, que percorre os camarotes, a sala de imprensa, as arquibancadas, a zona mista, os vestiários e um mirante com vista para o dique. Nas manhãs de domingo, carros são proibidos de circular ao redor do lago e a pista se transforma em área de lazer com ciclovia, pista de patins e rodas de capoeira.
Praias de Salvador
Com tantos museus e construções históricas, as praias não são as melhores atrações da cidade, mas, se a ideia for aproveitar um dia de sol à beira-mar, a orla pode render um bom programa.
Na orla urbana, Porto da Barra está entre as mais badaladas – na estreita faixa de areia parece caber toda a cidade: artistas, esportistas, turistas, ambulantes e gringos. O mar forma uma piscina natural boa para banho e esportes náuticos. O Forte de São Diogo está à direita.
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Também movimentada, a praia do Farol da Barra convive com o vaivém dos turistas no cartão-postal da cidade, enquanto os locais tomam banho nas piscinas naturais. À noite, os bares e restaurantes vivem cheios.
Em Ondina, a faixa de areia é pequena e o mar, cheio de pedras – na maré alta, mergulhar aqui pode ser perigoso. Na orla, o movimento fica por conta dos hotéis.
Apesar do mar eventualmente impróprio para banho, o Rio Vermelho está entre as praias mais poéticas de Salvador. O mar tem barcos atracados e, à noite, os largos próximos ficam lotados de gente em busca de um acarajé nas barracas da Dinha ou da Regina e de boemia. A Festa de Iemanjá, em fevereiro, acontece aqui.
A Praia do Buracão segue como um dos segredos dos soteropolitanos: escondida atrás de um emaranhado de casas do Rio Vermelho, tem acesso por um caminho de terra que sai do alto da Rua Barro Vermelho. No fim de tarde, jovens se esparramam pela areia fofa ou jogam futebol. Tem mar bravo, correnteza forte e, vez por outra, é imprópria para banho.
A orla urbana, frequentemente imprópria para banho, inclui ainda Amaralina, com ondas fortes e pedras no canto direito, Pituba, com muitos restaurantes e lojas – o Jardim dos Namorados, no trecho central, tem quadras esportivas, espaço para eventos e bares –, Jardim de Alá, com um pequeno coqueiral no canto direito, Armação, extensa e reta, com correnteza e ondas fortes, Pituaçu (do Corsário) e Piatã, com restaurantes e bares de música ao vivo.
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Ao norte e próxima ao aeroporto, Itapuã foi imortalizada em canções de Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes (que morou aqui nos anos 1970), mas a poesia termina por aqui: a praia é cheia de pedras e o mar está mais para bravo. Coqueiros, jangadas e o Farol de Itapuã colorem a paisagem do lugar, que tem muitos ambulantes e um dos melhores acarajés da cidade, o da Cira, que fica no Largo de Itapuã.
A cerca de 30 km do Centro, a extensa Stella Maris tem orla movimentada, sobretudo nos fins de semana, resorts e casas de veraneio. No mar, ondas fortes.
Na divisa com o município de Lauro de Freitas, a Praia do Flamengo alterna trechos tranquilos com o movimento ao redor das barracas (como a do Lôro, umas das mais famosas, que tem outras três unidades na capital mais uma na Praia do Forte). O mar tem ondas que atraem os surfistas.
Quem quiser explorar a Baía de Todos os Santos para além das praias da capital pode embarcar no passeio de catamarã até a Ilha dos Frades. A embarcação da agência Privê Turismo parte às 9h do Centro Náutico, em frente ao Mercado Modelo, e dura o dia todo. Se quiser fazer passeios de barco para conhecer a variedade de ilhas da Baía de Todos os Santos, procure a Entre Ilhas.
Fortes
Símbolo de Salvador e referência na orla, o Forte de Santo Antônio da Barra, ou Farol da Barra (71/3264-3296), é um dos mais antigos fortes do Brasil (de 1698). Ele abriga o Museu Náutico da Bahia, com louças, talheres e objetos pessoais dos mais de 400 náufragos do galeão português Sacramento, que afundou em 1668. Para subir a torre de 22 metros, há uma escada de 81 degraus.
