Four Seasons Vail: mordomia antes e depois do esqui
Não tem tempo ruim: o hotel se encarrega dos equipamentos de esqui e recebe os hóspedes com piscina aquecida e chocolate quente após o dia nas pistas
Esquiar tem os seus perrengues, ainda que eles sejam chiques: o frio, a dificuldade em andar com as botas, o peso dos equipamentos, a fila da gôndola, os tombos. Por essas razões é que faz diferença estar hospedado em um hotel que, além de bem localizado, tenha um serviço pensado para as férias de inverno.
Em Vail, a maior área esquiável do estado do Colorado, nos Estados Unidos, o Four Seasons ocupa uma posição privilegiada entre os dois principais vilarejos – Vail Village e Lionshead – e montou uma verdadeira força-tarefa para que os hóspedes esquiem sem preocupação, ancorada em um serviço de excelência. Para os brasileiros, há um bônus: boa parte do staff é latino-americano e os hóspedes, nos dias em que estive lá, eram em sua maioria mexicanos, de forma que ouve-se espanhol por todos os lados.
Em formato de “U”, a construção imponente com telhados pontiagudos abriga as mais diferentes atividades para se aquecer e, o mais importante, relaxar o corpo na volta das pistas. O destaque é o spa, considerado o melhor do pedaço com seus mais de 1.300m² de salas de tratamento, jacuzzis e piscinas aquecidas – uma delas, ao ar livre, é o cartão-postal do hotel.
Mas há também espaços para que cada um embarque em seu próprio ritual (posso chamar de autocuidado?), como aninhar-se em frente a uma das lareiras e comer algo que aquece o corpo e a alma. Confira, a seguir, como é a experiência de ficar no Four Seasons em Vail:
ACOMODAÇÕES
Alicia Keys tinha feito check-out pouco antes de eu chegar no Four Seasons. Durante os dias em que esteve com os filhos em Vail em janeiro de 2024, a cantora ficou hospedada em um apartamento de 534 m² com seis quartos, duas salas de estar, sala de jantar e cozinha, além de um amplo terraço com jacuzzi e vista para a montanha nevada.
Batizada de Riva Ridge, a acomodação é a maior dentro da categoria de “residências” do Four Seasons (diárias a partir de US$ 5.000). São 23 no total, cada uma com layout e decoração únicos.
O bom gosto do apartamento contemporâneo que coube à Alicia é de cair o queixo, mas durante o tour que fiz pelo hotel a residência que mais chamou atenção foi a Avanti, de quatro quartos e 439 m². Isso porque, na sala de estar, um lado da lareira é decorado com um quadro de Picasso e o outro, com um de Miró. Como se não bastasse, no corredor que leva para os quartos há um segundo Miró e uma enorme escultura de cabeça de dinossauro.
O meu quarto era bem menor que o da Alicia, mas tinha tudo o que eu precisava. O espaço se divide entre um hall de entrada com closet para guardar as volumosas roupas de inverno; um dormitório com sofá em frente à lareira a gás, que se acende ao apertar de um botão; e um banheiro com pia dupla e banheira de imersão. Os mimos incluem amenities L’Occitane, aparelho de som da Bose que se conecta ao celular por Bluetooth e máquina de Nespresso. São 121 quartos no total, todos com 53 m² (diárias a partir de US$ 2.000).
Para quem deseja mais espaço, há ainda a categoria intermediária das 24 suítes (diárias a partir de US$ 2.500). Com áreas entre 78 m² e 99 m², a maioria possui sala de estar separada do dormitório e acomoda confortavelmente até quatro adultos. Uma delas, de 171 m², possui três dormitórios e acomoda até seis adultos.
SKI CONCIERGE
O Four Seasons está bem próximo aos centrinhos dos vilarejos de Vail Village e Lionshead, de forma que você pode andar até restaurantes e lojas. Mas por estar na beira de uma rodovia, o hotel não fica tão próximo da montanha e dos meios de elevação que levam às pistas: tanto a Gondola One, em Vail Village, quanto a Eagle Bahn Gondola, em Lionshead, estão a mais de dez minutos de caminhada. Pode soar pouco a princípio, mas é inconveniente quando você está carregando os equipamentos e vestindo as pesadas botas de esqui ou snowboard.
