Em 1909, um grupo de famílias se reuniu em uma praia ao sul da milenar cidade portuária de Jaffa, hoje Israel, para um sorteio usando conchas: as acinzentadas foram marcadas com os nomes dos participantes, enquanto as conchas brancas designavam terrenos nas redondezas. Desse jeito informal e peculiar, Tel Aviv, que significa “colina da primavera”, foi fundada há 110 anos como a primeira cidade judaica moderna. Um lugar cosmopolita, com um pé no futuro e singularmente secular – em um país onde a religião movimenta a vida cotidiana.
Tel Aviv sabe combinar história, cultura e vida noturna como poucas e, não raro, é comparada a Barcelona ou ao Rio. Passeie por suas ruas sinuosas e você encontrará a arquitetura Bauhaus lindamente restaurada, edifícios de pedra centenários e mercados vibrantes. O sol brilha 300 dias por ano, e os seus 500 mil habitantes – dos quais 1 em cada 3 tem menos de 35 anos –, aproveitam a vida ao ar livre na praia, em boulevards e rooftops.
A agitação nas ruas é uma marca, com moradores e expatriados tomando cafés em mesinhas nas calçadas. Devido a seu tamanho compacto, que inclui a árabe Jaffa (ou Yaffo, em hebraico), a cidade pode ser tranquilamente percorrida a pé e os pontos de interesse são facilmente acessíveis, e tudo a poucos passos do Mediterrâneo azul safira.
Praias de Tel Aviv
São 14 quilômetros de praias onde casais, famílias, surfistas e adoradores do sol se encontram. A estrutura na orla é incomparável: a maioria oferece banheiros limpos, chuveiros ao ar livre e cadeiras ou espreguiçadeiras que você pode alugar. Há ainda redes de vôlei, caiaques, pranchas de surf e equipamentos de mergulho. Você verá rodas de tambores, malabaristas e dançarinos de capoeira no trecho conhecido como Banana Beach e, sem pestanejar, virá a pergunta: estou no Rio?
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Ao contrário da sagrada Jerusalém, onde o olhar se volta para o eterno, Tel Aviv vive para o momento, o mundano e leva a sério a diversão. Como dizem os locais, geralmente em um inglês perfeito, “while Jerusalem prays, Tel Aviv plays” (ou, “enquanto Jerusalém reza, Tel Aviv se diverte”).
O pôr-do-sol das sextas-feiras traz o Shabat (dia de descanso semanal no judaísmo) e, enquanto a maioria das outras cidades israelenses ficam completamente fechadas, Tel Aviv permanece cheia de atividades.
Arquitetura
Quando a Escola de Arquitetura Bauhaus, na Alemanha, foi fechada pelos nazistas, seus diretores e estudantes se dispersaram pelo mundo. Entre eles, três arquitetos emigraram para a Palestina, na época controlada pelos britânicos. E foi na jovem Tel Aviv que encontraram a oportunidade de ajudar a construir uma nova cidade.
Com 4.000 construções feitas no estilo Bauhaus, a Cidade Branca de Tel Aviv recebeu o status de Patrimônio Mundial da Unesco em 2003. Visite o Bauhaus Center para organizar um tour exclusivo ou junte-se aos grupos que, acompanhados de um guia, fazem uma excursão pelos principais marcos arquitetônicos todas as sextas-feiras (nos demais dias, você pode fazer o tour com um áudio-guia; exceto aos sábados).
Comer e beber
Saboreie a nova cozinha israelense no excelente restaurante Alena, do hotel Norman, um dos mais elegantes endereços da cidade. Ou conheça o Claro, situado na destilaria de um antigo complexo construídos pela Ordem dos Templários, para provar ingredientes locais e sazonais, em um ambiente animado. O pequeno North Abraxas, do famoso chef Yael Shani, é um dos favoritos dos locais.
A produção de vinho, embora tenha tradição milenar na região, só nos últimos anos vem sendo mais reconhecida mundo afora. A apenas 40 minutos de Tel Aviv, nas Colinas de Judea, estão algumas das melhores vinícolas do país, incluindo a Tzora Vineyards, cujo vinho Misty Hills recebeu 93 pontos da revista Wine Spectator. Shira Granot, especialista em vinhos e fundadora da The Wine Side, abre as portas para os melhores produtores em pequenos grupos guiados ou tours personalizados.
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Hospedagem
Embora a orla marítima seja cercada por grandes cadeias de hotéis, para uma experiência autêntica e sofisticada, escolha um dos muitos hotéis boutique da cidade. Localizado em um edifício estilo Bauhaus, em uma rua fechada para carros, o Poli House possui interiores criados pelo egípcio Karim Rashid – que já foi tema de exposição no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo – e piscina com vista para a cidade no terraço.
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Passeio e compras
Junte-se aos locais para um passeio pela Rothschild Boulevard, artéria que corta a cidade, ligando o bairro histórico de Neve Tzedek à Cidade Branca, onde se concentram os melhores exemplos da arquitetura Bauhaus. As ruas sinuosas de Jaffa convidam para um passeio sem pressa, paradas para a compra de fragrâncias personalizadas em Zielinski Rozen ou de cerâmicas dos principais artistas israelenses na cooperativa 8, em Jaffa.
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Eveliny Bastos-Klein é especialista em comunicação e marketing e fundadora da EBK Public Relations que tem sede em Miami e filiais em São Paulo e Tel Aviv – não por acaso, são suas cidades favoritas no mundo.