No canto direito da Praia Porto da Barra, o Forte de São Diogo, do início do século 18, tem bela vista da orla. Em 2016, o lugar passou a abrigar o Espaço Carybé de Artes, com mais de 300 obras apresentadas de forma interativa do artista plástico argentino que viveu em Salvador e ficou famoso por retratar cenas do cotidiano e da religiosidades baianas.
À esquerda, no Forte de Santa Maria, revitalizado no mesmo ano, está o Espaço Pierre Verger de Fotografia Baiana, com mais trabalhos do franco-brasileiro e de outros fotógrafos baianos.
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O Forte de Santo Antônio Além do Carmo, ou Forte da Capoeira (Pça Br. do Triunfo, s/n, no fim da R. Direita do Santo Antônio, 71/3117-1488), compensa o pouco interesse arquitetônico da construção de 1703 com uma programação voltada para a capoeira. Há academias nas antigas celas e apresentações gratuitas.
Mais isolado da área turística, o Forte de Monte Serrat, ou de São Felipe (R. Sta. Rita Durão, s/n, Ponta de Humaitá), de 1742, tem bela vista para a Baía de Todos os Santos, principalmente ao pôr do sol. Reformado várias vezes por causa de invasões históricas, mantém a planta original de 1742, com seis torres.
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Hotéis em Salvador
Pelourinho e Centro Histórico
A capital baiana assistiu a várias inaugurações nos últimos anos, incluindo a aguardada abertura do primeiro Fasano do Nordeste, em 2018, após anos de reforma. O hotel foi instalado no antigo (e belo) prédio do jornal A Tarde em plena praça Castro Alves, no Centro.
A charmosa cobertura, com guarda-corpo transparente, dá a impressão que as águas da piscina se misturam com as da Baía de Todos os Santos; nos quartos, a decoração elegante da marca também está presente – todos têm camas king-size com lençol egípcio de 300 fios e banheiros de mármore.
Ali pertinho, a reabertura do Fera Palace Hotel, em 2017, ajudou a revitalizar a região da Rua Chile, a primeira do país, de 1549. Antigo Palace Hotel, ícone do luxo na cidade nos anos 1930, o Fera preserva o estilo art-déco da construção original, do hall de elevadores às cabeceiras das camas. A piscina de raia voltada para a baía é outro ponto alto.
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No Pelô, as hospedagens também estão em construções históricas (portanto, sem estacionamento). O Villa Bahia fica em dois casarões do século 17 e mantém móveis e a atmosfera de época. O conforto do século 21 pode ser visto nas camas grandes, algumas com dossel, e no ar-condicionado – as unidades do último andar têm terraço privativo com rede.
A poucos passos dali, o Solar dos Deuses tem quartos temáticos que homenageiam divindades do candomblé – num exemplo de sincretismo, da maior parte avista-se a Igreja e Convento de São Francisco. As acomodações são equipadas com enxoval de qualidade e o café da manhã é servido lá mesmo.
Já o gracioso Casa do Amarelindo, também em uma construção centenária, conta com piscina e alguns quartos voltados para a Baía de Todos os Santos.
Para quem quiser sentir a atmosfera histórica da região em uma hospedagem mais econômica, o Bahiacafé é uma boa opção – os quartos estão em um casarão do século 18 e o café da manhã tem delícias regionais. A localização é a melhor possível para ir caminhando até o terminal de onde saem os barcos para Morro de São Paulo.
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Santo Antônio Além do Carmo reúne a maior concentração de quartos com vista panorâmica para a Baía de Todos os Santos, em geral com os fundos voltados para o mar. O Aram Yamí faz jus à categoria boutique, com apenas seis suítes, duas piscinas e serviço dedicado. O casal de proprietários, espanhóis, restaurou o casarão do século 19 e apostou em ambientes ricos em detalhes, com elementos budistas, barrocos e tropicais.
Com diárias mais em conta, a Pousada do Pilar também tem seu terraço com vista para o mar – ainda que a fachada seja “histórica”, o interior é todo reformado. Há quartos com mezanino para até quatro pessoas.
