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Como é esquiar em Park City, no Utah

A charmosa cidade é porta de entrada para Deer Valley e Park City Mountain, dois dos melhores resorts de esqui dos Estados Unidos

Por Rogéria Vianna
Atualizado em 19 fev 2024, 12h25 - Publicado em 5 fev 2024, 15h48
Deer Valley
Teleférico em Deer Valley: a vizinha de Park City Mountain é a estação de esqui mais luxuosa do pedaço (Park City Chamber/Reprodução)
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Park City é uma cidade charmosíssima a apenas 53 quilômetros de Salt Lake City, a capital do estado de Utah, e está ladeada por dois centros de esqui: Park City Mountain Resort de um lado e Deer Valley Resort do outro. 

As duas juntas formam a maior área esquiável dos Estados Unidos, com neve de altíssima qualidade que é resultado da combinação entre geografia, topografia e clima. A neve do tipo powder – fresca, fofa, leve e seca – é uma das mais cobiçadas por quem entende do riscado e em Park City ela é abundante. Se vier acompanhada de céu azul, é o nirvana. O lugar é um destino completo, mesmo para quem não esquia. A gastronomia é uma das melhores da categoria e as noitadas são memoráveis.

Por volta da década de 1930, a cidade ficou marcada pela extração de minério de prata, o que fez Park City crescer e se transformar. O esqui começou a despontar no final da década de 1940, quando a corrida pela prata entrou em declínio e fez com que a neve se firmasse como o verdadeiro ouro do destino.

Park City também é famosa no mundo do cinema por ser palco do Sundance Film Festival, que acontece em janeiro e atrai para a cidade o star system de Hollywood em peso. O período é também uma boa época para esquiar, uma vez que as pistas ficam mais vazias, já que a maioria dos visitantes está na cidade pelo cinema.

Park City e Deer Valley
As casinhas fofas da Main Street, o coração de Park City (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Como chegar em Park City

Até Salt Lake City, a partir de São Paulo, a United voa com conexão em Houston ou Chicago; a Delta com conexão em Atlanta ou Nova York (JFK); e a American Airlines com conexão em Miami ou Dallas; encontre aqui o voo mais barato para Salt Lake City. Uma das vantagens de Park City sobre outros destinos de esqui nos Estados Unidos é o fácil acesso: são 45 minutos de estrada a partir do aeroporto de Salt Lake City. Você pode alugar um carro ou usar um dos serviços de transfer, como o Canyon Transportation, que tem uma grande frota de vans compartilhadas, SUVs, carros e ônibus – um trajeto em van compartilhada custa em torno de US$ 60 por pessoa. A Peak Transportation, ligada à empresa de aluguel de temporada Park City Lodging, também oferece o serviço de traslado e passeios.

Quando esquiar em Park City

A partir de novembro e dezembro, a depender da neve. Em 2023, Park City Mountain abriu em 17 de novembro e Deer Valley em 2 de dezembro. Apesar de as atividades de neve se estenderem até abril, a melhor neve vai até março. Os períodos de pico, e mais concorridos, são no feriado de Thanksgiving, na semana entre o Natal e o Ano Novo, e nos feriados nacionais americanos do Martin Luther King Day, em 21 de janeiro, e o President’s Day, na terceira segunda-feira de fevereiro.

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Como circular por Park City

A mobilidade em Park City é um de seus grandes trunfos. Circular por lá é fácil, seguro e, o que é melhor, grátis. Se a ideia é ficar apenas pela cidade e estações de esqui, não é necessário alugar carro. É possível caminhar até as atrações (especialmente as do Centro) ou, para distâncias um pouco mais longas, o ônibus resolve. O sistema de transporte possui doze rotas, além de um trolley que circula na região da Main Street. A frequência da maioria das linhas é de 20 minutos. Usei o ônibus algumas vezes com ajuda do Google Maps e foi muito tranquilo e ainda tem o mapa interativo

Park City
Passe livre: o trolley circula pela região da Main Street (Park City/Reprodução)

Esportes de inverno

As principais atrações de inverno em Park City são o esqui e o snowboard. E, para praticá-las, a cidade tem duas estações de esqui muito celebradas: Deer Valley e Park City Mountain. Juntas, elas totalizam cerca de 3.000 hectares esquiáveis.

