Roteiro rodoviário nos arredores de Belo Horizonte
Cachoeiras, igrejas barrocas e músicas típicas embalam esse roteiro repleto de história pelas cidades de Minas Gerais
A afirmação de que Minas Gerais não tem mar permite outra interpretação. Minas tem um mar de montanhas. Para todo lado que você direciona o olhar, o que não faltam são picos e vales. A capital Belo Horizonte é rodeada de várias cadeias montanhosas. Nos seus arredores, o frio não é extremo, mas nem por isso deixa de ser uma região que não pode ser curtida no inverno.
Saia da cidade em direção ao Aeroporto de Confins, mas entre um pouco antes, seguindo as placas de Lagoa Santa. Até aqui a MG-010 é duplicada e movimentada. Para não deixar em brancas nuvens a passagem pela cidade, visitar a Gruta da Lapinha e o anexo Museu Arqueológico vale a parada.
À medida que a estrada vai avançando, começa a aparecer uma cadeia de montanhas no horizonte: é a Serra do Cipó, um pedaço do Cerrado ideal para praticantes de um trekking moderado. Cachoeiras e cânions estão no menu de atrações do Cipó e aqui vale a regra: quanto mais difícil o acesso, maior será a exclusividade.
O final da vila marca o início de uma das mais belas travessias rodoviárias do país: são 63 km pelo alto da serra até Conceição do Mato Dentro, observando uma rica vegetação de Cerrado. No meio do caminho, todos param para contemplar a Estátua do Juquinha, um antigo morador local que distribuía flores para a mulherada. Igrejas barrocas dão as boas vindas a quem chega a Conceição do Mato Dentro, mas são as cachoeiras localizadas no distrito de Itacolomi, a razão maior do destino. O complicado é percorrer os 20 km de estrada de terra até o distrito se estiver chovendo. Com 273 m, a Cachoeira do Tabuleiro – terceira maior do país – pode ser admirada de longe. Mas vale a pena gastar algumas horas de trilha e apreciá-la em sua magnitude, seja na base ou no topo.
Avante MG-010 por lugarejos isolados, agora em um trecho não pavimentado. As bucólicas Serro, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras exibem a força da Serra do Espinhaço. Serro ainda preserva um rico casario colonial barroco.
Completando a primeira etapa da viagem, Diamantina agrega tudo o que foi visto até aqui em maior ou menor escala, acrescentando um toque de musicalidade típica. Duas vezes por mês, entre março e outubro, músicos se apresentam nas sacadas dos casario da Rua da Quitanda entoando cânticos populares. Moradores mais ilustres da cidade, Chica da Silva e Juscelino Kubitschek têm sua história dissecada nos museus.
Há duas maneiras de regressar a Belo Horizonte: a rota mais rápida é pelas BRs-429 e 040, via Curvelo, mas quem gostou muito do caminho de ida, pode usá-lo na volta, afinal o visual é muito mais bonito.
Chegando na capital mineira, siga pelo Anel Rodoviário e pela temível BR-381, famosa pelas curvas e trânsito pesado. O sufoco dura 80 km, mais precisamente até o trevo de Barão de Cocais. Siga em direção a Santa Bárbara e Catas Altas, cidadezinhas barrocas que dividem a glória de dividir o Parque Natural do Caraça, que pertence a Catas Altas, mas o acesso é por Santa Bárbara. Natureza e história se misturam no parque. Entre uma cachoeira e uma caminhada, sobra tempo para conhecer a igreja gótica e o museu do santuário.
A viagem segue em direção às principais cidades históricas de Minas Gerais: Mariana e, principalmente Ouro Preto oferecem uma lista enorme do que fazer em alguns dias de visita. Você sairá craque nos assuntos Inconfidência Mineira e vida e obra de Aleijadinho e Mestre Ataíde. A ordem é gastar bastante a sola do sapato pelas ladeiras e só usar o carro quando for de uma cidade a outra.
Reserve um fim de semana para conhecer Lavras Novas, um distrito de Ouro Preto com a cara do inverno. Pousadinhas rústicas estão espalhadas pelo vilarejo, em que os programas típicos são caminhar por sua rua central cheia de pedras e contemplar a bela vista do alto da Serra do Trovão ou mesmo do mirante do final da vila.
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