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Paris pela primeira vez: 4 dias perfeitos na Cidade Luz

Na Olimpíada ou além, um roteiro com os clássicos eternos: Louvre, Champs Elysées, Versalhes, Île de la Cité, o Sena, o Arco, a Torre e mais

Por Victória Martins
Atualizado em 4 jul 2024, 16h04 - Publicado em 2 jul 2024, 12h00

Há algo de mágico em virar a esquina na saída da estação de metrô Concorde e dar de cara com a Torre Eiffel, reinando absoluta sobre Paris. Não é o melhor ângulo do monumento e, certamente, não será a melhor vista da sua viagem. Mas ali, entre um suspiro sonoro e outro, com o coração batendo mais forte, você talvez comece a entender que, sim, você realmente está na Cidade Luz e, sim, ela é tão especial quanto você sempre imaginou. 

Voltando algumas casas: antes de Paris, eu estava em Bruxelas e foi lá que eu embarquei em um ônibus da Bla Bla Car, na estação Gare du Midi. Quatro horas depois, desci na Gare Bercy Seine, em Paris. Mais rápido – e mais caro – teria sido fazer o percurso Bruxelas e Paris de trem, com a Eurostar, que chega à Gare du Nord em cerca de 1h30. 

Paris encanta com suas ruas charmosas; arrebata com museus que guardam algumas das peças mais impressionantes da história da arte; envolve com a criatividade de sua moda, a elegância de sua gastronomia, sua deslumbrante arquitetura; conquista a cada vez que o Rio Sena surge inesperadamente à vista, entre um passeio e outro. Eu resolvi fazer essa viagem em dezembro, em pleno inverno, e o roteiro de 4 dias que eu narro a seguir é para iniciantes – como eu era – e pode ser feito em qualquer época do ano. 

Um parisiense com sua trotinete e o Arco do Triunfo ao fundo
Um parisiense com sua trotinete e o Arco do Triunfo ao fundo (Max Avans/Pixabay)

Dia 1

Destrinchar tudo isso em poucos dias é um desafio, mas começar na Place de La Concorde é estratégico para quem quer percorrer logo de cara o filé turístico, concentrado nos Arrondissements 1, 7 e 8 (Paris é dividida em 20 arrondissements, que são zonas demarcadas em formato de espiral e numeradas a partir do centro da cidade). A praça, uma vez palco da execução de Maria Antonieta e Luís XVI, é casa de um enorme obelisco egípcio e, para a Olimpíada que começa agora em julho, vai se tornar o epicentro dos jogos e sediará as competições de basquete 3×3, skate, bmx freestyle e breakdance. Se você for para os jogos ou se passar pela cidade até novembro, a paisagem será muito diferente da que eu eu vi: você só conseguirá acessar a Concorde com um ingresso para ver as competições.

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Bem ao lado, o Jardim das Tulherias é uma ótima para respirar sem pressa a atmosfera parisiense e mergulhar no impressionismo de Claude Monet no Musée de l’Orangeries. No fim do ano, também dá para tomar um vinho quente e comprar presentes no mercado de natal que é montado ali, o maior da cidade. O jardim se estende até o Museu do Louvre, mas o deixemos para depois: antes, dê meia volta no sentido da Place de La Concorde para cair na opulenta Avenue des Champs Elysées, uma das mais famosas do mundo. Percorra-a observando as lindas boutiques, o paisagismo e a vida ao redor, parando para um clássico parisiense: os macarons da Pierre Hermé, no número 86, ou no lado oposto, da Ladurée. Ao fundo, vê-se logo o magnífico Arco do Triunfo, erguido por ordem de Napoleão Bonaparte para comemorar as vitórias do seu exército – use a passagem subterrânea para chegar perto e começar a ascensão pelos seus 284 degraus. 

As Ninfeias: a maior obra de Claude Monet está exposta em um salão oval do Musée de l’Orangeries
As Ninfeias: a maior obra de Claude Monet está exposta em um salão oval do Musée de l’Orangeries (Sailko/Wikimedia Commons)

Dali, caminhe até o Jardin du Trocadéro para enfim ver a Torre Eiffel em sua melhor moldura e tirar aquela foto matadora (ou várias, à medida que você se aproxima da Torre). Para subi-la, o ingresso com antecedência é imprescindível – quem não tiver o seu poderá amargar até 5 horas na fila na alta temporada. Mesmo do chão, porém, ela tira o fôlego; quando anoitece e as luzes se acendem, não dá para segurar a emoção.  

Sobrou disposição? Vá margeando o Sena a pé (ou tome o trem RER C) até o Musée D’Orsay, que fica aberto até 21h45 às quintas-feiras. Instalado em uma antiga estação de trem, tem uma lindíssima coleção impressionista e pós-impressionista, com Renoir, Manet, Cézanne e Paul Signac, além da primeira versão de A Noite Estrelada, de Van Gogh, e dois andares dedicados à Art Nouveau.

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A majestosa torre vista da Place du Trocadéro
A majestosa torre vista da Place du Trocadéro (Nuno Lopes/Pixabay)

Dia 2

O segundo dia pode começar com um free walking tour por Montmartre, recomendado para entender a fundo a história política, artística e boêmia da área, já habitada por Van Gogh, Degas e Toulouse-Lautrec. Fui com a Discover Walks, cuja rota passa pelos cabarés, como o Moulin Rouge, moinhos, cantinhos escondidos e, claro, a Basílica de Sacre-Coeur – procure pelos corações marcados com um “A” espalhados pelo bairro, símbolo da resistência anarquista à construção da catedral, na esteira da repressão à Comuna de Paris. Depois, tome o metrô até a estação Opera (linha 3), onde estão a neobarroca Ópera Garnier e, alguns metros adiante, as Galeries Lafayette Hausmann, com um terraço aberto ao público que tem uma boa vista da Torre Eiffel. 