Mas isso não chega a ser um problema. O hotel oferece um shuttle que me levou ao ponto mais próximo possível de onde eu esquiaria naquele dia – e também nos outros. Para voltar, bastou mandar um Whatsapp para a recepção e em menos de cinco minutos alguém já aparecia para me buscar.
A mordomia continua com o serviço de ski concierge. Se for esquiar em Vail Village, os esquis e bastões estarão esperando você em um chalé que o Four Seasons mantém a um pulo da Gondola One: ali ficam lockers para guardar seus equipamentos; secadores de luvas e botas; lounge com café, chá, chocolate quente e outras bebidas; e uma filial da loja de venda e aluguel de equipamentos Gorsuch.
Em Lionshead Village não há essa infraestrutura, mas, se quiser esquiar por lá, o ski concierge se encarrega de buscar seus equipamentos no locker em Vail Village, levá-los para o hotel e depois transportá-los junto com você no shuttle até a Eagle Bahn Gondola. Os arranjos, mais uma vez, podem ser solicitados por Whatsapp.
Vale dizer ainda que não é preciso sequer sair do hotel para alugar equipamentos. A Gorsuch também está presente dentro do Four Seasons, a poucos passos da recepção. Ali, fui atendida por um argentino de Buenos Aires que providenciou tudo que eu precisava em menos de dez minutos e na sequência já despachou toda a parafernália para o meu locker. Mais cômodo, impossível.
APRÈS-SKI
Après-ski é um termo em francês que se refere às atividades feitas depois de passar o dia esquiando. Muitos fazem uma associação direta com drinques e badalação em bares ao lado das pistas. Mas o après-ski também pode ser sinônimo de relaxamento, de preferência em um ambiente quentinho e aconchegante. O Four Seasons definitivamente se encaixa no segundo cenário.
Um dos rituais de après-ski de Vail consiste em tomar o famoso chocolate quente (US$ 22) do bar Remedy, que fica dentro do hotel, mas recebe também não-hóspedes. À medida que a bebida é despejada na xícara, delicadas casquinhas de chocolate vão derretendo e um enorme quadrado de marshmallow caseiro começa a boiar.
O chocolate quente é de fato uma delícia, mas é a paisagem ao fundo — com a fogueira em chamas, a piscina aquecida ao ar livre exalando vapor e as montanhas nevadas — que torna tudo ainda mais especial. E como uma imagem vale mais do que qualquer palavra, dê logo um play no vídeo abaixo:
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Outra opção é se aconchegar em frente à lareira e aproveitar o fogo para fazer s’mores: o marshmallow espetado em um palito é aquecido até derreter levemente e depois vira o recheio de um sanduichinho de bolacha e chocolate. O kit com todos os ingredientes é cortesia do hotel: basta solicitar na recepção. As crianças amam!
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As guloseimas ajudam a esquentar o corpo e repor as calorias depois de um dia esquiando. Mas nada tem um efeito tão milagroso nos músculos doloridos do que passar umas boas horas no amplo spa do Four Seasons. A massagem customizada de 50 minutos (US$ 230) é providencial: no meu caso, a terapeuta se concentrou na lombar, que vinha me incomodando desde o voo, e as panturrilhas, que são muito ativadas durante o esqui.
Mesmo sem ter um tratamento agendado, os hóspedes podem usar livremente a infra do spa: é só colocar o roupão (um dos mais macios que já vesti na vida) e aproveitar as saunas, as jacuzzis com hidromassagem e as piscinas quentinhas.
As áreas internas são separadas entre homens e mulheres, mas casais podem curtir juntos o lounge com lareira e comidinhas para se servir à vontade (incluindo deliciosos macarons), além das jacuzzis e da piscina que ficam ao ar livre.
