Londres: Oxford Street deve virar rua 100% para pedestres
Rua comercial mais movimentada da Europa perdeu visitantes e lojas com a pandemia. Governo busca mudança de perfil para recuperar região
Após décadas de discussão, um velho sonho do governo de Londres parece estar a ponto de sair do papel: a conversão da Oxford Street, a mais movimentada rua comercial da Europa, em uma área livre de carros nos próximos anos.
O anúncio de “novos planos” para tornar o local um espaço totalmente voltado a pedestres foi feito pelo prefeito da capital inglesa, Sadiq Khan, em uma postagem no Instagram em setembro. Ainda não há um cronograma para a conclusão total dos trabalhos, mas em um primeiro momento o projeto prevê a revitalização do trecho oeste da rua até 2027.
Ideia é reverter declínio da rainha das “high streets”
Segundo números do governo de Londres, mais de meio milhão de pessoas cruzam pela Oxford diariamente. Com cerca de 300 pontos comerciais, ela é a mais famosa “high street” – nome tradicionalmente dado à principal rua de uma cidade britânica, onde a maioria das lojas e bancos se instalava – da Inglaterra.
Nos últimos anos, porém, a Oxford Street tem enfrentado tempos de crise. O colapso das vendas durante a pandemia fez vários espaços saírem da região – uma lista de baixas que envolveu até os estabelecimentos mais simbólicos, como a loja de departamentos Debenhans, cuja rede fechou as portas no país inteiro em 2021.
Mesmo com a gradativa recuperação econômica no pós-Covid, muitos pontos tradicionais desapareceram ou mudaram suas características.
“A Oxford Street um dia foi a joia da coroa do setor varejista britânico, mas não há dúvida de que sofreu enormemente na última década. Uma ação urgente é necessária”, escreveu Sadiq Khan em seu anúncio do projeto que, afirma, vai devolver a região aos seus dias de glória.
Conversão em rua de pedestres é debate secular
Há quase 100 anos, políticos e cidadãos londrinos discutem maneiras de manter a Oxford Street atrativa. No começo do século passado, uma das primeiras mudanças radicais foi a proibição da circulação de cavalos e carroças, para acabar com o tráfego lento e reduzir os dejetos na rua.
Já a ideia de tirar os automóveis de cena começou a ser aventada ainda nos anos 1960, mas só começou a ganhar corpo na década de 1990. Mesmo assim, as discussões sempre encontraram obstáculos: enquanto alguns estudos apontam que entregar toda a rua para os pedestres seria benéfico para o comércio, muitos lojistas viam os dados com ceticismo, temendo um fluxo menor em função do desvio das rotas de ônibus e pontos de táxi que operam na área.
Por muito tempo, a solução foi um meio-termo: restringir o tráfego de veículos e tornar a rua cada vez mais estreita, mas sem banir os carros. Agora, o projeto de Sadiq Khan – que foi proposto originalmente em 2017, mas só encontrou guarida no novo governo trabalhista britânico, empossado em julho –, quer dar um desfecho aos debates intermináveis.
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