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Um mero engano

Resort vendeu pescada como mero. E não levou em conta que o mero está ameaçado de extinção

Por Cris Capuano (edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 09h15 - Publicado em 12 set 2011, 12h38

“Em janeiro, estive com minha família no resort Iberostar Bahia, na Praia do Forte. O atendimento foi excelente; a recreação, animada; e os apartamentos eram confortáveis. Mas, no penúltimo dia, tivemos uma decepção. Logo após a nossa visita ao Projeto Tamar, onde assistimos a uma palestra sobre os animais marinhos em extinção, escolhemos o restaurante de cozinha mediterrânea do resort para jantar. Qual não foi a nossa surpresa ao verificarmos no menu que um dos pratos principais era o peixe mero, que está em extinção. Meu filho, indignado, não quis nem comer no restaurante. Diante do desrepeito ambiental vindo de um resort de nível internacional, até eu perdi a fome.” – Claudia Regina Voroniuk, Campo Mourão, PR

O mero cresce lentamente e só começa a se reproduzir com 4 anos de idade. Como sua carne é muito saborosa, é cobiçado por restaurantes do mundo todo e tem valor comercial alto. No Brasil, capturar o mero é crime desde 2007.

O que diz a empresa

O grupo Iberostar, por meio de seu assessor de imprensa, Osmar Maduro, declarou que tudo não passa de um mal-entendido. “A inclusão do peixe mero no cardápio é um erro de tradução. Os cardápios são criados na Espanha, sede do grupo Iberostar. Já estamos providenciando a correção, pois, na verdade, utilizamos nessa receita a pescada-amarela”, diz.

Quem tem razão

“É inconcebível que um resort parceiro de um projeto ambiental justifique seu relapso em virtude de um erro de tradução”, diz a advogada Luciana Atheniense, autora do livro Viajando Direito. Segunda ela, há várias possíveis agressões ao consumidor. Veicular e oferecer um prato que não corresponde ao que foi realmente servido são considerados publicidade enganosa. Se o hotel não comprovar que o peixe utilizado é mesmo a pescada-amarela, não o mero, a situação é pior. “O hotel deve fazer essa correção imediatamente”, diz Luciana.

Ecologicamente incorreto

Receitas pelo mundo que contrariam os códigos de defesa dos animais

>> Sopa de barbatana de tubarão: em 2009, a chef californiana Alice Waters, pioneira na divulgação da comida orgânica, declarou ao New York Times que, se ela pudesse escolher a última refeição de sua vida, ficaria com o prato chinês. Não levou em conta que, todo ano, 10 milhões de tubarões morrem por causa da captura de suas barbatanas.

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>> Pênis e olhos de tigre: em restaurantes de Pequim, na China, as estranhas iguarias são consumidas por suas propriedades ditas “afrodisíacas”.

>> Carne de tartaruga: infelizmente, ainda é um prato comum nas Ilhas Seychelles.

>> Porco-espinho cozido: Hanói, no Vietnã, é um dos lugares onde mais se cosomem animais selvagens. Mais de 150 restaurantes se juntaram à ONG WWF para protestar contra a prática.

>> Peixe-napoleão: a carne do peixe, parecido com o budião, custa US$ 100 o quilo no leste da Ásia.

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>> Sushi de atum-azul gigante: o torô, retirado da barriga dessa espécie, é vendido a preço de ouro em Tóquio. Cientistas e a WWF defendem a proibição da pesca.

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