Belém

Por Adrian Medeiros Atualizado em 16 set 2021, 15h40 - Publicado em 9 set 2011, 19h06

Certas coisas não falham na capital paraense. Fazem parte da rotina o calor sem trégua, a chuva ao fim da tarde, o vaivém dos barcos na Baía do Guajará, as ruas sombreadas pelas mangueiras e a beleza de construções erguidas entre os séculos 17 e 19. Concentradas no Centro, as edificações históricas são fruto da conquista da foz do Rio Amazonas e, posteriormente, da bonança ocasionada pelo Ciclo da Borracha. Porém, tradições à parte, uma nova Belém se faz sentir.

No restaurante Remanso do Bosque, os jovens irmãos Thiago e Felipe Castanho trazem à mesa a efervescência de novos ou esquecidos ingredientes regionais, muito além do tucupi. Na música, artistas como Gaby Amarantos, Joelma e Felipe Cordeiro reverberam os ritmos da cena belenense pelo país. Por fim, os grafites coordenados por Drika Chagas, na Cidade Velha, tingem de vida um bairro que não pode ser esquecido.

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ROTEIRO DE UM DIA

O movimento no Ver-o-Peso começa na madrugada, e um passeio pelo famoso mercado é um bom início de dia na capital paraense. De lá, caminha-se menos de dez minutos até a Praça Dom Frei Caetano Brandão, onde estão o Museu de Arte Sacra, o Forte do Presépio, a Casa das Onze Janelas e a Catedral da Sé. Em seguida, visitar a Estação das Docas permite uma refeição no estrelado Lá em Casa e um sorvete de sabor regional na Cairu. Outra atração é o Theatro da Paz, erguido em 1878, na Praça da República. Finalize com o jantar no estrelado Remanso do Bosque.

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ROTEIRO DE DOIS DIAS

Com mais tempo, explore melhor o bairro de Nazaré. Nele estão a Basílica e o Parque Zoobotânico, que tem animais como o jacaré-açu e a onça-pintada e abriga o Museu Paraense Emílio Goeldi. O passeio pode terminar com uma cuia saborosa no Tacacá da Dona Maria, instalado em frente ao Colégio Nazaré. No dia seguinte, vale parar no Espaço São José Liberto, para compra de artesanato típico e semijoias. Prossiga no Mangal das Garças, um parque à beira do Rio Guamá onde poderá observar pássaros como guarás e, claro, garças. A refeição no estrelado Remanso do Peixe encerra a viagem apresentando outros interessantes sabores regionais. Dica: uma das especialidades do restaurante é a peixada paraense.

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QUANDO IR

Entre dezembro e maio, as chuvas costumam ser intensas. Quem visita a cidade em outubro, mês do Círio de Nazaré, deve fazer reserva com antecedência para garantir hospedagem – Belém recebe mais de 2 milhões de turistas durante o evento religioso.

COMO CHEGAR

O Aeroporto Internacional Val-de-Cans recebe voos de todas as regiões do Brasil. A rodoviária fica no bairro São Brás. De carro, a partir das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, percorra a Rodovia Belém-Brasília (BR-153 e BR-010), com início no município de Anápolis, em Goiás. Se o ponto de partida for alguma capital do Nordeste, com exceção de São Luís (que utiliza a BR-316), siga até Teresina, no Piauí, onde você pega o acesso para a BR-316 – a rodovia passa pelo Maranhão e segue até Belém.

COMO CIRCULAR

Quem se hospeda na região central, formada pelos bairros Cidade Velha e Reduto, tem mais facilidade para visitar, a pé ou com transporte público, as principais atrações de Belém. Os corredores formados pelas avenidas Presidente Vargas e Nazaré são importantes se for utilizar ônibus, e com ele fica fácil chegar a todos os cantos da cidade. A maioria das conduções também passa pelo Ver-o-Peso, atração vizinha à Estação das Docas. Para conhecer o distrito de Icoaraci, onde há produção de cerâmica, é possível pegar um ônibus na própria Presidente Vargas. À noite, recomenda-se andar de táxi ou Uber.

ONDE FICAR

Os hotéis de perfil executivo predominam na capital paraense. Endereços como o Le Massilia, o Manacá e a compacta Ecopousada Miriti fogem à regra e oferecem decoração e serviço mais descontraídos. Os bairros Batista Campos e Nazaré, próximos da área central, concentram boa parte dos hotéis – sua localização é favorável na época do Círio de Nazaré, já que a procissão percorre algumas ruas das duas regiões.

ONDE COMER

Os marcantes sabores amazônicos estão presentes nas melhores mesas de Belém. O maior exemplo disso é o trabalho de Thiago e Felipe Castanho: os dois irmãos exploram a diversidade da culinária local para criar receitas inventivas, enquanto se revezam no comando dos estrelados Remanso do Peixe e Remanso do Bosque. No tradicional Lá em Casa, os pratos típicos são cuidadosamente elaborados. 

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COMIDAS TÍPICAS

AÇAÍ

O Pará é o maior produtor nacional de açaí. Segundo o IBGE de 2011, são 109 mil toneladas anuais, o equivalente a 50,7% da produção do país. Aqui, no entanto, é raro que a fruta de coloração roxa e sabor amargo seja adoçada antes de ingerida, como em outros lugares do país. Na receita mais tradicional, o caldo do açaí, engrossado com farinha de tapioca, é servido como acompanhamento para peixes, camarão seco e carnes. Outra maneira de tomá-lo é misturando-o a farinha-d’água e gelo – neste caso, tolera-se a adição de açúcar. Tradicionalmente, bandeiras ou lanternas vermelhas penduradas na porta dos estabelecimentos indicam que há venda da fruta no local.

Onde tomar: Point do Açaí. Sorvetes com a fruta podem ser provados na Cairu e na Ice Bode.

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TACACÁ

Se tem uma coisa que não muda em Belém é a chuva, que cai todo fim de tarde. Depois dela, a tradição é tomar um tacacá nas esquinas da cidade. Sempre quente, esse caldo inspirado na cultura indígena é servido por tacacazeiras em uma cuia, e tem como principais ingredientes goma de mandioca, camarão seco, tucupi, jambu – erva que causa uma leve sensação de dormência na boca – e pimenta-de-cheiro.

Onde comer: Tacacá do Renato

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TUCUPI

O líquido amarelo é a maior estrela da culinária paraense. Extraído da raiz da mandioca-brava, precisa ser fervido antes do consumo, com o objetivo de eliminar o ácido cianídrico presente no caldo. Há relatos de que os índios foram os primeiros a utilizar o tucupi, na função de um conservante para suas caças. Hoje, o caldo de sabor ácido é quase onipresente nos restaurantes de Belém, onde é encontrado em receitas com pato e peixes regionais. As folhas da mandioca-brava moídas (maniva) também são usadas em outro famoso prato regional, a maniçoba. A receita leva os mesmos pertences suínos da feijoada, mas o caldo espesso da maniva substitui o feijão.

Onde comer: nos restaurantes Lá em Casa e Na Telha. Várias casas de cozinha variada também preparam receitas com tucupi.

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BEBIDAS

Os ingredientes amazônicos não estão só no prato – também aparecem no copo. A Amazon Beer, na Estação das Docas, tem sete tipos de chope, como os de taperebá e priprioca. Se o assunto for cachaça, o Boteco Meu Garoto serve aguardente de jambu.

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