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Como é a visita à casa de Chica da Silva, em Diamantina

Sobrado onde Chica da Silva viveu no século 18 tem mobiliário que revela o cotidiano da cidade no Brasil Colônia

Por Rebeca de Ávila
Atualizado em 19 ago 2024, 12h27 - Publicado em 16 ago 2024, 20h00
Casa de Chica da Silva, Diamantina, Minas Gerais
 (Isis Medeiros/Divulgação)
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Francisca da Silva de Oliveira, popularmente conhecida como Chica da Silva, foi uma mulher negra escravizada que nasceu entre 1731 e 1735 no Arraial do Tejuco, atual Diamantina, em Minas Gerais. Depois de ser comprada e alforriada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira, Chica ascendeu socialmente e se tornou uma importante personalidade da sociedade colonial mineira.

O sobrado onde viveu com João Fernandes entre 1763 e 1771 foi preservado no centro de Diamantina e pode ser visitado gratuitamente. É uma típica casa das camadas abastadas da cidade no século 18, construída em pau a pique com charmosas sacadas de madeira e detalhes verdes, bem na esquina da Praça Lobo de Mesquita. Além de museu, é a sede do Escritório Técnico do Iphan – a casa é tombada desde 1950.

Casa de Chica da Silva, Diamantina, Minas Gerais
O acervo do Museu do Diamante está temporariamente integrado à Casa da Chica da Silva (Isis Medeiros/Divulgação)

A curta visita passa por três cômodos no segundo andar da casa e pelo quintal. Em pouco mais de meia hora é possível conferir o mobiliário do século 18 e os itens de louça – são peças que remontam a vida no Arraial do Tejuco, mas nenhum deles pertenceu à Chica da Silva.

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Hoje, grande parte da casa está sendo utilizada para abrigar também o acervo do Museu do Diamante, então junto com os itens da Casa de Chica da Silva você verá oratórios, imagens sacras e ferramentas de mineração.

Casa de Chica da Silva, Diamantina, Minas Gerais
Na casa, não há itens que tenham pertencido à Chica da Silva (Rebeca de Ávila/Arquivo pessoal)

A história de Chica da Silva está envolta em muitos mitos e preconceitos racistas. Por ser negra e ter ascendido socialmente, criou-se a imagem de uma mulher frívola, perversa e vulgar como forma de desqualificá-la. O artista Marcial Ávila cruzou esse imaginário popular com os sete pecados capitais e pintou retratos contemporâneos de Chica, já que ela nunca foi fotografada. Os quadros estão em todos os cômodos da casa.

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Das sacadas, é possível ver a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, financiada por João Fernandes para que Chica pudesse participar das celebrações religiosas. À época, pessoas negras não podiam “passar das torres das igrejas”, então o contratador de diamantes encomendou a construção de uma torre nos fundos do templo para que Chica assistisse à missa sem infringir a lei.

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Ainda que frequentasse a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, a grande influência de Chica da Silva garantiu a ela uma sepultura na Igreja de São Francisco de Assis, onde apenas pessoas brancas ricas eram enterradas.

Casa de Chica da Silva, Diamantina, Minas Gerais
Vista da sacada da Casa da Chica da Silva (Rebeca de Ávila/Arquivo pessoal)

A última parte do passeio é no grande quintal nos fundos da casa. Lá você encontra bancos de madeira e muros de pedra, além de um pomar com árvores que ainda dão frutos – olhe para cima e veja bananas, abacates, laranjas, mexericas e mangas.

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Casa de Chica da Silva, Diamantina, Minas Gerais
Além das árvores de frutas, há uma horta no local (Tissiana de A. de Souza/Wikimedia Commons)

Serviço

Casa da Chica da Silva

Quando? De terça-feira a sábado, das 12h às 17h30, e domingo, 9h às 12h.

Quanto? Entrada gratuita.

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Onde? Praça Lobo de Mesquita, 266 – Diamantina, Minas Gerais.

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