Reserve no mínimo 4 horas para conhecer o Musée du Louvre, mas tenha em mente que ele rende inúmeras visitas e será impossível ver tudo de primeira (são aproximadamente 35.000 obras expostas). A melhor forma de passear pelas coleções é por alas: são três, Richelieu, Sully e Denon, que se espalham por cinco andares – a dica é baixar o mapa do museu com antecedência e se familiarizar com a localização das obras que deseja ver, ainda que, uma vez lá dentro, o planejamento tenda a ir por água abaixo à medida que você vai desvendando as exposições. Sim, a Monalisa é o centro das atenções, mas não faz sentido ir ao Louvre só por ela: o museu é testemunha de quase 10 mil anos de história, desde as fantásticas antiguidades egípcias (minha parte favorita) à verdadeiras joias como A Jangada da Medusa, de Eugene Delacroix, o Código de Hamurabi e as esculturas Escravo Rebelde e Escravo Morrendo, de Michelangelo. 

A escultura Vitória de Samotrácia ocupa lugar de destaque em uma das escadarias do Louvre
A escultura Vitória de Samotrácia ocupa lugar de destaque em uma das escadarias do Louvre (Wellington Silva/Pexels)

Dia 3

Incontornável também é separar um dia inteiro para visitar o Chatêau de Versailles, um templo da opulência e megalomania dos reis e rainhas franceses pré-Revolução. A viagem dura cerca de 1 hora desde a estação Saint-Michel Notre-Dame até a Versailles Château Rive Gauche, a bordo do RER C (€ 4,05 o trecho). Dentro do palácio, todas as rotas apontam para a espetacular Galeria dos Espelhos, mas é incrível observar também a capela, os aposentos de Maria Antonieta e os salões decorados com motivos de divindades gregas; tudo detalhado por um audioguia em português.

Palácio de Versalhes, Paris, França
O Palácio de Versalhes era a residência rural para caça usada pelo rei Luís XIII (Mathias Reding/Unsplash)

Também magníficos são os jardins, ao longo dos quais se espalham belos canais, bosques, fontes e esculturas (na minha visita, infelizmente, várias estavam cobertas por conta do inverno). É praticamente impossível percorrê-lo completamente à pé, mas há como alugar carrinhos elétricos ou subir em trenzinhos que fazem o caminho até à Le Domain de Trianon, propriedades intimistas para onde a realeza fugia quando queria privacidade e relaxamento. De volta à Paris, a sugestão é descer na Saint-Michel Notre-Dame e jantar no Quartier Latin, bairro universitário e boêmio com bons restaurantes a preços modestos – escolhi a La Petite Hostellerie, que tem menu de três passos por € 12, além de fondue e raclette.

Dia 4

No último dia, a pedida é flanar sem muito plano por cantinhos especiais, como Marais, pontuado por charmosos cafés, lojinhas e palacetes (alguns transformados em museus, como o Musée Carnavalet e curiosíssimo Museu da Caça e da Natureza). Observe as elegantes boutiques da Rue des Francs Bourgeois, entre pelas descoladas Rue des Hospitalières Saint-Gervais e Rue de Rosiers, com murais coloridos e ateliers e sente nas mesinhas externas de alguma das simpáticas boulangeries para um croissant e um cappuccino.

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A Fontaine Saint Michel é um dos hits do Quartier Latin
A Fontaine Saint Michel é um dos hits do Quartier Latin (besopha/Wikimedia Commons)

Na sequência, cruze a Pont d’Arcole para chegar à Île de la Cité, ilha no meio do Sena onde estão duas das principais catedrais da cidade, a Notre Dame (com previsão de reabertura para dezembro de 2024) e a Saint-Chapelle, com suntuosos vitrais que retratam a história da humanidade, de Gênesis ao Apocalipse. Termine a manhã cruzando a Pont Saint Michel até o animado Quartier Latin, onde vale à pena ver a bela Fontaine Saint Michel e os prédios do Musée de Cluny, de artes medievais, e da Universidade Sorbonne. Amantes de moda podem dar uma esticada maior até o 8º arrondissement e conhecer a Galerie Dior, museu aberto em 2022 que reconta a história da maison francesa através de seus designs mais icônicos.  

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Ano Novo em Paris

O Réveillon em Paris, que por anos foi tido como um dos menos interessantes da Europa, vem ganhando terreno, sobretudo na região do Arco do Triunfo. Enquanto uma multidão toma a Champs Elysées, o monumento recebe projeções, música, shows de luzes e, quando bate meia-noite, vem a queima de fogos. Amigos e famílias também congregam pelas margens do Sena e ao redor da Torre Eiffel para festejar o novo ano sob as luzes da cidade. Outras formas – mais quentinhas – de começar um novo ano em Paris incluem jantares privados à bordo de cruzeiros no Sena (como os das companhias Bateaux Mouches e Marina), e shows em teatros e cabarés.

Eu, porém, tomei um caminho diferente: aproveitando que o transporte público funciona de graça à partir das 17h e querendo ver a passagem de ano de um lugar menos lotado, decidi seguir para Montmartre e tomar o funicular até a Basílica de Sacre-Coeur, que prometia uma vista privilegiada de Paris para acompanhar as celebrações. Verdade seja dita, ainda que o clima festivo exista, esse não é o melhor lugar para quem faz questão de ver a queima de fogos. Até foi possível ver o céu se iluminar sobre o Arco do Triunfo, mas longe de ter sido uma cena impactante. Mas pouco importa. Passar o Reveillón em Paris, seja onde for, só pode ser sinal de sorte para o ano que se inicia. E quem não quer essa sorte na vida?

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