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Viagem de barco pela Amazônia é perfeita para ir com crianças

Para uma criança, uma viagem descendo o Rio Negro de barco durante 9 noites, por um Brasil amazônico e longínquo, fica marcada na grade curricular da vida

Por Da Redação
Atualizado em 14 jul 2021, 13h23 - Publicado em 3 mar 2017, 19h07

Crianças em férias só precisam de duas coisas: contato com a natureza e convivência com outras crianças. De preferência em um lugar distante de qualquer tipo de muvuca.

Esse postulado rege o planejamento das viagens que faço com meus filhos e, com base nele, convidei o primogênito para uma aventura amazônica: nove noites descendo o Rio Negro a bordo do Jacaré-Açu, uma embarcação típica adaptada para transportar turistas.

E lá fomos: eu e o Tomás, de 12 anos, o mais velho de três meninos, rumo a São Gabriel da Cachoeira, a cidade mais “indígena” do Brasil, no Amazonas.

Já no aeroporto, encontramos o resto do grupo cuidadosamente composto: apenas adultos viajando com crianças, porém sem os cônjuges. Um cuidado tomado pela agência, que veio a se provar eficaz na harmonia do convívio.

Em poucas horas, estamos deslizando pelas águas do Negro, dormindo em cabines com banheiro e ar-condicionado e comendo muito bem a bordo. O entrosamento da molecada acontece de imediato.

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Em visita à comunidade Cartucho, lar dos índios barés, assisto despreocupado à diversão e ao aprendizado do meu filho em caminhadas na mata, pescarias com caniço, encontros com botos e quelônios, visitas a comunidades ribeirinhas, banhos de rio e muito futebol descalço com a criançada nativa.

Seguem dias de navegação noturna e lazer a bordo, com mímica, violão e jogos de tabuleiro. O tempo anda mais devagar sem wi-fi.

Logo após passar Barcelos, o Jacaré-Açu encosta na praia de Gaspar, uma comunidade à margem do Rio Jauaperi. Ali, os irmãos Christopher e Paul Clark, escoceses de Glasgow, dedicam-se de corpo e alma desde 1994 à educação de uma garotada de 5 a 12 anos na escola Vivamazônia. Ao encontrar a molecada local, nossas crianças somem no mato e pelo interior das casas.

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No rosto dos idealizadores da viagem, o semblante tranquilo reflete a sensação de missão cumprida. Nos olhos das crianças, o brilho de uma experiência enriquecedora vivida. E, na cabeça do pai, a certeza de que estamos navegando no rumo certo.

Caio Vilela é fotógrafo, viajou por mais de 100 países clicando futebol de rua e se vira nos trinta pra cuidar de Tomás, Artur e Martin
Caio Vilela é fotógrafo, viajou por mais de 100 países clicando futebol de rua e se vira nos trinta pra cuidar de Tomás, Artur e Martin (Arquivo pessoal)

Texto publicado na edição 252 da revista Viagem e Turismo (outubro/2016)

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