Um pouco mais afastada do burburinho turístico, a Pousada do Baluarte exibe ambientes com piso de marchetaria e decoração cuidadosa, com toques coloridos. O serviço e a atenção da proprietária costumam arrancar elogios.
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O Convento do Carmo, instituição carmelita do século 17, abrigou um hotel da rede Pestana até 2020 – os claustros e a fonte central, que deu lugar à piscina, foram preservados e fizeram dele um dos mais bonitos hotéis do país. Um outro grupo português assumiu a gestão e a reinauguração está prevista ainda para 2022.
No Campo Grande, com boa localização entre o Centro Histórico e o Corredor da Vitória, que tem bons museus e cafés, o Wish Hotel da Bahia ocupa desde 2018 o prédio do antigo Sheraton, construído na década de 1950 e tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural.
O restauro completo – mas que manteve elementos da época – incluiu uma galeria de arte com obras de nomes como Carybé e Genaro de Carvalho. Os quartos, decorados de forma austera e elegante, têm ar-condicionado, ótima ducha e camas grandes.
Em um trecho do Corredor da Vitória (oficialmente Av. Sete de Setembro), o Hotel Bahia do Sol foi construído nos anos 1970, mas passou por uma reforma completa. Decorados com madeira e tons claros, os quartos são agradáveis e bem-equipados – alguns são mais amplos, com sofá e mesa de refeição, e os andares altos têm vista para o mar.
Na Pousada Casa da Vitória, a sensação é a de se hospedar em uma (bela) casa de amigos. As suítes são compactas e decoradas delicadamente com almofadas bordadas, quadros e fotografias. Servido em uma mesa coletiva, o café da manhã é trazido em etapas e com receitas empratadas, para desfrutar sem pressa. Em tempo: faz parte da proposta os quartos não terem TV.
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Proposta de hospedagem que flerta com hostel é a Casa di Maré, uma casa no Pelourinho cuja ideia é valorizar a cultura afro. O hóspede é convidado a participar das atividades, pode propor oficinas, cardápios e deve colocar a mão na massa. Não é um lugar onde a pessoa vai simplesmente usufruir, mas também contribuir.
A casa também tem uma filial no Solar do Unhão. O idealizador, Porto Jr, conta um pouco mais sobre a proposta no vídeo a seguir e dá dicas de lugares ainda pouco conhecidos em Salvador. A produção do vídeo é da Meta e da VT.
Barra e Ondina
Nesses bairros, muitos hotéis ficam na orla urbana e a localização é mão na roda, entre o Pelourinho e o Rio Vermelho. Na Barra, em frente ao Forte de São Diogo (onde fica o Espaço Carybé de Artes), o Grande Hotel da Barra foi inaugurado nos anos 1960, mas tem sido repaginado desde então.
A localização, em frente à Praia de Porto da Barra, é ideal para quem não abre mão de um banho de mar mesmo na orla urbana. Nos quartos, camas-box, duchas potentes e decoração clarinha.
Durante todo o ano, o Monte Pascoal Praia Hotel passa por uma hospedagem bem-estruturada e com localização conveniente na Avenida Oceânica, mas no Carnaval a área social, a piscina e os quartos voltados para a orla se transformam num ponto privilegiadíssimo para ver os trios do circuito Barra-Ondina.
A cinco minutos a pé do Farol da Barra, a Casa Petúnia Pousada Boutique fica na residência da proprietária, Ignez Petúnia. Os ambientes têm clima intimista e são decorados com peças trazidas da Indonésia.
Em Ondina, o Vila Galé Salvador exibe uma piscina de raia de frente para o mar, assim como o restaurante, academia e algumas categorias de quarto.
Alternativa com diárias mais econômicas, o Portobello Ondina Praia tem piscina agradável e quartos com ar-condicionado split, frigobar e boas duchas.
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Rio Vermelho
O Rio Vermelho é o lugar para ficar perto de bons restaurantes e bares. Em um cantinho charmoso do bairro e com acesso à praia, o Mercure Salvador Rio Vermelho tem na piscina com borda infinita e ampla vista para o mar um dos principais trunfos.