Deer Valley

Deer Valley é uma luxuosa estação situada na cordilheira Rocky Mountain Wasatch, dedicada exclusivamente aos praticantes de esqui. A estação é famosa pela qualidade do atendimento e pelo serviço afinado, tanto que foi eleita “Melhor Estação de Esqui dos EUA” pela World Ski por dez anos consecutivos. São mais de 800 hectares de terrenos esquiáveis espalhados por seis montanhas, com desafios para todos os níveis, o que inclui iniciantes.

Um diferencial é que a estação limita o número de usuários para não saturar a montanha e evitar filas nos teleféricos (e vídeos a la perrengue chique). Sua estrutura oferece, além de hotéis, escola de esqui, creche, restaurante e três lojas de aluguel de equipamentos. Há um aplicativo em que você monitorar suas descidas, obter atualizações em tempo real sobre o status dos lifts e ocupação das trilhas, consultar mapas interativos e fazer reservas em hotéis, restaurantes, aulas, teleférico, tudo em um só lugar (versão iOS e Android).

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Outro apelo de Deer Valley é a chance de fazer aula com atletas olímpicos ou instrutores que trabalharam com ícones das pistas. Eu nunca tinha esquiado na vida, mesmo morando há 10 anos em Nova York, mas logo caí de amores pelo charme do esporte. Sim, charme. Não tem como negar que há uma aura mágica nesse universo. Na minha primeira aula fui muito bem assessorada pelo escocês Edwin, que foi instrutor de esquiadores da equipe olímpica e ministra aulas em Deer Valley há 20 anos. Apesar de ser mais difícil do que parece para quem experimenta pela primeira vez, consegui aprender os princípios básicos. Teve tombo, claro, mas não dei vexame.

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Preços em Deer Valley

O que define o seu acesso à estação de esqui é a compra do ski pass/lift ticket que dá acesso às gôndolas e teleféricos. Sem o passe você não sai da base da montanha e por isso é bom comprá-lo com antecedência on-line ou de operadoras de turismo. Veja alguns preços praticados em Deer Valley:  

– Aula para até 5 pessoas (meio período) – a partir de US$ 780 

– Aula de introdução ao esqui para duas pessoas (1h) – a partir de US$ 220 

– Aulas individuais (1h) – a partir de US$ 290

Teleférico – 1 dia: a partir de US$ 199

Teleférico – de 2 a 5 dias consecutivos: a partir de US$ 498

Ingresso para a área de aprendizagem – 1 dia – US$ 68

Teleférico para pedestres (ida e volta): US$ 40

Deer Valley oferece gratuitamente o serviço de guarderia de equipamentos durante o dia ou de um dia para o outro.

 

Park City Mountain

Park City Mountain é o maior complexo de esqui dos Estados Unidos, mais popular do que Deer Valley, com pistas de diversos níveis de dificuldade e aberta tanto à prática de esqui quanto de snowboard. São mais de 1.200 hectares esquiáveis, duas bases distintas repletas de atividades para toda a família e mais de 20 restaurantes em seu entorno.

Como Deer Valley não permite a prática de snowboard, foi em Park City Mountain que tive meu batismo na modalidade com o instrutor Blake, nascido e criado na cidade. Achei muito, mas muito mais difícil do que o esqui, mas inexplicavelmente tive maior progresso sobre a prancha. Também achei mais emocionante e “me senti” ao descer a montanha em alta velocidade.

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Park City e Deer Valley
A gôndola Red Pine é um passeio bacana para quem não esquia (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Se você não é esquiador ou snowboarder, poderá aproveitar para dar uma voltinha na montanha na gôndola Red Pine. A vista é maravilhosa e, se você tem medo de altura, vai sentir um friozinho na barriga. O passeio começa em Canyons Village, uma das bases da Park City Mountain, e vai até Red Pine. Ao chegar ao topo, há um restaurante onde você pode almoçar, tomar um chocolate quente e observar do deck o movimento de esquiadores e snowboarders.

