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O que fazer em Itu em um bate-volta de São Paulo

O rico casario colonial do centro, o ateliê do Kobra, as fazendas na área rural e os gigantismos da "Cidade dos Exageros"

Por Caroline Dalla Vecchia
Atualizado em 25 abr 2024, 19h21 - Publicado em 25 abr 2024, 10h00

Graças ao enorme orelhão da Praça Padre Miguel, aos gigantismos da Praça dos Exageros e aos souvenires de tamanho desproporcional, Itu ainda preserva a fama de “Cidade dos Exageros” – apelido que ganhou nos anos 1960 por causa do personagem Simplício, do humorista ituano Francisco Flaviano de Almeida. Mas a cidade a pouco mais de 1h30 de São Paulo também tem importância histórica, identificável no belo conjunto arquitetônico do centro. Na área rural, parques, fazendas e roteiros de trem entretêm os turistas nos finais de semana. A seguir, veja opções de passeios de um dia em Itu:

1. Centro Histórico

No centro da cidade, o casario histórico e a grande quantidade de igrejas remontam ao fim do período colonial, quando Itu era uma das vilas mais ricas de São Paulo. Ali é preferível passear a pé, pois as ruelas mantém o tamanho original de quando havia apenas cavalos e carroças e podem ficar abarrotadas mesmo com o menor volume de carros (principalmente durante a semana).

Um bom começo é a Igreja do Patrocínio, de 1820, na Praça Regente Feijó. O templo guarda o túmulo de madre Maria Theodora Voiron, uma missionária e educadora em processo de beatificação. Seguindo em direção ao centro, é só entrar à direita na Travessa do Carmo e seguir em direção à Praça da Independência para encontrar a barroca Igreja de Nossa Senhora do Carmo, de 1791. O teto e paredes foram pintados a óleo, técnica rara no período colonial, pelo padre Jesuíno de Monte Carmelo.

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Da Praça da Independência, basta caminhar pela Rua Barão do Itaim para chegar no Museu Republicano. O casarão onde está o museu sediou em 18 de abril de 1873 a Convenção de Itu, movimento criador do partido republicano paulista que impulsionou a Proclamação da República, em 1889. No andar superior, uma escrivaninha usada pelo ex-presidente Prudente de Moraes e um piano inglês do século 19 estão entre as raridades. O museu fechou para reformas e prevenção contra incêndios no final de 2020 e reabriu em maio de 2023.

Alguns passos adiante, a Praça Padre Miguel é a casa do Semáforo Gigante e do Orelhão de Itu, duas instalações que contribuíram para a fama de “Cidade dos Exageros”. Apesar de ser mais novo que as construções no entorno, como a Igreja Matriz Nossa Senhora da Candelária, de 1780, o enorme telefone público certamente já é considerado uma atração histórica pelos visitantes mais novos. Ao redor da praça, lojinhas vendem souvenires de tamanho exagerado e a Lanchonetinha vende coxinhas, lanches, pastéis e pedaços de pizza gigantes.

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O Museu da Energia é a última parada no centro, localizado no quarteirão após a praça, na Rua Paula Souza. O sobrado de 1847 abriga o acervo sobre a eletricidade, com candelabros, lustres, vitrolas e rádios ilustrando a história da energia no país. Maquetes de casas equipadas nos padrões dos anos 10, 30 e 50 exibem aparelhos e automóveis da primeira metade do século 20.

A imagem mostra uma praça com um telefone público gigante e um coreto branco
O caricato orelhão de Itu leva muitos turistas à Praça da Matriz (Webysther Nunes/Wikimedia Commons)

2. Museu FAMA e Ateliê do Kobra

Rua Padre Bartolomeu Tadei, 09 – Alto

A Fábrica de Arte Marcos Amaro (Fama Museu) ocupa o antigo prédio da Companhia de Fiação e Tecelagem São Pedro com um acervo de arte brasileira desde 2018. A fábrica têxtil fechou as portas em 2003 e quatro anos depois o conjunto de galpões do século 20 foi tombado. O artista plástico e colecionador, Marcos Amaro, instalou seu ateliê no espaço em 2012 e inaugurou o museu anos mais tarde.

O acervo tem esculturas, pinturas, fotografias e desenhos de grandes nomes, como Hélio Oiticica e Arthur Bispo do Rosário, que se organizam em mostras temporárias e permanentes ao longo de oito salas expositivas.

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Além das salas, vale o respiro pelo Jardim Dona Helena, onde goiabeiras, abacateiros, jabuticabeiras e mamoeiros se juntam a obras de Tomie Ohtake, Mestre Didi, Carmela Gross e outros artistas brasileiros. O passeio é acompanhado por simpáticos animais como os bem-te-vis e uma família de urubus que vive na chaminé da antiga fábrica. O museu funciona de quarta-feira a domingo, das 11h às 17h. O ingresso custa R$ 10, mas às quartas-feiras a entrada é franca.

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Desde fevereiro, parte do acervo de Eduardo Kobra, artigos pessoais e pistas de seu processo criativo podem ser visitados no Ateliê do Kobra, dentro do FAMA Museu. A entrada é grátis e o espaço abre nos mesmos dias e horários do museu.

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Kobra tem murais espalhados pelo mundo todo e ostenta grandes títulos no cenário da arte urbana, como o de ter pintado o maior mural grafitado do mundo – são 5.742 metros quadrados no quilômetro 35 da Rodovia Castello Branco, em Itapevi.