Ao lado, o Ibis Salvador Rio Vermelho segue o padrão satisfatório da rede, com quartos pequenos mas funcionais, serviço enxuto e café da manhã cobrado à parte.
No alto do Morro do Conselho, com vista panorâmica para o mar (muito bem-aproveitada pela piscina), o Novotel Salvador Rio Vermelho teve os quartos repaginados com novos equipamentos e móveis contemporâneos.
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No boutique Zank by Toque a proposta é mais intimista: os quartos são bem-decorados e diferentes uns dos outros, com estilos que vão do minimalista ao rebuscado, e se distribuem entre o bonito casarão e um anexo mais moderno. No jardim, o redário e a compacta área da piscina convidam a relaxar.
No Hotel Catharina Paraguaçu, embora os quartos estejam desatualizados (mas têm ar-condicionado!), a boa localização no burburinho do bairro, o serviço elogiado e o charme do casarão do século 19 compensam.
Itaigara, Stiep e Caminho das Árvores
Quem vem a negócios costuma optar pela área do núcleo empresarial, que inclui os bairros Caminho das Árvores, Stiep e Itaigara (para turistas, não costuma ser uma boa escolha).
Ali, há o Fiesta Bahia, com piscina, academia e brinquedoteca, o Intercity Salvador, o Mercure Salvador Boulevard e o Quality Hotel Salvador, que seguem o bom padrão executivo das três redes.
Para diárias mais em conta e padrão mais simples, o Conect Smart Salvador by Accor é uma boa alternativa.
Praias do Norte (Itapuã, Flamengo e Stella Maris)
No norte da capital, onde estão as praias mais bonitas, alguns hotéis são maiores, com áreas externa e de lazer mais próximas que as de um resort. Em Itapuã, o Deville Prime Salvador tem piscina grande, spa, recreação, playground e quadras. Apesar da distância da praia – cerca de 500 metros – os melhores quartos têm vista para o mar.
O trocadilho não é imediato, mas o Casa Di Vina Boutique Hotel (antigo Mar Brasil) abriga em seu terreno a residência onde viveu Vinicius de Moraes e uma de suas esposas, a baiana Gessy Gesse, nos anos 1970.
A casa onde ele passava as tardes em Itapuã, com objetos pessoais, azulejos de Udo Knoff e um painel do artista plástico Bel Borba, virou um pequeno museu – embora os quartos fiquem em um anexo, com a praia cruzando a avenida, é possível se hospedar na charmosa suíte do poetinha, com banheira vitoriana e poemas estampados na parede e no teto. Há ainda um restaurante variado aberto ao público.
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Pé na areia em Itapuã, o Villa da Praia se distribui em um gostoso gramado com piscina – todos os quartos têm varanda.
Inaugurado em 2016, o simpático Iara Beach Hotel Boutique tem piscina com bar molhado a poucos passos do mar. A melhor suíte tem cama king-size e hidro.
O pé na areia Catussaba Resort exibe uma boa área área de lazer, com piscina, quadras de tênis e poliesportivas e playground. Os quartos são funcionais, com piso frio, varanda e vista para o mar ou jardim.
Em frente, hóspedes que chegam a trabalho e querem ficar perto do aeroporto costumam optar pelo Catussaba Business, com quartos mais atualizados e boa piscina (no entanto, não podem usar a estrutura do vizinho).
Em Stella Maris, o Gran Hotel Stella Maris Urban Resort & Conventions faz jus ao nome, com a grande piscina no centro cercada de blocos de apartamentos, recreação para adultos e crianças e música ao vivo. Vários quartos têm vista lateral ou frente mar.
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Restaurantes em Salvador
A riquíssima culinária baiana se encontra na capital, desde os pratos à base de pescados, mais comuns no litoral (alô, moqueca e bobó!), às receitas típicas do sertão, como carne de sol e feijão-verde.
Quitutes de influência africana têm no acarajé seu maior representante – o bolinho de feijão-fradinho frito em azeite de dendê é recheado com vatapá (creme à base de pão, amendoim, castanha de caju, leite de coco, dendê e condimentos), camarão seco e vinagrete.
