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Termina a greve em Machu Picchu

A Joinnus não será mais a empresa responsável pelas vendas de ingressos para a cidade inca e um novo sistema deverá ser desenhado e operado pelo Estado

Por Rebeca de Ávila
Atualizado em 31 jan 2024, 18h53 - Publicado em 30 jan 2024, 16h45

Terminou na manhã desta quarta-feira (31) a greve que já durava sete dias e impedia a circulação de trens até Aguas Calientes, vilarejo que é a base para visitar Machu Picchu, e também dos ônibus que levavam visitantes até a entrada da cidade inca. O estopim da greve foi a entrada da Joinnus, empresa de eventos que passaria a ter exclusividade na venda dos ingressos, o que para os grevistas significava o primeiro passo para a privatização do receptivo da maior atração do Peru, que hoje está nas mãos do governo.

Ficou acordado nesta quarta-feira que a Joinnus não será mais a empresa responsável pelas vendas, mas que a comercialização dos bilhetes não voltará a ser o que era por conta fragilidade do antigo sistema e das denúncias de desvio de dinheiro. A partir de agora, o governo peruano vai correr para instituir um terceiro meio de pagamento, que deverá ser desenhado e operado pelo Estado.

Em comunicado no Instagram, o Ministério da Cultura do Peru anunciou que os ingressos comprados para o período de 25 a 31 de janeiro seguem válidos durante o ano de 2024. Os ingressos comprados para outras datas seguem vigentes e nenhum trâmite para troca será necessário. Em caso de devolução, o email de contato é ingresos@culturacusco.gob.pe. O site para a compra de novos ingressos é https://tuboleto.cultura.pe/

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Desde o dia 25 de janeiro, moradores e operadores turísticos de Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo) se organizaram em uma paralisação por tempo indeterminado contra a venda de ingressos ao sítio arqueológico pela empresa peruana Joinnus. 

Na última semana, a comunidade local interrompeu a prestação de serviços, fechou lojas e bloqueou as vias férreas que fazem o transporte da cidade inca até Ollantaytambo, a 60 km de Cusco

O trem é a principal forma de deslocamento até Aguas Calientes, povoado onde os turistas embarcam em ônibus para chegar em Machu Picchu. Por causa da paralisação dos transportes, turistas foram evacuados da cidade.

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Em comunicado oficial, a Embaixada do Brasil em Lima desaconselhou turistas brasileiros a tentarem acessar Machu Picchu por quaisquer vias até a resolução do conflito; leia o o comunicado na íntegra

Os brasileiros podem entrar em contato com a Embaixada pelo email consular.lima@itamaraty.gov.br e pelo telefone +51 985 039 263, em caso de emergências.

A Iperú, entidade peruana de assistência aos turistas, está fazendo atendimentos pelo Whatsapp, com o número +51 944 492 314, e organizando evacuações com as autoridades locais por um formulário. Clique aqui para acessá-lo.

A empresa Incarail, que opera trens para Machu Picchu, disponibilizou o telefone +51 084 501860 e o e-mail devoluciones@incarail.com para consultas, remarcações de viagens e devoluções de dinheiro. 

 

A empresa Joinnus começou a intermediar a venda de ingressos on-line para Machu Picchu e trilhas incas no dia 20 de janeiro. Para a comercialização presencial no Centro Cultural de Machu Picchu, em Aguas Calientes, podem ser reservados até 1000 ingressos por dia. 

Antes, o serviço era realizado em uma plataforma do Ministério da Cultura e administrado pela Direção Descentralizada de Cultura de Cusco. A pasta defende que a terceirização do sistema de vendas foi feita porque a plataforma governamental era vulnerável a fraudes. O órgão revelou que há um rombo de $ 7,5 milhões de soles (R$ 9, 76 milhões) na comercialização dos ingressos em 2023. 

O Coletivo Popular de Machu Picchu, representante de funcionários e moradores da região, alega que a intermediação por uma empresa privada caracteriza a “privatização sistemática” do serviço e do patrimônio cultural. O pagamento à Joinnus de uma comissão de 3,9% sobre os ingressos vendidos também é criticado. 

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A empresa peruana trabalha com a venda de ingressos e a promoção de eventos e turismo. Para o grupo de manifestantes, trata-se de um conflito de interesses, pois a base de dados virtuais a qual a Joinnus terá acesso como intermediadora poderá beneficiar seus próprios negócios. A suspensão do contrato foi apresentada como exigência para que a greve se encerre, assim como a renúncia da ministra da Cultura, Leslie Urteaga. 

Urteaga rechaça hipóteses de corrupção no processo e afirma que a empresa foi contratada por oferecer o menor preço entre outras que participaram da licitação. Além disso, a ministra rejeita a possibilidade de quebra do contrato com a Joinnus. A empresa, por sua vez, comunicou estar disposta a renunciar o recebimento da comissão por seis meses e também se disponibilizou para participar de um novo processo licitatório.

Nesta terça-feira (30), ocorre um dia de trégua da greve. A suspensão temporária é motivada por uma mesa de negociação que acontece hoje entre o Coletivo Popular de Machu Picchu e o governo de Cusco. Por 24 horas, as estradas de trem e o acesso às ruínas estão liberados.

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