Como é a visita à casa de Chica da Silva, em Diamantina
Sobrado onde Chica da Silva viveu no século 18 tem mobiliário que revela o cotidiano da cidade no Brasil Colônia
Francisca da Silva de Oliveira, popularmente conhecida como Chica da Silva, foi uma mulher negra escravizada que nasceu entre 1731 e 1735 no Arraial do Tejuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Depois de ser comprada e alforriada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, Chica ascendeu socialmente e se tornou uma importante personalidade da sociedade colonial mineira.
O sobrado onde viveu com João Fernandes entre 1763 e 1771 foi preservado no centro de Diamantina e pode ser visitado gratuitamente. É uma típica casa das camadas abastadas da cidade no século 18, construída em pau a pique com charmosas sacadas de madeira e detalhes verdes, bem na esquina da Praça Lobo de Mesquita. Além de museu, é a sede do Escritório Técnico do Iphan – a casa é tombada desde 1950.
A curta visita passa por três cômodos no segundo andar da casa e pelo quintal. Em pouco mais de meia hora é possível conferir o mobiliário do século 18 e os itens de louça – são peças que remontam a vida no Arraial do Tejuco, mas nenhum deles pertenceu à Chica da Silva.
Hoje, grande parte da casa está sendo utilizada para abrigar também o acervo do Museu do Diamante, então junto com os itens da Casa de Chica da Silva você verá oratórios, imagens sacras e ferramentas de mineração.
A história de Chica da Silva está envolta em muitos mitos e preconceitos racistas. Por ser negra e ter ascendido socialmente, criou-se a imagem de uma mulher frívola, perversa e vulgar como forma de desqualificá-la. O artista Marcial Ávila cruzou esse imaginário popular com os sete pecados capitais e pintou retratos contemporâneos de Chica, já que ela nunca foi fotografada. Os quadros estão em todos os cômodos da casa.
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Das sacadas, é possível ver a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, financiada por João Fernandes para que Chica pudesse participar das celebrações religiosas. À época, pessoas negras não podiam “passar das torres das igrejas”, então o contratador de diamantes encomendou a construção de uma torre nos fundos do templo para que Chica assistisse à missa sem infringir a lei.
Ainda que frequentasse a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a grande influência de Chica da Silva garantiu a ela uma sepultura na Igreja de São Francisco de Assis, onde apenas pessoas brancas ricas eram enterradas.
A última parte do passeio é no grande quintal nos fundos da casa. Lá você encontra bancos de madeira e muros de pedra, além de um pomar com árvores que ainda dão frutos – olhe para cima e veja bananas, abacates, laranjas, mexericas e mangas.
Serviço
Casa da Chica da Silva
Quando? De terça-feira a sábado, das 12h às 17h30, e domingo, 9h às 12h.
Quanto? Entrada gratuita.
Onde? Praça Lobo de Mesquita, 266 – Diamantina, Minas Gerais.