Várias barracas de rua perfumam a cidade, mas as mais conhecidas são as dos largos da Mariquita e de Santana, no Rio Vermelho (Dinha, Regina e Cira; essa última também tem uma barraca no Largo de Itapuã), e no Farol da Barra (Tânia).
As barracas costumam abrir após o almoço e a maioria serve outras receitas típicas, como cocada, abará (parente do acarajé em que o bolinho de feijão-fradinho é cozido), passarinha (baço de boi frito) e bolinho de estudante (frito, à base de coco e tapioca).
Mas, por ser uma grande capital, Salvador também tem lugar para bons representantes da cozinha variada e internacional.
Pelourinho, Centro Histórico e Avenida do Contorno
Mesmo sendo bastante turístico, o Pelourinho oferece algumas opções. Para provar comida baiana, rume para o Axego, que serve os clássicos moqueca e bobó, mas também receitas menos conhecidas, como o arroz de hauçá, prato de influência africana à base de arroz, carne-seca e camarão.
Apesar de o charme não ser o forte de bufê por quilo (ou à vontade), o do Senac, no Largo do Pelourinho, vale a parada. No casarão onde funciona um restaurante-escola são oferecidas as mais variadas receitas baianas, com suas influências africanas e religiosas. São 40 opções de pratos regionais e 10 de sobremesa.
Conhecido na área, o charmoso Maria Mata Mouro, de menu variado, está em reforma e promete reabrir no início de 2022.
No Terreiro de Jesus, o icônico boteco O Cravinho movimenta a calçada com suas cachaças aromatizadas, curtidas em barris de carvalho e umburana. A que leva o nome do bar é feita com cravo, mel e limão. Para petiscar, peça a saborosa porção de moela.
Em uma das agradáveis varandas de Santo Antônio Além do Carmo, o Antique Bistrô tem ambiente moderninho, com paredes de pedra descascadas e sofás com almofadas coloridas. O menu é variado, com receitas como o fettuccine de cogumelos com molho bechamel e o camarão gratinado com arroz cremoso de queijo, bacon, parmesão e batata palha.
Decorado com móveis de antiquário, o Cafélier também tem sua gostosa varanda para a baía (apesar de ser um café, também há sugestões principais).
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No Cruz do Pascoal (R. Direita de Santo Antônio, 2, 71/3243-2285), não se acanhe pelo balcão modesto e os engradados de bebida – na varanda nos fundos do boteco, com guarda-sóis e cadeiras de dobráveis, o pôr do sol é lindo e a cerveja, gelada. A porção farta de carne de sol faz sucesso.
Quase em frente (portanto, sem vista para o mar), o botequim Café e Cana faz o estilo descontraído/arrumadinho, com beliscos como o falafel baiano (de feijão-fradinho, com babaganuche de jiló) e a frigideira de aratu com farofa de banana, amendoim e dendê.
Nas vielas próximas ao Solar do Unhão, uma comunidade abriga o Restaurante Dona Suzana, que já foi tema de um dos episódios da série Street Food: América Latina, da Netflix. No salão simplíssimo, na frente de sua casa, ela prepara moquecas e ensopados com peixes pescados por seu marido, Antônio. O acesso é pelo Solar do Unhão.
Na Praia da Gamboa, com acesso pela Avenida do Contorno ou de barco (peça indicação no restaurante), o Bar da Mônica está espremido entre a comunidade e o mar, com direito a piscininha natural e bela vista para a Baía de Todos os Santos. Antes da moqueca ou da lagosta grelhada, dá para petiscar peixe frito com farofa na manteiga e vinagrete de feijão-fradinho.
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Espécie de complexo gastronômico à beira-mar, a Bahia Marina, na Avenida do Contorno, abriga restaurantes arrumadinhos que costumam reunir a elite soteropolitana. Um dos clássicos dali é o japonês Soho, com cardápio de sushis incrementados – e abrasileirados –, além de robatas. A varanda apoiada sobre a água, com parte do piso transparente, é o espaço mais disputado.