Você ainda pode aproveitar as facilidades do aplicativo My Epic, também utilizado por outras estações de esqui, onde é possível obter atualizações meteorológicas, ter estatísticas personalizadas, ver mapas interativos das trilhas com rastreamento por GPS, fazer chamadas de emergência em caso de acidentes, verificar tempos de espera e ativar o bilhete eletrônico do lift, o que elimina a necessidade de portar um cartão físico (baixe aqui a versão IOS e Android).

Assim como em Deer Valley, é altamente recomendada a compra antecipada on-line dos passes para os lifts.

Snowboarding at Park City Mountain
Snowboard em Park City Mountain (Visit Park City/Reprodução)
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Preços em Park City Mountain

– Aula particular de meio período para até 6 pessoas (esqui ou snowboard) – a partir de US$ 809 

– Aula de introdução ao esqui/snowboard em grupo (1h) – US$ 209 

– Aulas de esqui/snowboard de um dia inteiro para até 6 pessoas – a partir de US$ 1169 

– Teleférico – 1 dia: a partir de US$ 215

– Teleférico – de 2 a 7 dias consecutivos: a partir de US$ 534

– Teleférico para pedestres (ida e volta): US$ 54 

Park City e Deer Valley
A turma aprendendo a esquiar em Park City Mountain (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

 

Onde se hospedar

As opções são variadas, esteja você sozinho, acompanhado ou em grupo. As principais regiões são as que ficam próximas das duas montanhas: Deer Valley, com o complexo Deer Valley Resort e a Park City Mountain, com o seu Park City Mountain Lodging. Você também pode se hospedar em áreas mais afastadas, como no The Lodge at Blue Sky, mas que tem uma base próxima da montanha para facilitar a vida dos hóspedes que queiram esquiar.

Deer Valley Resort 

O complexo Deer Valley Resort fica na luxuosa estação Deer Valley e oferece uma variedade de acomodações, desde hotéis até amplas casas de até sete quartos, muitas delas com acesso direto às pistas de esqui. Os hóspedes de todas as acomodações do complexo Deer Valley têm à disposição um serviço de transporte gratuito em vans e pequenos ônibus que você pode usar como Uber. O agendamento é feito pelo aplicativo DV Direct (versão IOS e Android).

Black Diamond Lodge

Eu me hospedei no Black Diamond Lodge, um hotel 4 estrelas que fica na base da montanha, próximo a restaurantes, da escola de esqui e a menos de 2 km de Park City. O apartamento era um duplex enorme, no estilo casa de montanha, com cinco quartos e que acomoda pelo menos dez pessoas. Da varanda com vista para a montanha eu podia observar os esquiadores em ação até mesmo de dentro da hot tub, aquelas jacuzzis de água quente. O hotel serve café da manhã e tem academia, sala de jogos e aprés-ski gratuito com vinho e petiscos (o aprés-ski é uma deliciosa tradição onde os esquiadores se reúnem para tomar drinks depois de um dia descendo as montanhas). Não esquiadores também são bem-vindos na baladinha.

Park City e Deer Valley
Black Diamond Lodge: apartamentos enormes na base de Deer Valley (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Stein Eriksen Lodge

O luxuoso Stein Eriksen Lodge é um autêntico alojamento alpino e você vai se sentir transportado para a Noruega. Eleito o Melhor Hotel de Esqui dos Estados Unidos em 2023 pelo World Ski Awards, o nome é uma homenagem a uma lenda olímpica, o esquiador Stein Eriksen, medalhista dos jogos de 1952. Com sua herança norueguesa, este tradicional lodge foi a primeira propriedade de luxo em Park City. O spa foi eleito como o melhor de Utah pela Forbes Five-Star e tem também lojas de roupas e acessórios de esqui, degustação de vinhos (a adega tem mais de 20 mil garrafas) e restaurante de alto nível como o Glitretind. As suítes acomodam de duas a quatro pessoas e algumas têm lareira e hot tub particular. Puro luxo.

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Park City e Deer Valley
Stein Eriksen Lodge: um pedaço da Noruega em Park City (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Park City Mountain

Na segunda parte da viagem, me hospedei no The Lowell, um hotel do grupo Park City Lodging localizado na Mountain Village, em Park City Mountain. O apartamento tinha três quartos, cozinha completa e na área social havia academia e hot tub, mas sem café da manhã. O grupo oferece uma das mais amplas seleções de propriedades para aluguel na base da Park City Mountain, com opções para todos os bolsos, além de serviço gratuito de concierge. Esse complexo tem opções próximas do centro histórico, Canyons Village e Park City. Eles dispõem desde apartamentos até casas de luxo com acesso direto às pistas (o chamado ski-in/ski-out). 

