Diamantina: passeios, hotéis, restaurantes e mais
A 300 quilômetros de Belo Horizonte, Diamantina, em Minas Gerais, tem um belo Centro Histórico com muitas construções preservadas. Os coloridos casarões coloniais são do século 18, quando a descoberta de diamante e ouro trouxe grande afluxo de riqueza à região do Alto Jequitinhonha, próxima à Serra do Espinhaço. A decadência do ciclo minerador ajudou a preservar a pequena mancha urbana da cidade, cuja economia passou a ser basicamente agrícola na virada do século 20.
No Centro Histórico, o casario foi todo feito com barro e madeira, porque até 1914 os materiais chegavam em lombo de burro, o que limitava a construção. Em 1938, o Iphan tombou o conjunto de casas e em 1999, foi a vez de Diamantina ser declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A melhor pedida para conhecer a cidade é estacionar o carro e partir para um passeio a pé entre as vielas e becos do Centro Histórico. Com o sobe e desce das ladeiras, será inevitável parar para descansar – aproveite para fazer compras nas lojinhas de artesanato e, de vez em quando, ouvir música de fanfarra, seresta e rodas de violão.
O QUE FAZER EM DIAMANTINA
Além do passeio a esmo pelas ruas do Centro Histórico, visitar as igrejas centenárias de Diamantina – são 13 no total – é uma ótima forma de explorar a cidade. Comece pela Catedral Metropolitana de Santo Antônio da Sé, na Praça da Matriz, que está aberta para visitação durante o dia e não cobra ingresso. A construção original data de 1750, mas foi demolida em 1932 para dar lugar à atual Catedral. Por dentro, não é ricamente adornada como as outras igrejas barrocas da cidade, mas ainda vale a visita.
Depois, siga para a Igreja de São Francisco de Assis, construída na década de 1760 na Rua São Francisco, na Praça JK. A localização no alto de um morro – do topo da escadaria, se tem um belo panorama da cidade – e o interior com obras sacras de José Soares de Araújo e Silvestre de Almeida Lopes justificam a visita. Com o ingresso de R$ 7, você pode entrar e subir na torre.
Subindo a Rua São Francisco, não deixe de conhecer a Casa de Juscelino, onde o ex-presidente do Brasil passou sua infância e adolescência. A antiga casa colonial é hoje um pequeno museu com documentos, fotos e móveis que contam a vida pessoal de JK antes da política. Para visitar, é preciso pagar R$ 20.
Outra residência histórica que pede uma visita é a Casa de Chica da Silva, na Praça Lobo de Mesquita. Chica foi uma mulher negra escravizada no século 18, que ascendeu socialmente após ter sido comprada e alforriada por João Fernandes de Oliveira, com quem teve 13 filhos e ficou casada por 16 anos. O casarão onde morou conserva objetos pessoais, mobiliário da época e pinturas atuais que retratam quem foi a mulher. A entrada é gratuita.
A Casa de Chica da Silva está de frente para a Igreja Nossa Senhora do Carmo, construída por João Fernandes de Oliveira, marido de Chica. A torre nos fundos é o que mais chama a atenção quando se está do lado de fora. Segundo a explicação corrente, na época da obra, a legislação não permitia que pessoas negras “passassem das torres das igrejas”, então João Fernandes encomendou a construção daquela forma para que Chica pudesse entrar sem infringir a lei.
A Igreja Nossa Senhora do Carmo é a mais rica de Diamantina, com altar folheado a ouro e obras de Manoel Pinto, José Soares de Araújo e Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Ao longo do ano, ocorrem concertos na igreja com um órgão de 1782. Confira as datas aqui.
Também não deixe de visitar a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a mais antiga de Diamantina, na Praça Dom Joaquim. A construção foi feita por homens escravizados no século 18 e era a única que eles podiam frequentar. Em seu interior, há santos negros no altar de estética rococó e uma representação de Nossa Senhora do Rosário ladeada por anjos e querubins no forro, mas não são permitidas fotos dentro da igreja. A entrada custa R$ 10.
Importante incluir um pulo no pitoresco passadiço que liga dois casarões na Rua da Glória, um dos cartões-postais de Diamantina. As casas foram construídas com um século de diferença (a mais antiga, do século 18, está à direita de quem sobe a ladeira da Glória) e interligadas quando foram transformadas em educandário e orfanato feminino.
A construção da passagem causou polêmica na época, porque era uma forma de conectar os prédios, mas também esconder as moças. Quando a Casa da Glória está aberta para visitações, é possível ver móveis antigos, oratórios e arte sacra, assim como atravessar o passadiço de madeira. Atualmente, porém, está fechada para revitalização.
Conheça ainda o Mercado Velho, na Rua Joaquim Costa, o principal núcleo formador de Diamantina. No século 19, era uma referência comercial que se chamava Mercado dos Tropeiros, onde os vendedores se encontravam. Aos sábados e domingos de manhã, tem música ao vivo durante uma feira com artesanato, queijos, doces, café e cachaças.
Fora do Centro Histórico, invista em passeios nas regiões vizinhas. Diamantina é o ponto de partida do Caminho dos Diamantes, parte da Estrada Real que segue até Ouro Preto e passa pelas pequenas e charmosas cidades de São Gonçalo do Rio das Pedras, Milho Verde e Serro, que podem ser conhecidas em um passeio de um dia.
A 13 km de Diamantina, vale esticar para o Parque Estadual do Biribiri, que abriga cachoeiras e a Vila do Biribiri, um vilarejo perfeito para almoços tradicionais feitos no fogão a lenha e curtir o clima de não fazer nada. Saiba mais sobre a graciosa Vila do Biribiri.