O vizinho Lafayette tem o deque a céu aberto, pertinho do trapiche. O menu tem perfume mediterrâneo e traz, por exemplo, risoto de polvo e nhoque corado de mandioquinha com lagosta grelhada, pesto e tomatinho.
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Entre a Bahia Marina e o Solar do Unhão, o Mistura é talvez o mais famoso (e sofisticado) restaurante de pescados da cidade. O lindo salão, em um casarão restaurado, ganhou uma parede envidraçada com vista para as embarcações. A matriz fica em Itapuã – boa pedida na ida ou na volta do aeroporto. Muitas receitas têm inspiração mediterrânea, como o risoto de abóbora com camarão e pancetta e o robalo ao forno com legumes.
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Na mesma área está possivelmente o restaurante mais bonito (e um dos mais caros) da cidade: o Amado, em um antigo galpão com varanda debruçada sobre a água. Entre as receitas do chef Edinho Engel estão o peixe em crosta de castanha de caju com caruru, purê de banana da terra e arroz selvagem.
Na ativa desde 1963, o Chez Bernard é um francês clássico, com salão elegante – cadeiras almofadadas e guardanapos de pano guarnecem as mesas. Mas a maior atração é o janelão com vista para a Avenida do Contorno e a Baía de Todos os Santos. Sopa de cebola, mexilhão com molho de ervas e batatas fritas e a codorna desossada com polenta estão entre as pedidas.
Barra
Em um agradável salão com deque, o Pereira funciona há quase 20 anos e faz as vezes de bar e restaurante variado, ao gosto do freguês. Aproveite para ir no fim da tarde e contemplar o pôr do sol na orla da Barra.
Já o Barravento tem status de atração turística e é ponto estratégico para ver o Farol da Barra (e o sol se pondo perto dele). O menu também satisfaz quem busca uma refeição ou só quer petiscar batendo papo.
Rio Vermelho
No Rio Vermelho, reduto gastronômico por excelência, o Casa de Tereza propõe uma imersão baiana além da comida: o casarão é cuidadosamente decorado com obras de 11 artistas baianos, o cardápio explica receitas e ingredientes e há uma “vendinha”de produtos típicos. A chef, Tereza Paim, é uma personalidade local e suas criações extrapolam a tradicional moqueca de peixe – entre as sugestões estão ainda o ensopado de cordeiro e o baião de dois.
Ali perto, o Dona Mariquita tem um cardápio interessantíssimo, fruto da pesquisa da chef Leila Carreiro – talvez em nenhum outro lugar da cidade haja tantos pratos com influência africana e do candomblé. O cardápio lista, por exemplo, arroz de hauçá, efó (cozido de folhas, como língua de vaca e taioba, camarão seco, leite de coco e azeite de dendê), ipeté (bobó de nhame) e a deliciosa poqueca, uma moqueca engrossada de camarão com licuri (um tipo de coquinho), servida na folha de bananeira acompanhada de acaçá, espécie de angu adocicado de milho branco.
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Atípico no bairro (e na cidade), o Manga serve um inventivo menu-degustação, criado pelos chefs Dante e Kafe Bassi. No salão descontraído circulam empratados como o tagliatelle fresco com lambreta, chorizo, ervilha e tomate confitado. Há também opções à la carte – a costela no bafo com brócolis na brasa, cebola roxa, amendoim cozido e picles de mostarda está entre os carros-chefes.
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Mesas ao ar livre, salão diminuto e atendimento no balcão dão uma agradável informalidade ao La Taperia, casa de tapas comandada pelo casal Juli Holler, que responde pelo serviço, e pelo chef espanhol Jose Morchon. Além dos petiscos espanhóis, há paellas. No segundo semestre de 2021, a casa inaugurou uma filial na Ilha dos Frades.
O representante francês no Rio Vermelho é o Taboada Bistrô, com ambiente intimista, luz baixa e clássicos como o suflê de queijo e o filé au poivre.
Querido entre os locais, o italiano Pasta em Casa serve massas durante o dia (três opções dispostas em uma ilha podem ser consumidas à vontade) e, à noite, o forno a lenha libera pizzas de borda alta em tamanho individual.