The Lodge at Blue Sky

Quem prefere o sossego ou algo mais romântico, a pedida é essa propriedade do grupo Auberges Resort que fica fora de Park City. Em funcionamento há pouco mais de três anos, The Lodge at Blue Sky recebeu o prêmio “One to Watch” (para “ficar de olho”) do 50 Best Hotels of the World (do mesmo grupo que organiza a premiação do 50 Best Restaurants). O lugar está situado em um rancho de quase 1500 hectares fora da área urbana, a cerca de 20 minutos de Park City. É o lugar para quem quer sossego e ficar em contato com a natureza linda que circunda o hotel. São 46 quartos e suítes elegantemente decorados e com diferentes estilos (casa, apartamento, cabana).

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No restaurante, os pratos são preparados com ingredientes vindos da horta própria e tem ainda bar, academia, spa e piscina aquecida com vista para as montanhas. Parece que você foi transportado para outro mundo. O hotel oferece aulas de yoga, meditação, passeios a cavalo, piquenique à beira do lago, pesca e uma interessante experiência equina, da qual falarei mais pra frente.

Para os que, além de descanso, também querem um pouquinho de emoção na neve, o Blue Sky tem uma base no pé da montanha, com acesso direto às pistas de esqui. Outro mimo luxuoso são os carros Mercedes-Benz à disposição para uso gratuito dos hóspedes que queiram ir até a cidade ou passear pela região. 

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Aluguel de equipamentos

Para praticar esqui ou snowboard, você precisa ter os equipamentos adequados. Há botas, pranchas e esquis específicos para homens e mulheres e para diferentes níveis de experiência. Eles variam em peso, largura, comprimento, material, design e até posição de montagem, visando proporcionar ergonomia e o melhor desempenho possível.

Quem é adepto ao esqui costuma ter seu próprio equipamento, mas quando você pratica esporadicamente ou está começando não faz sentido investir em coisas tão caras. Por isso, toda estação de esqui tem empresas de aluguel onde você pode alugar desde patins, pranchas de snowboard, até roupas e acessórios como capacete e óculos.

Em Park City, esse serviço é oferecido por empresas como a Ski Butlers, que atua em 50 estações de esqui na América do Norte e Europa e entrega diretamente no seu hotel. Você pode provar e, se precisar de algum ajuste, já resolvem na hora. Para a devolução, basta deixar no local combinado.

Os preços de aluguel de esquis variam conforme a data.

Pacotes de equipamentos de esqui (preços a partir de):

– Iniciantes: US$ 79 por dia 

– Intermediário: US$ 94 por dia

– Avançado: US$ 99 por dia

– Expert: US$ 135 por dia

– Capacete: US$ 22 por dia

– Óculos: US$ 13 por dia

Pacotes de equipamentos de snowboard (preços a partir de):

– Iniciantes: US$ 74 por dia 

– Intermediário: US$ 84 por dia

– Avançado/Expert: US$ 95 por dia

– Capacete: US$ 22 por dia

– Óculos: US$ 13 por dia

 

Check-list do vestuário

Ainda que você vá passar muitas horas na neve, evite se entrouxar porque é comum sentir muito calor em vários momentos. O ideal é que você use: 

– blusa térmica de manga comprida por baixo;

– um casaco de frio básico (um moletom, algo assim);

– jaqueta de esqui (pode ser acolchoada ou não, mas deve ser impermeável, com resistência térmica e faixas que evitem a entrada de vento e neve da parte inferior após uma queda);

– calça térmica por baixo;

– calça de esqui impermeável (ninguém quer ficar com a bunda molhada depois de cair na neve);

– algo para proteger o pescoço como a gola alta da blusa térmica ou uma balaclava;

– luvas grossas impermeáveis; pode ser uma boa também colocar hand warmers dentro delas para reforçar o aquecimento (falei deles aqui);

– Você pode substituir a calça e a jaqueta por macacões que não saem do lugar com os movimentos.

