Nem só de bacalhau vive a culinária portuguesa, ainda que os peixes sejam elementos importantes nos pratos típicos. O país não é muito extenso em território, o que não o impediu de desenvolver uma diversidade grande de sabores, com inspiração vinda do interior ou do mar, já que Portugal historicamente percorreu o mundo para trazer ingredientes e inspirações.
Veja, a seguir, pratos tradicionais que contam um pouco da história de Portugal através da comida:
1. Bacalhau à Brás
Mesmo que seja um peixe nativo de águas árticas, o bacalhau está entranhado na cultura portuguesa há mais de 500 anos. Pela facilidade de ser conservado através do processo de salmoura, a iguaria ganhou espaço entre os aristocratas portugueses ao longo dos anos. A popularidade diminuiu, mas durante a ditadura salazarista (1933-1974) a chamada “Campanha do Bacalhau” reacendeu a indústria pesqueira e o consumo de peixe no país.
Receitas com bacalhau são inúmeras, mas uma das preparações mais famosas é o refogado do peixe desfiado com cebola, batata palha, azeitonas, salsinha e ovos mexidos. O prato seria uma criação de Brás, um taberneiro que vivia no bairro Alto, em Lisboa. Daí o nome: Bacalhau à Brás.
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2. Cozido à Portuguesa
Pode até parecer brincadeira, mas o cozido “à portuguesa” tem origem na Espanha, passando por adaptações ao longo dos tempos – mudanças que não pararam de ocorrer, já que a receita ganha traços particulares em cada região de Portugal.
A receita é popular e acessível, então a base do prato costuma ter feijões, batatas, cenouras, nabos, couves, arroz e cortes mais simples de boi, frango e porco. Os ingredientes são cozidos separadamente e finalizados no forno.
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3. Caldo Verde
Com origem no norte do país, na região do Minho, o caldo verde tem um preparo simples e um resultado saboroso. O prato surgiu em meados do século 15 e era utilizado como uma boa fonte de vitaminas para trabalhadores do campo.
A receita consiste em couve-galegas levemente fervidas, servidas com batata e azeite de oliva junto ao caldo.
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4. Queijo Serra da Estrela
Entre as cidades de Covilhã e Seia, fica a Serra da Estrela. Lá é produzido o queijo homônimo, um dos mais cremosos e suaves do mundo. O leite a ser utilizado deve ser somente de três raças de ovelhas – Bordaleira, Serra da Estrela e Churra Mondegueira – e tem diversas minúcias ao longo da preparação, que garantem sua consistência típica.
O queijo é uma Denominação de Origem Protegida (DOP), precisando seguir rígidos critérios de qualidade e fabricação para poder ostentar o nome.
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5. Vinho do Porto
Com produção exclusiva nessa região da costa norte portuguesa, os vinhos do Porto se diferenciam de outras variedades por ter um sabor adocicado e forte, graças ao processo de produção: uma aguardente obtida da destilação do próprio vinho é adicionada durante a fermentação, o que acaba por interrompê-la, garantindo o sabor típico.
A bebida, que tem um teor alcoólico mais elevado (em média, 20%, contra cerca de 13% de um tinto normal) ficou famosa por ser uma das opções favoritas entre os marinheiros visitantes da Cidade do Porto. Veja opções de lugares para degustar vinho do Porto.
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6. Tripas à moda do Porto
Essa receita da cidade foi tão bem aceita que rendeu aos moradores o apelido de “tripeiros”. Novamente relacionada ao comércio que movia o Porto, as versões mais famosas indicam que os cortes nobres de carne eram vendidos para fora do país, fazendo com que a população ficasse apenas com as tripas.
O prato foi passando por releituras ao longo do tempo, mas a versão atual consiste em tripas, barriga, linguiça, feijão branco, cebola, cenoura e alho bem cozidos e servidos com arroz.
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7. Alheira de Mirandela
Com origem no extremo norte de Portugal, na região de Trás os Montes, essa alheira surgiu como uma adaptação de um prato português para os judeus que não comem carne de porco.
A versão tradicional não tinha partes suínas, algo que caiu em desuso com o tempo, mas o conceito do prato permanece o mesmo: um embutido bem temperado (a alheira), geralmente acompanhado de arroz e ovo frito. Quase um PF lusitano.
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8. Arroz de Pica no Chão
Também conhecido como Arroz de Cabidela, esse prato tem origem na região de Minho e influenciou a culinária de diversos países, inclusive o Brasil. A preparação é semelhante ao frango ao molho pardo, tradicional em Minas Gerais.
Para preparar o molho, utiliza-se o sangue fresco do frango misturado com vinagre e vinho tinto. Quando o arroz e frango estão quase prontos, é adicionado a mistura para cor e sabor ao prato.
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9. Polvo à Lagareiro
A culinária portuguesa tem muita influência do Mediterrâneo, o que torna a presença de azeite constante nas receitas. Os lagares são regiões produtoras de azeite e que renderam o nome a um dos pratos mais tradicionais do país: o polvo à Lagareiro.
A preparação da iguaria consiste em cozinhar o polvo e adicionar muito azeite, alho, cebola e batatas para finalizar o cozimento no forno.
10. Açorda à Alentejana
Portugal também fica próximo do norte da África, fazendo com que o contato com a cultura árabe seja uma constante na história do país. Um bom exemplo disso é a Açorda Alentejana, um prato da região de Alentejo.
A receita base de Açorda é simples, preparada com uma mistura de pão desmanchado em azeite, formando um caldo espesso e que costuma receber especiarias que dão a particularidade de cada local. No caso da variação alentejana, a pasta recebe sal, coentro e alho.
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11. Pastel de Nata
Muitas pessoas chamam de Pastel de Belém, mas essa nomenclatura só pode ser utilizada oficialmente pela Fábrica dos Pastéis de Belém, em Lisboa. A receita teria surgido na primeira metade do século 19 através dos monges do Mosteiro dos Jerônimos que vendiam a guloseima para arrecadar dinheiro.
Os pasteleiros (que é o termo lusitano para padeiro) pegaram a receita original, que se tornou quase um segredo de Estado. O doce é simples e saboroso, feito com uma massa folhada assada e com recheio de creme de ovos, polvilhada com uma camada suave de açúcar e canela.
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