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Portugal: Nazaré é palco de ondas gigantes e referência no surfe

A cerca de 120 km de Lisboa, a cidade de pescadores tornou-se destino certo para quem busca grandes ondas. Entenda como elas se formam

Por Valentina Bressan
14 ago 2024, 16h00
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Forte de São Miguel Arcanjo é ponto privilegiado para observar os surfistas de ondas gigantes (Andrey Masiero/Unsplash)
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O surfe só se tornou um esporte olímpico em 2020. Por enquanto, as únicas modalidades disputadas são o shortboard masculino e feminino. Mas no circuito de surfe existem campeonatos inteiramente dedicados ao surfe em ondas gigantes. A prática nasceu no Havaí e se espalhou pelos lugares do mundo que apresentam condições favoráveis, como a Califórnia, a Austrália, a África do Sul e, mais recentemente, Nazaré, em Portugal.

A “descoberta” de Nazaré – uma pacata vila de pescadores a 120km de Lisboa – no mundo do surfe aconteceu por volta de 2010, quando o norte-americano Garrett McNamara chegou à Praia do Norte para deslizar em suas ondas gigantes. No ano seguinte, ele registraria o recorde mundial até então de maior onda surfada, com 23,77 metros.

De lá para cá, esse recorde já foi sucessivamente superado algumas vezes. Em março de 2024, uma onda surfada pelo brasileiro Lucas Chumbo em Nazaré pode ter sido a maior da história, entre 27,4 e 30,48 metros. O esportista ainda aguarda a homologação do Guiness World Records.

Por que ondas gigantes se formam em Nazaré?

As ondas gigantes são um fenômeno espontâneo nas águas, mas em geral, pouco frequentes. A costa de Nazaré tem uma característica geográfica especial, que favorece a formação de ondas tão altas: a cidade fica em frente a uma espécie de cânion submarino com mais de 200 km de extensão, que chega a uma profundidade de 5 mil metros.

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A estrutura geológica, que data de milhões de anos, formou um tipo de funil rochoso no fundo do mar na costa de Nazaré. Esse vale submarino, somado a um choque de correntes marinhas no litoral português, faz com que ondas de 20 a 30 metros se formem.

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A observação do surfe atrai curiosos na época das ondas gigantes. Para quem vai surfar, só é possível chegar às ondas com ajuda de jet-ski (Tiago Ferreira/Unsplash)

Inverno é temporada de surfe em Nazaré

No período entre outubro e março, que corresponde ao outono e ao inverno europeus, Nazaré é um dos destinos mais procurado pelos surfistas de grandes ondas. As competições de surfe que ocorrem na cidade nessa temporada também costumam atrair turistas e curiosos.

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Para os esportistas, é preciso um preparo prévio para surfar as ondas gigantes. Além de passar por um treinamento físico e psicológico, eles precisam estar prontos para passar de segundos a minutos embaixo d’água, sem respirar – é o chamado treinamento de apneia.

Como não é possível simplesmente remar até a onda, como se faz em outras praias, os surfistas precisam ser rebocados por jet-skis até o ponto certo do paredão de água. Chamado de tow-in surfing, esse estilo de esporte surgiu no Havaí, em 1990.

Mesmo com todo o preparo, a aventura não vem sem riscos: há diversos registros de acidentes graves com surfistas na região. Em janeiro de 2023, o brasileiro Márcio Freire foi o primeiro surfista a morrer após um acidente enquanto surfava em Nazaré.

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A brasileira Maya Gabeira, que quebrou o recorde feminino ao surfar uma onda de 22,4 metros, também já sofreu um acidente em 2013 no local. Enquanto o recorde de Lucas Chumbo não é confirmado, o pódio masculino fica com o alemão Sebastian Steudtner que, no mesmo ano, conseguiu surfar uma onda que atingiu 26,21 metros acima do nível do mar.

Opções para quem prefere ficar em terra firme

O Forte e o Farol de São Miguel Arcanjo, erguidos no século 16, guardam exposições relacionadas ao surfe. Quem não encara as ondas gigantes também pode aproveitar a Praia de Nazaré –  conhecida como Praia da Vila –, que possui restaurantes e cafés na orla. A gastronomia local inclui, é claro, pratos com muitos frutos do mar.

Uma das principais atrações da cidade é o Elevador de Nazaré, um funicular que liga o centro às falésias. Inaugurado originalmente em 1889, ele segue funcionando, e proporciona uma vista de cima da cidade. A vista também é protagonista no Miradouro de Suberco, ótimo ponto para assistir ao pôr do sol.

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Não deixe de conhecer ainda a Ermida da Memória, uma capela decorada com os tradicionais azulejos portugueses dos séculos 17 e 18. Ela foi construída em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré, santa que teria realizado um milagre na cidade.

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Azulejos portugueses se destacam na Ermida da Memória (Município de Nazaré/Divulgação)

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