ONDE COMER EM DIAMANTINA
No segundo andar de um casarão na Praça Barão de Guaicui, o self-service do Apocalipse não se limita à culinária mineira: feijão tropeiro, frango com quiabo e costelinha de porco dividem espaço com saladas, sushi, massas e frutos do mar.
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Para o café da tarde, a aconchegante Livraria e Café Espaço B, no Beco da Tecla, tem sanduíches, massas e sorvetes que podem ser saboreados em mesas entre os livros. Elogiado pela seleção de obras, o espaço tem uma seção específica sobre Diamantina.
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O jantar no Relicário Gastronomia, na Rua Joaquim Gomes da Costa, não tem erros. Comandado pela chef Rachel Palhares, o cardápio da casa apresenta carne de lata, risotos, massas e vinhos da Quinta da Matriculada em releituras da tradicional culinária mineira. A decoração do espaço é retrô com antigos aparelhos de televisão, relógios, rádios e brinquedos.
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À noite, vale o Ateliê do Choro, no subsolo de uma casa na Rua das Mercês. O ambiente descontraído se parece com uma galeria de arte, onde ocorrem rodas de choro, samba e jazz.
Outra opção é o Catedral Pub, próximo à Catedral Metropolitana, onde você encontra mais de 100 opções de cervejas e pratos que servem duas pessoas. O bar vai da culinária alemã aos hambúrgueres com carne de sol e ketchup de goiabada, pastéis de angu e caldo de mandioca. As panhocas de filé mignon com molho de gorgonzola são o prato queridinho dos clientes.
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ONDE FICAR EM DIAMANTINA
Diamantina possui algumas boas pousadas, muitas instaladas em antigos casarões com mobília de época. Confortos modernos e café da manhã com delícias mineiras fazem parte da experiência.
Bem no Centro Histórico, o Hotel Tijuco está a seis minutos de caminhada da Casa de Juscelino e a quatro da Catedral Metropolitana. O projeto modernista do local foi assinado por Oscar Niemeyer na década de 1950. São 25 apartamentos (15 deles com varanda) em uma construção no formato de um trapézio invertido com colunas em V.
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Na mesma região, o Pouso da Chica tem 17 quartos ao lado da Igreja Nossa Senhora do Carmo com wi-fi, televisão e frigobar. O local serve torradas com caldo feito no fogão a lenha como cortesia. Perto da pousada, está o restaurante Relicário Gastronomia.
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A Pousada Relíquias do Tempo abriga um pequeno museu sobre Diamantina e uma cervejaria. A construção tem 29 apartamentos, biblioteca, capela, sauna, piscina e estacionamento. A decoração do espaço tem peças do século 19 que pertenceram ao bisavô da dona. O café da manhã é servido ao redor do fogão a lenha.
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Próxima ao Mercado Velho e à Rua da Quitanda, a Pousada Vila do Imperador tem 12 apartamentos com televisão, wi-fi e ventilador para até quatro pessoas. Na única suíte do hotel, há uma banheira de hidromassagem.
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Distante do Centro Histórico, perto da entrada da cidade, o Diamante Palace Hotel tem dois andares e 48 pequenos apartamentos, todos com ventilador, wi-fi e frigobar.
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QUANDO IR PARA DIAMANTINA
Entre abril e outubro, ocorre a Vesperata, a maior manifestação musical de Diamantina. No evento ao ar livre, músicos do 3º Batalhão da Polícia Militar e da Banda Sinfônica Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz sobem nas sacadas dos casarões para apresentar obras do cancioneiro popular em concertos noturnos na Rua da Quitanda.
Os dias antes da Vesperata também tem atrações. Às sextas-feiras, ocorrem serestas nas ruas e apresentações no Mercado Velho, onde ocorre uma feira de artesanato com mais apresentações aos sábados. No domingo, ocorre o Sarau Arte Miúda na Igreja São Francisco às 9h30. Confira a programação de 2024 aqui.
A Semana Santa, em abril, tem como um de seus destaques a encenação da Sexta-Feira da Paixão, com cerca de cem guardiões romanos e duzentos outros participantes reproduzindo a Via Sacra, entre duas igrejas da cidade, que mudam a cada ano. A crucificação encerra a apresentação. À noite, a procissão de sepultamento vai da Catedral Metropolitana até a Igreja Nossa Senhora do Carmo. Na manhã do Domingo de Páscoa, as ruas são enfeitadas com flores, areia e serragem, e nas janelas dos sobrados surgem colchas e toalhas coloridas.
No Carnaval, a cidade também fica cheia. Os desfiles de batuques e blocos pelas ruas do Centro Histórico deram fama à festa de Diamantina. Grupos como o Bartucada e Bat Caverna atraem turmas de universitários, que lotam pousadas, casas alugadas e repúblicas. Madrugada adentro, os jovens invadem a Praça do Mercado Velho para curtir os shows.
COMO CIRCULAR POR DIAMANTINA
A maior parte dos pontos turísticos está no Centro Histórico., onde as pernas são o melhor veículo para curtir com calma Diamantina e prestar atenção em cada um dos charmosos casarões nas ruas de pedra. Mas andar pelas ladeiras e calçadas irregulares pode não ser a melhor escolha para quem tem dificuldades de locomoção, então é possível se locomover de carro.
Apesar da Uber não funcionar na cidade, Diamantina tem seu aplicativo de corridas próprio, o Buski (disponível para iOS e Android). Para solicitar uma viagem, a dinâmica é a mesma da plataforma americana, basta inserir o endereço, escolher uma categoria de veículo e uma forma de pagamento.
COMO CHEGAR EM DIAMANTINA
Localizada a 300 quilômetros de Belo Horizonte e a 720 de Brasília, Diamantina é acessível pela BR-367, ligada à BR-259, que sai da BR-040 (BH-Brasília), na altura de Curvelo.
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