O aluguel de um kit com todas as peças pode começar em torno de US$ 38 por dia em empresas como a Kit Lender. Leve meias grossas e compridas para que seus pés fiquem confortáveis dentro da bota.

 

Park City para além do esqui

Main Street

No centro histórico de Park City fica a Main Street que é um pólo comercial, gastronômico e de entretenimento onde tudo acontece. O lugar reúne mais de 100 lojas, 50 restaurantes e mais de uma dúzia de bares. 

Ao caminhar por essa rua charmosa com prédios antigos bem preservados e de arquitetura alpina, você vai se deparar com três grafites feitos pelo artista britânico Banksy: Camera Man and Flower (402 Main Street), Praying Boy (537 Main Street) e Dirty Rat (328 Main Street). Eles são os três remanescentes de uma série de sete obras criadas pelo artista na calada da noite em 2010, quando ele participou do Sundance Film Festival com o documentário Saída pela loja de presentes.

 

Aliás, é na Main Street que você vai encontrar o Egyptian Theater, um teatro que é o hub do festival de Sundance e que em outras épocas do ano sedia shows, espetáculos de dança e teatro.

Durante a caminhada, você também vai topar com esculturas famosas como o alce Loosey the Moosey, o urso Franz the Bear e a estátua The Miner, uma homenagem aos mineiros no Miners Park. Aproveite e embarque em um passeio no trolley gratuito em estilo vintage que circula por lá.

Park City Museum

O museu, localizado na Main Street, conta a história da cidade, tem exposições interativas que exploram o legado da mineração e do esqui e fala sobre o grande incêndio que atingiu a cidade em 1898. O lugar reproduz ambientes de 100 anos atrás, como o correio e um mercado local. Você pode até entrar em um antigo trenzinho que transportava os mineradores e visitar a cadeia no subsolo da Câmara Municipal. Vale a pena investir os US$ 15 do ingresso.

Endereço: 528 Main St, Park City

Park City e Deer Valley
Park City Museum retrata o legado da mineração e do esqui (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Deer Valley Creative Academy

Um lugar para se ter aulas de gastronomia e que agrada os foodies. Participei de um workshop de pizza no restaurante The Brass Tag com o chef Corey Cisneros e liberei a pizzaiola que existe em mim: criei uma redonda de confit de pato, mussarela defumada, cogumelos e molho teriyaki. Ficou tão boa que o chef disse que iria incluir no cardápio e batizar com meu nome. Se for até lá e não “me encontrar”, reclame.

Endereço: The Brass Tag: Lodges at Deer Valley – 2900 Deer Valley Dr. East, Park Cit

Experiência com cavalos

Esta interessante experiência equina acontece no The Lodge at Blue Sky, mas é aberta também a não hóspedes. Segundo os monitores que conduzem a sessão, os cavalos conseguem sentir os batimentos cardíacos e a energia de um humano a um metro de distância.

Funcionou assim: sentamos em um círculo enquanto os cavalos caminhavam ao nosso redor, nos cheiravam e, segundo os tutores, limpavam a energia negativa. Depois disso, fomos convidados a ter um contato mais próximo e lá fui eu escovar a crina de um deles, fazer carinho e conduzi-lo pela correia por alguns metros. Foi uma experiência muito tocante, mesmo sem cavalgada. Valor: US$ 250; saiba mais.  

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Compras nos outlets de Park City 

É claro que não podia faltar uma sessão de compras. O Outlets Park City é um centro de compras a céu aberto com mais de 60 lojas de marcas como Nike, Polo, Adidas, Levi’s, Carter’s, Tommy Hilfiger, Gap, Abercrombie, Vans, Columbia, Michael Kors, Under Armour, J. Crew e outras, todas no precinho. A loja da Columbia, famosa pelas roupas de inverno, estava com ofertas ótimas. Há também a área pop-up com obras de artistas e marcas de Park City. No quesito alimentação a oferta é restrita, com três opções medianas: Chipotle, Jersey Mike’s e um food truck.

