Nuremberg: bairros, atrações, passeios, onde comer e ficar
A partir de Berlim, em direção ao sul, está Nuremberg, capital informal da região da Francônia, na Bavária. O futebol se confunde com a história da cidade. Muitos habitantes se orgulham de dizer que os gramados foram inventados por lá, em 1503, quando Dürer pintou sua famosa aquarela O Torrão de Gramado.
Além disso, o Franken-Stadion, premiado em 1928 como o mais belo do mundo, cumpre todas as normas mais exigentes da Fifa. Mas Nuremberg também bate um bolão em outros quesitos. Fundada na Idade Média, mantém os 5 quilômetros de muralhas que cercavam a Cidade Velha, embora grande parte tenha sido reconstruída após a II Guerra.
Xodó de Hitler, o lugar viu prédios públicos serem erguidos para celebrações e congressos do Partido Nazista. Nem o Franken-Stadion escapou, passando a ser palco de uma grande reunião anual da juventude hitlerista e recinto de concentrações em massa de glorificação do Führer.
Cercada de muralhas medievais, entremeada por vielas que parecem ter parado no tempo e edifícios de arquitetura gótica, a cidade pode parecer um pouco soturna à primeira vista. Em boa parte porque chegamos já sabendo que ela foi palco dos primeiros comícios públicos nazistas incentivando hostilidades a qualquer um que não fosse ariano, e, por isso mesmo, escolhida para sediar os julgamentos dos criminosos de guerra, entre 1945 e 1949.
A despeito da história recente e ainda tão viva, Nuremberg é uma cidade de pessoas alegres, abraçadeiras e satisfeitas pelo olé que deram nas dificuldades – reconstruindo tudo. Foi conduzida pela guia Lol, uma velhinha alemã que viveu toda essa história, que adentrei o centro histórico pelo fosso, hoje uma faixa de área verde, que cerca a cidade.
Ela me apresentou um pouco do que enche de orgulho os moradores de Nuremberg: as muralhas que no passado protegeram o Kaiserburg, o magnífico castelo da época do Sacro Império; as pontes em estilo enxaimel que passam sobre o Rio Pegnitz, recriando pequenos tecos de Veneza; a Lorenzkirche, a igreja do mártir São Lourenço, uma reunião de obras de arte milagrosamente salvas dos bombardeios; o mercado do Hauptmarkt, onde é montada a feira de Natal, tradição alemã.
E a Schöner Brunnen, fonte gótica com 19 metros de altura, dourada e decorada com gárgulas, onde as pessoas disputavam lugar para girar um anel de ferro preso à grade (existem dois anéis que ficam em lados opostos: um é pra desejos genéricos, e o outro, pra fertilidade; melhor não confundir as coisas).
Isso pra ver. Pra comer e beber tem o Lebkuchen, o pão de mel, gengibre e especiarias vendido em lindas caixinhas com motivos natalinos; a encorpada cerveja de trigo Tucher, que agrada até a quem não gosta tanto assim da bebida; e Rostbratwürste, linguiça fininha como um dedo, como eles fazem questão de lembrar. Deixa o restaurante (e os comensais) defumados.
A cidade tem muitos museus, mas dois deles chamam atenção pela fachada. O Neues Museum, de arte contemporânea, design e fotografia, tem uma fachada de 100 metros de vidro curvo que reflete tudo ao redor das maneiras mais surpreendentes.
Já o Germanisches Nationalmuseum é todo dedicado à cultura germânica. Em frente foi erguido em 1993 o Caminho dos Direitos Humanos, obra do artista israelense Dani Karavan. São 30 pilares, cada um com um artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos escrito em alemão e vários outros idiomas. É nessas horas que a gente usa a desculpa do cisco no olho e sai de fininho.
Mais que comidaLugar para comer linguicinhas (e se defumar no salão) e bater papo com o dono, o engraçadíssimo Werner Behringer. Um bar para se refestelar nos pratos e nas cervejas avermelhadas da Francônia. Peça para visitar o subsolo, antiga adega que servia de abrigo antiaéreo. Fica num porão de 800 anos – ambiente de taverna, para um jantar em estilo medieval. |
Guia VT
Ficar e passear
O Sheraton tem ótimos quartos em estilo clássico-executivo, e o Best Western, um bom custo/benefício. E não perca os museus: o Neues Museum, para arte contemporânea, e o Germanisches Nationalmuseum, para cultura alemã.
Língua
Alemão.
Saúde
Para entrar no país, nenhuma vacina é obrigatória.
Melhor época para visitar
Um festival anual de rock pode ser um apelo a mais para conhecer Nuremberg no verão. Em junho, o evento ocupa áreas verdes perto da cidade.
Documento
O passaporte é necessário mas dispensa de visto, por até 90 dias.
Por Ana Claudia Crispim