Quem chega a Natal de avião deve lutar por um assento na janela da aeronave. Em território brasileiro, a chegada na capital potiguar só perde para o Rio de Janeiro e Fernando de Noronha. Tudo por “culpa” da profusão de dunas que teima em rivalizar com as edificações e o Oceano Atlântico. A composição sol, praias, dunas, pousadas transadas, resorts urbanos e bugues ajuda a explicar o sucesso do destino entre brasileiros e estrangeiros. Colabora ainda o trecho turístico da cidade não ter problema algum com tráfego intenso de automóveis. Para compreender a geografia da cidade, Ponta Negra é a praia mais conhecida e Via Costeira é uma avenida ladeada de resorts urbanos e dunas, que separa Ponta Negra da área central de Natal.
Dia 1
O despertar em Natal é sedutor. Excetuando os poucos hotéis situados nos bairros de Petrópolis e Tirol, todos estão próximos da orla, com alguma vista do marzão bem em frente. Quem se hospeda na praia da Ponta Negra ainda ganha um bônus. Aproveitado a localização geográfica entre as dunas do Morro do Careca e do Parque das Dunas, quase todos os hotéis montaram sua sala de café de forma que o hóspede possa curtir tal cenário.
Em extensão territorial , Natal é a segunda menor capital (superior apenas à capixaba Vitória). Tanto que o seu passeio mais clássico e obrigatório ocorre em praias, dunas e lagoas dos arredores: todo o primeiro dia será dedicado ao famoso passeio de bugue para Genipabu. Você já dever ter ouvido a expressão “com ou sem emoção”, correto? Hoje é o dia.
Cena corriqueira nas manhãs da cidade, uma profusão de coloridos bugues atravessam toda a orla como um formigueiro, cruzam a Ponte Newton Navarro, seguindo por mais 16 km até atingir as areias de Genipabu. Se o intuito for economizar uns trocados, considere ir de carro próprio e negociar com a associação de bugueiros do local.
Logo de cara, o crème de la crème, o com ou sem emoção. Do alto das dunas móveis, o bugueiro faz a tão aguardada pergunta. Tempo para responder, crianças e os menos audazes ficam por ali. Os corajosos encaram íngremes descidas, subidas e manobras no meio das dunas. Nessa mesma etapa do passeio, dromedários ficam a disposição para uma volta pelos montes de areia.
Após atravessar um rio a bordo de improvisadas balsas de madeira movidas a remo (um bugue por vez) chega-se na praia de Graçandu. Com o perdão do trocadilho, um tanto quanto sem graça. Vale apenas fazer um pit stop nas barracas para provar um espetinho de lagosta. Logo depois, o bugueiro vai tentar te levar para a “cachoeira”. Mande seguir reto, nem perca o seu tempo, a dita cuja deve ter pouco mais de um metro.
A estrada passa por uma dourada sequência de dunas separando Graçandu de Pitangui. Noveleiros de plantão reconhecem-na como o “Deserto do Saara” exibido na novela O Clone.
Dilema do dia: há duas lagoas no meio do percurso. Visitar ambas significa menos tempo para curti-las. A Lagoa do Pitangui é daquelas para alternar um prazeroso banho com momentos de relax nas espreguiçadeiras. Com acesso por uma duna enorme, a Lagoa de Jacumã é o palco dos famosos esquibunda e aerobunda. Na primeira modalidade, você senta numa prancha de madeira e, se conseguir, chega à lagoa completamente à milanesa. No aerobunda, a descida é feita por cabo de aço, mergulhando velozmente nas águas.
O fim de tarde com as dunas de Genipabu ao fundo combinam bem com uma cerveja bem gelada.
Ao lado do Centro, Petrópolis é o bairro chique e animado da cidade, repleto de bares e restaurantes. Ainda que frequentado maciçamente por natalenses, turistas são mais do que bem-vindos no bairro. A culinária sertaneja dita o menu do Âncora Caipira, casa estrelada pelo GUIA QUATRO RODAS BRASIL 2013. A carne de sol cozida na nata satisfaz uma família inteira. Com uma pegada mais romântica, o Dolce Vita e o Cascudo Bistrô ainda se destacam pela competência de sua cozinha.