Endereço: 6699 Landmark Drive, Park City

Utah Olympic Park

A maior honraria que uma cidade focada em esportes de inverno pode receber é ser sede dos Jogos Olímpicos de Inverno. Salt Lake City, a capital de Utah, teve esse privilégio em 2002, mas as competições aconteceram no Parque Olímpico de Utah, em Park City. O lugar abriga uma das quatro pistas de deslizamento da América do Norte, seis de saltos nórdicos, o museu dos Jogos de Inverno de 2002 e o museu do esqui. O lugar ainda hoje é usado para treinamento de atletas olímpicos do USOC (United States Olympic Committee). 

Como eu estou longe de ser uma atleta olímpica, confesso que fiquei muito empolgada com a rara oportunidade de praticar o Bobsled (ou Bobsledding), um esporte onde uma equipe de duas ou quatro pessoas desce em um trenó por uma pista de gelo estreita e de curvas sinuosas. Para quem curte Sessão da Tarde, é o esporte do filme Jamaica Abaixo de Zero. O trenó e os participantes são levados até o topo da montanha em um caminhão. O condutor vai na frente acompanhado de mais três passageiros. A descida é tão emocionante quanto uma montanha-russa e percorremos pouco mais de um quilômetro em menos de um minuto a quase 130 km/h. Meu coração quase saiu pela boca.

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Outro local nos Estados Unidos onde você pode praticar Bobsled é em Lake Placid, no estado de Nova York, porém só em Park City que a pista é a mesma das olimpíadas. Dica: se você tiver uma GoPro, ela poderá ser acoplada à frente do trenó para filmar sua descida. Custa US$ 225 por pessoa e os participantes devem ter mais de 16 anos e pesar mais de 45kg.

Endereço: 3419 Olympic Parkway, Park City

 

Alf Engen Ski Museum Foundation

Um museu dedicado à história do esqui também pode ser visitado no Parque Olímpico de Utah. O lugar abriu em 1989 e abriga exposições interativas, uma experiência de esqui em realidade virtual, fotos, troféus, hall da fama, simuladores e uniformes das seleções olímpicas. O que mais gostei foi a exposição permanente sobre os Jogos de Inverno de 2002, com fotos lindas, vídeos de competições, medalhas olímpicas e objetos como as alegorias usadas nas cerimônias. Tem até um disco de curling, uma modalidade que consiste em arremessar um granito em direção a um alvo, parecido com o jogo de bocha – eu levantei o disco e é um chumbo, com cerca de 20 kg. Entrada grátis.

Endereço: 3419 Olympic Parkway, Park City (no Utah Olympic Park)

Park City e Deer Valley
Alf Engen Ski Museum Foundation, ou Museu do Esqui, abriga exposições interativas, fotos, troféus, hall da fama, uniformes e muito mais (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

Restaurantes

A gastronomia de Park City é surpreendente. O destaque vai para a truta, bastante popular por lá, e carnes como a de veado (deer), de alce (elk) e de búfalo (buffalo), disponíveis em quase todos os menus.

Twisted Fern (Park City)

“Comida de verdade” não deveria ser um chamariz ou diferencial, mas o chef Adam Ross faz questão de frisar que o Twisted Fern privilegia o que é sazonal, local e fresco. A salada de kale com anchova e a couve-de-bruxelas com molho kimchi são deliciosas. E lá mesmo fui devidamente apresentada à truta e ao alce de Utah – e amei! A casa fica um pouco afastada de Park City, mas vale o deslocamento.

Endereço: 1300 Snow Creek Dr Suite RS, Park City

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High West Saloon (Park City Mountain)

O endereço é a única destilaria em área de esqui do mundo e já recebeu diversos prêmios, inclusive o de melhor après ski bar em Utah. O lugar combina restaurante, bar e uma loja, que ocupam o espaço da antiga destilaria. O bar serve drinks deliciosos, a maioria leva uísque como base, e promove degustação de uísque (US$75 por pessoa). Mas se você decidir fazer uma boquinha, vai encontrar sopa de cebola gratinada com uísque, poutine de brisket, fondue com uísque e hambúrguer de búfalo. Eu não resisti a um bife bourguignon com carne de alce e wagyu que só de lembrar me dá vontade de pegar um avião imediatamente. Aproveite, se for a sua, para comprar uma garrafa do uísque mais famoso de Utah.