Já tinha matado a curiosidade de entrar numa piscina aquecida com temperaturas negativas do lado de fora no Valle Nevado e, friorenta que sou, preferi não repetir a experiência no Four Seasons – ainda mais com tantas piscinas gostosas do lado de dentro do spa. Mas, para quem quiser experimentar, a boa notícia é que há um armário que mantém as toalhas quentinhas, além de uma lareira próxima, para tornar a saída da água mais confortável.
Próximo ao spa há uma sala de jogos charmosa com mesas de bilhar, pingue-pongue e pebolim. O kid’s club poderia ter mais brinquedos, mas é provável que os pequenos nem sintam falta dele: afinal, a rotina na montanha geralmente consiste em passar o dia esquiando, jantar e ir para cama cedo.
GASTRONOMIA
O Flame, que até pouco tempo era uma steakhouse norte-americana por excelência, ganhou toques latinos nas mãos do chef Simon Purvis na temporada de inverno 2023/2024. A mudança mira na quantidade significativa de mexicanos e sul-americanos: ouve-se tanto espanhol em Vail que a estação de esqui poderia ser comparada a uma “Miami na neve”.
Um exemplo é a nova entradinha de aguachile à moda de Sinaloa (US$ 17), prato mexicano com camarões apimentados acompanhados de cebola roxa e pepinos. A criação mais brilhante, no entanto, está entre as sobremesas. O Yuzu Pinecone (US$ 12) consiste em um sorvete de pinhão envolto em uma casquinha de yuzu (fruta cítrica asiática que lembra uma tangerina) salpicada de cacau, de forma que o doce gelado fica no formato e na cor de uma pinha. Acompanham um suave merengue de yuzu, que eu poderia comer puro de tão gostoso, e uma calda à base de mezcal (destilado mexicano que é “primo” da tequila) que consegue deixar tudo ainda melhor. É uma sobremesa imperdível, que por si só valeria a ida ao Flame.
No menu continuam existindo clássicos do estado do Colorado. Grupos de carnívoros podem se banquetear com o Taste of Colorado Rockies (US$ 220), que reúne costela de wagyu, lombo de alce e linguiça de veado. Se não gostar de carnes de caça (ou a fome não for tão grande assim), vale provar só a macia costela de wagyu (US$ 145), que cai bem com o risoto de quinoa trufado com cogumelos (US$ 36). Para uma refeição leve, vá na truta do Colorado com creme de cebola (US$ 42).
O restaurante funciona no jantar, das 17h às 21h, e também no café da manhã, das 7h às 11h. Pela manhã, é possível escolher entre o bom buffet (US$ 44) — com pães, folhados, frios, iogurtes, frutas e estações de omeletes e waffles — ou pedir uma das opções do menu à la carte, como croque madame (US$ 30), avocado toast (US$ 26) e french toast (US$ 22). Somente aos domingos, o Flame serve também um brunch, das 10h às 14h.
Para um café da manhã mais rápido, vale dar um pulo no Speyside Café que fica perto da recepção, bem no caminho para a saída do hotel, e pegar um café e um croissant para a viagem.
O Remedy, por fim, é um bar coringa para lá de aconchegante que funciona das 11h às 23h. Quando estive por lá pela primeira vez, a gostosa salada caesar (US$ 30) foi uma ótima pedida para um almoço leve logo que cheguei. No après-ski, o hit é o famoso e já mencionado chocolate quente (US$ 22) em torno da lareira, ainda que também chamem atenção os drinques clássicos (a partir de US$ 16).
Em outra ocasião, o bar estava lotado de torcedores indo à loucura enquanto acompanhavam pelo telão a partida da NFL que classificou os 49ers para o Super Bowl. Clima perfeito para devorar um bom hambúrguer com batatas fritas (US$ 28) provando uma das cervejarias artesanais do Colorado (a partir de US$ 9).
E falando em bebidas locais, em frente ao Remedy está instalado um charmoso e enorme barril onde acontecem degustações de três rótulos de whiskey da Stranahan’s, destilaria da capital Denver (US$ 60 por pessoa). Cheers to Colorado!
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