Em meio à boemia do Rio Vermelho, um bar merece menção: o Boteco do França, clássico do bairro que serve um ótimo arroz de polvo, entre outros pratos, no salão e em mesinhas na viela lateral.
+ Raio-X do resort all-inclusive Transamerica Comandatuba
Outros bairros
Com filiais no condomínio Villas do Atlântico e na Praia do Forte, o Donana serve uma das melhores moquecas da cidade, no estilo tradicional (com dendê e coentro na medida para os locais). A matriz soteropolitana fica fora do eixo turístico, com uma vizinhança simples no bairro de Brotas.
Lá também fica a parrilla argentina La Pulperia – as mesas estão imersas em um gostoso jardim.
Ao lado da Igreja do Bonfim, o restaurante Encantos da Maré tem mesas em um gostoso avarandado com vista para o mar. Ali são servidas entradinhas com o camarão empanado na tapioca e a coxinha de siri. Entre os principais, “camapolvo” (moqueca de camarão com polvo).
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No Jardim Armação (na orla, entre o Centro e Itapuã), o tradicional Yemanjá está na ativa há quase 50 anos (há uma filial no Shopping Barra). Preparadas em série em fogões industriais, as moquecas são as grandes estrelas. A matriz abre todos os dias sem intervalo entre almoço e jantar – boa opção para depois de um dia de praia.
Pescados e comida baiana também são a especialidade do Bargaço, no mesmo bairro, com salão estruturado e uma filial em Recife.
Na Pituba, um dos polos gastronômicos da cidade, o Origem foge à tradição local e trabalha apenas com menu-degustação no jantar, com reserva. Em um salão com paredes de pedra e cimento queimado, o chef Fabrício Lemos, formado pela escola francesa Le Cordon Bleu, concebe sequências que podem incluir o tempurá de couve com pernil suíno, gel de limão e abacate e o peixe com purê de cenoura e abóbora defumada, bisque de crustáceos e semente de abóbora.
Ele mantém ainda o Ori Salvador, mais descontraído e com receitas de inspiração regional, e o Omi, no Fera Palace Hotel.
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Ainda na Pituba, o Boia Restaurante pertence ao participante do programa Mestre do Sabor, da Globo, Kaywa Hilton Melik. Da cozinha inventiva do chef saem receitas à base de pescados, como o sanduíche smash de barriga de atum e o hot mar, com salsicha de atum, e o quiabo na brasa com missô e pipoca de alga.
Comida nordestina do sertão, mais vigorosa, pode ser encontrada no A Porteira (a unidade mais agradável fica às margens do Dique do Tororó), no Gibão de Couro, com salão simples na Pituba, e n’O Picuí, com raiz paraibana, no mesmo bairro. Todos servem diferentes cortes de carne de sol e acompanhamentos como feijão de corda e queijo de coalho com melado.
Na Ilha dos Frades, o restaurante Preta, de cozinha baiana inventiva, vale a viagem, tanto pela comida quanto pelo visual. Chegar lá é um passeio por si só: é preciso fretar uma lancha (mais caro) ou pegar o catamarã até a ilha no Centro Náutico próximo ao Mercado Modelo (o mesmo que leva a Morro de São Paulo) – nesse caso, informe-se sobre horários para não perder a volta. A reserva no restaurante é imprescindível.
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Delícias geladas
Há algumas sorveterias clássicas na cidade, e que valem a parada para refrescar o passeio: a A Cubana existe desde 1930, com filiais pela cidade – no Pelourinho, uma delas está na saída do Elevador Lacerda.
Sua “principal rival”, a Sorveteria da Ribeira, fundada em 1931, tem a matriz mais retirada da área turística, no bairro da Ribeira (mas há kombis e pontos de venda em outras áreas da capital, em Morro de São Paulo e na Praia do Forte).
Com apenas uma loja, no Largo do Cruzeiro de São Francisco, a La Glacier Laporte serve as receitas do francês Georges Laporte, livres de corantes e conservantes. Além dos tradicionais coco e tapioca, há gelados bem inventivos, como o de mel com gengibre e o de curry com damasco.