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O ambiente tem paredes de tijolinho à vista, sofás, poltronas, ferramentas espalhadas em bancadas de trabalho e, para a surpresa de ninguém, é muito colorido. A decoração, claro, é feita com quadros e murais realizados em seus 35 anos de carreira.

Estando lá, não deixe de conferir o mural Os Beijos, de Kobra, que faz parte do acervo do FAMA.

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3. Bar do Alemão

Rua Paula Souza, 575 – Centro

Bar do Alemão é, sem dúvidas, o restaurante mais tradicional de Itu. Fundado em 1902 pela família de imigrantes alemães Steiner, o lugar era originalmente uma padaria onde, depois do expediente, os donos recebiam seus amigos para beber cerveja e comer um bife a cavalo com molho de tomate e cebola. O prato acabou caindo no gosto dos amigos e um restaurante foi agregado aos negócios. Nas primeiras décadas do século 20, o Bar do Alemão foi o primeiro e único estabelecimento do interior de São Paulo a vender chope, o que fidelizou a clientela. Hoje, o que mais atrai as pessoas para o local é o filé à parmegiana (adicionado ao cardápio em 1960) servido numa porção tamanho família, que serve entre quatro e cinco pessoas. O prato acompanha arroz branco a batata frita deve ser pedida à parte.

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4. Praça dos Exageros

Rua José Maria dos Passos, 200 – Vila Padre Bento

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Para retratar a fama da cidade, a recém revitalizada Praça dos Exageros é um parque com objetos e animais em tamanho gigante. A atração é voltada para as crianças, que podem brincar entre enormes peças de xadrez, joaninhas e formigas à la Querida, Encolhi as Crianças, além de lápis e ferramentas dispostas como escorregadores e outros brinquedos. No meio de tudo isso, estão também dois bonecos do personagem de Francisco Flaviano de Almeida, o humorista responsável pelo apelido de “Cidade dos Exageros”.

A foto mostra uma escultura gigante de um homem vestindo uma camisseta vermelha e preta do time ituano
Na Praça dos Exageros, o personagem Simplício é um gigante entre as demais atrações de tamanho desproporcional (Turismo Itu/Divulgação)

5. Parque do Varvito

Rua Parque do Varvito, 400 – Parque Nossa Senhora Candelária

O Parque Geológico do Varvito foi inaugurado em 1995, numa área que antes pertencia a uma pedreira. Ali está em exposição a Pedra do Varvito, nome utilizado por geólogos para denominar uma rocha sedimentar única, formada pela sucessão de camadas que marcam os anos. A rocha de Itu é importante em temos geológicos, pois faz parte do conjunto de evidências de uma extensa idade glacial, ocorrida há 280 milhões de anos, quando o gelo cobriu a região sudeste da América do Sul. Por motivos de segurança, o parque não abre em dias de chuva.

A imagem mostra um caminho rodeado de natureza e com uma pedra em camadas, ou com riscos
A pedra do Varvito possui camadas que comprovam a era glacial na América (Turismo Itu/Divulgação)

6. Parque Maeda

Rodovia Deputado Archimedes Lammoglia (acesso pelo km 18)

O Parque Maeda já foi somente um pesqueiro. Nos últimos anos, porém, a boa estrutura para pesca (com aluguel de equipamentos) tem sido apenas uma das atrações do complexo, que tem atrativos como piscinas com toboágua, passeio a cavalo, de trenzinho e teleférico.

Dentro do parque, também é possível fazer passeios por estufas de morango, um pomar de jabuticabeiras, centenas de pés de lichia, um jardim japonês, rodas d’água e um passeio em plataformas suspensas por três árvores centenárias. Esses passeios devem ser agendados com antecedência pelo telefone (11) 2118-6200. O complexo ainda tem pousada e restaurante.

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7. Fazenda do Chocolate

Diariamente, das 8h45 às 17h30

Na Fazenda do Chocolate é possível caminhar entre pés de cacau, mata nativa, lagoas, playground e os cercados de animais da fazenda, como galinhas, pavões, bodes e até lhamas. Na lojinha, vende-se licores, café e chocolate produzidos na fazenda. Alguns passeios a mais podem ser feitos aos finais de semana, como a visita ao orquidário, passeio de trenzinho até um mirante, a compra de artesanato indígena numa mini aldeia e o almoço no restaurante caipira.

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8. Trem Republicano

Inaugurado em dezembro de 2020, depois de quinze anos de obras, o Trem Republicano é operado pela Serra Verde Express, a mesma empresa responsável pela famosa rota ferroviária que liga Curitiba e Morretes, no Paraná. O passeio é feito em homenagem à Convenção de Itu que aconteceu na cidade em 1873, um dia depois da inauguração da Estrada de Ferro Ituana. A viagem, que tem duração de 40 minutos e percorre um trecho de pouco mais de sete quilômetros, mistura paisagens rurais e urbanas entre Itu e Salto.

Os valores variam de acordo com o vagão e são cobrados por trecho. As passagens estão à venda no site da Serra Verde Express. No site, também são ofertados passeios que incluem, além da viagem de trem, paradas para tours históricos, parques e refeições. Saiba mais sobre os vagões e o passeio aqui. Depois, veja o que fazer em Salto durante a parada.

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Passaporte Experimente Itu

O “passaporte” é um livreto com cinco pontos turísticos da cidade: a Praça Padre Miguel (Matriz), a Praça dos Exageros, o Mercado Municipal, o Parque Geológico do Varvito e o Trem Republicano. Em cada um desses pontos o visitante pode retirar o Passaporte e receber um carimbo de comprovação de visitação ao local.

 

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