Endereço: 703 Park Ave, Park City 

Red Tail Grill (Park City Mountain)

Localizado em Canyon Village, uma das bases da Park City Mountain, o lugar é perfeito para uma pausa antes ou depois do esqui. Com vista para a montanha e mesas externas a poucos metros da neve, tem clima descontraído e serve sopas, saladas, sanduíches, nachos, hambúrguer, cervejas, coquetéis. É um bom lugar para experimentar o famoso Hot Toddy, que leva uísque, mel e limão – e você ainda tem a desculpa que ajuda na imunidade. Depois de horas de snowboard, me recompus com um belo hambúrguer, fritas e cerveja.

Endereço: Base of the Orange Bubble Express Lift – 4000 Grand Summit Dr, Park City

 

Fresh Tracks Kitchen (Deer Valley)

Localizado no Snow Park Lodge, na base da montanha, este é o local preferido dos esquiadores de Deer Valley. Funciona para café da manhã, almoço, après-ski e tem mesas tanto dentro quanto nos decks do lado de fora. Serve sanduíches, hambúrgueres, omeletes, sucos, buffet de saladas, sopas, bowls e pratos quentes. Recomendo o delicioso Deer Valley Turkey Chili, o prato mais famoso da casa.

Endereço: 2250 Deer Valley Dr S #401

 

Glitretind (Deer Valley)

O fabuloso Glitretind (premiado pelo DiRōNA, Forbes Travel Guide e Wine Spectator) é um dos restaurantes mais requintados do destino e fica dentro do Stein Eriksen Lodge. O ambiente fino e formal é comandado pelo chef Zane Holmquist. De entrada, escolhi o atum selado ao molho de coco e gengibre que estava perfeito. E, ciente de que em poucos lugares conseguiria provar carnes tão raras, escolhi lombo de alce como prato principal. Para fechar, cheesecake floresta negra. Tudo isso acompanhado de ótimos vinhos. Pena não ter ficado para o brunch de domingo, que dizem ser um acontecimento.

Endereço: 7700 Stein Way, ​Park City

 

Stein Alpenglobes (Deer Valley)

Ainda no Stein Eriksen Lodge, uma refeição interessante é sentar dentro de um dos seis iglus transparentes do Alpenglobes, situado no deck do Mountain Lodge. No cardápio, hambúrguer, saladas, sopas, almôndegas, fondues. Ambiente quentinho e vistas panorâmicas para o Deer Valley acompanham. Os globos acomodam até 8 pessoas e as reservas custam US$ 200 para o café da manhã ou almoço de 90 minutos e US$ 250 para um jantar de 90 minutos. É o famoso “meal with a view”.

Endereço: 7700 Stein Way, ​Park City

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La Stellina (Deer Valley)

O endereço é conveniente para quem se hospeda no Deer Valley Resort, pois fica dentro do hotel St. Regis. Focado na culinária italiana, o chef Matthew Harris prepara comfort food de primeira: massas, pizzas e carnes. No meu jantar, a burrata levíssima e o carpaccio de wagyu abriram caminho para o risoto de abóbora, spaghetti à carbonara e a berinjela à parmegiana – divinos! De sobremesa, um belo cannoli. Pratos tradicionais com uma simplicidade requintada.

Endereço: 2290 Deer Valley Dr E, Park City

 

Riverhorse on Main (Main Street)

Mais um restaurante que merece menção honrosa. O Riverhorse on Main está em uma seleta lista dos melhores restaurantes do país e há 16 anos leva o prêmio Forbes Travel Guide Four Star. O ambiente é amplo, finamente decorado e com música ao vivo no volume e animação adequados. No comando está o chef Seth Adams. Começamos com pierogis, tuna tartare, tartare de búfalo e coxinhas de codorna. Na sequência, me deleitei com o recomendadíssimo Trio of Wild Game, um prato com três tipos de carne (búfalo, veado e alce), acompanhado de aspargos e purê de batata trufado. Se aquela fosse minha última refeição, eu morreria feliz. 

Endereço: 540 Main St, Park City

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Jantar progressivo com Gourmand Tours (Main Street)

Fui apresentada a esse conceito e fiquei muito empolgada com a descoberta. O jantar progressivo, ou também conhecido como ceia safari, é servido em diferentes locais. No nosso caso, a refeição foi dividida entre três diferentes casas da Main Street.