Dia 2
Ponta Negra é cênica, tem mar calmo e muitas barracas na orla. Mas a estreita faixa de areia e alguns pontos bem movimentados faz repensar a esticada da canga por lá.
Vale mais a pena pegar o carro e seguir ao sul pela Rota do Sol. Vá resistindo à tentação e rode por uns 25 km até chegar à Barra da Tabatinga. Não sem antes, claro, parar no maior cajueiro do mundo, situado na praia de Pirangi do Norte. Devido a uma mutação genética, a árvore ainda cresce de forma avassaladora, consumindo parte das ruas que a cercam.
Sabe aquelas praias que a altura da maré faz toda a diferença? Assim é Barra da Tabatinga. Praia de tombo em forma de ferradura com uma extensa barreira de recifes ao longe, na maré baixa é possível chegar aos corais praticamente caminhando. Na maré alta, o mar se transforma vertiginosamente, tornando território de surfistas. Nesse caso, famílias podem curtir a vista do mirante – golfinhos costumam aparecer na praia – e partir para a praia vizinha de Búzios, que, apesar de extensa e ondas de moderadas para forte, tem um trecho conhecido como Pirambúzios, ideal para crianças.
No meio do caminho de volta, a parada para encher o estômago com uma refeição pra lá de calórica. No restaurante Paçoca de Pilão, dona Adalva Rodrigues e seus familiares preparam uma caprichada paçoca pilada manualmente e servida com vários acompanhamentos. Se o dia estiver propício sente nas mesinhas da frondosa varanda.
O período vespertino será todo dedicado aos atrativos próximos do Centro natalense. Outrora praias de estirpe, Meio e Artistas viraram praticamente pontos de passagem pra chegar ao Forte dos Reis Magos. Como o nome indica, a edificação construída em forma poligonal está intimamente ligada à fundação da cidade. Situado na barra direita da foz do Rio Potengi, o acesso é feito por uma passarela. Nem joias, nem armas, a maior preciosidade do forte é o Marco de Touros, o primeiro documento histórico do país – o mais antigo marco da colonização portuguesa.
Forte dos Reis Magos, em Natal, no Rio Grande do Norte
Um dia e meio em Natal e nada de compras? Chegou o momento. Antiga prisão do século 19, encontra-se todo o tipo de artesanato potiguar nas dezenas de antigas celas do Centro de Turismo. Você enche as sacolas e ainda recebe o pôr do, sol como brinde – o Centro de Turismo fica na parte alta da cidade, com vista para as praia mais centrais e o Forte dos Reis Magos.
Com direito a uma animada esticada, a noite será toda reservada a Ponta Negra. Sucesso de crítica e público, o Camarões Potiguar usa elementos regionais na decoração e possui uma bonita vista para a praia. Satisfazendo os comensais, o crustáceo aparece em 11 pratos principais. Adeptos das receitas tradicionais podem optar pelo infalível camarão à grega ou o camarão no abacaxi. Quem não dispensa novos sabores e combinações podem apostar no camarão ao Seridó, refogado com manteiga de garrafa e servido com arroz de leite e quijo coalho.
O trecho do bairro conhecido como Alto da Ponta Negra concentra bares e boates. Lá, você pode comer uma tapioca na Casa de Taipa, curtir ótimas bandas de blues e rock no Taverna Pub Medieval (localizado dentro do inusitado e famosíssimo Lua Cheia Hostel), ou dançar até se acabar no Rasta Pé.
Para quem tem mais dias
– Faça uma trilha no Parque das Dunas de Natal. A caminhada sai da sede do parque e segue pelos montes de areia até à Via Costeira.
– Almoce no Mangai e viva uma grande experiência em comida nordestina – mais de 50 receitas são expostas no bufê.
– Caminhe pelo Centro Histórico de Natal e descubra palácios e as obras do folclorista Luís da Câmara Cascudo.
– Embarque em uma escuna tendo como destino as piscinas naturais de Pirangi do Norte.
– Faça um bate-volta até Tibau do Sul e Praia da Pipa, com direito a muitas falésias e observação de golfinhos.
– Passe um dia mergulhando nos parrachos de Maracajaú.
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