A primeira parada foi no Grappa, um restaurante tradicional com atmosfera romântica, em funcionamento desde 1992 e instalado em um edifício centenário que já foi bordel, pousada e bar. A entrada foi com uma cremosa sopa de cogumelos e a famosa salada da casa, que leva uvas, gorgonzola e nozes. Eu poderia ficar só com aquilo, mas a brincadeira só estava começando.

A segunda parada foi no 350 Main Brasserie, um lugar moderninho com bar animado. Lá provamos uma deliciosa raclette, polvo na brasa e tuna tartare, tudo muito saboroso e cuidadosamente preparado. 

The last but not the least: o novo restaurante macedônio/mediterrâneo Kaneo, que serve versões requintadas de alguns clássicos. Encerramos a jornada com mariscos e steak au poivre com polenta trufada. 

Não me lembro da última vez em que provei tantos pratos deliciosos em tão curto espaço de tempo. Terminei a noite feliz e com a calça desabotoada. Achei um ótimo custo-benefício: a partir de US$ 85 (ou US$ 159 com bebidas alcoólicas). Saiba mais.

Endereços:

Grappa: 151 Main St, Park City

350 Main: 350 Main St, Park City

Kaneo: 508 Main St, Park City

Bares

Old Town Cellars (Main Street)

Charmoso, o lugar fica escondido no subsolo de um prédio. A fórmula de sucesso é o ambiente autêntico, vinhos de qualidade e bons preços (a partir de US$6 meia taça). A degustação de cinco vinhos sai por US$35 e você pode incluir queijos (mais US$20) e chocolates (mais US$15). Não dá vontade de ir embora.

Endereço: 408 Main St, Park City

 

Alpine Distilling Bar (Main Street)

Com clima de microdestilaria, o lugar serve deliciosos coquetéis que podem ser acompanhados das tortas da casa em uma inusitada combinação (mas que parece fazer sucesso, tanto que as tortas se esgotam quase todas as noites). O gin que leva o nome da casa foi premiado em Londres em 2021 como o melhor do ano. O bourbon também é um hit.

Endereço: 364 Main St, Park City

 

The Spur Bar & Grill (Main Street)

Vá sem medo de errar. O The Spur tem dois andares e um ambiente confortável para comer ou tomar um drink a qualquer hora, sendo que à noite rola música ao vivo. Quando eu fui, era rock e pop das antigas e o bar todo cantando junto. De quebra, fui apresentada a uma divertida tradição, o shotski. Em um esqui são colados 11 copinhos e você chama os 10 melhores amigos que você fez naquela noite para virar um shot de uma só tacada (ou esquiada). Divertidíssimo!

Endereço: 352 Main St, Park City

Park City e Deer Valley
The Spur Bar & Grill é perfeito para um drink a qualquer hora e para conhecer o shotski: a galera vira 11 shots de uma vez (Rogéria Vianna/Arquivo pessoal)

No Name Saloon (Main Street)

O bar mais movimentado na rua mais movimentada são sinais de que a coisa ferve. Ao pisar lá fui imediatamente catapultada para um mundo de diversão. São três andares com objetos curiosos e nostálgicos cobrindo parede e teto, 17 TVs exibindo jogos esportivos e um rooftop com vista para a cidade. Forre o estômago com hambúrguer, sanduíches ou fish and chips porque lá também tem shotski, só que para até 4 pessoas.

Endereço: 447 Main St, Park City

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Saúde 

Esqui e snowboard são esportes de risco e por isso é importante ir com calma nas descidas e sobretudo viajar com um seguro saúde que cubra esse tipo de atividade, até porque uma internação nos Estados Unidos é algo impagável. Tenha em conta também que Park City fica a 2.134 metros de altitude e que o mal de altura pode causar tontura e alguma dificuldade para respirar. Mantenha-se hidratado o tempo todo.

Nas pistas, use sempre protetor labial e protetor solar pois a neve e o gelo refletem até 80% dos raios ultravioleta, o que pode ocasionar queimaduras. Certifique-se também de que a lente do óculos de esqui que você alugar tenha polarizador, já que a combinação reflexo da neve, vento e raios UV pode prejudicar a visão.

Pode ser uma boa levar na farmacinha alguma pomada à base de cânfora para o caso de algum eventual tombo.

 

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