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Saint-Malo e Dinard: duas pequenas jóias da Bretanha

A Bretanha tem mansões da belle époque à beira-mar, vistas escandalosas, lojas pitorescas, frutos do mar frescos - e uma das melhores manteigas do mundo

Por Raquel Beer
Atualizado em 2 set 2019, 18h26 - Publicado em 2 set 2019, 18h24

Saint-Malo: cidade dos corsários

A história de Saint-Malo parece coisa de filmes de aventura. O lugar virou ponto no mapa no século 6, quando um monge do País de Gales chamado Mac Low chegou ali e deu seu nome à vila. À maneira das cidadezinhas medievais européias, inúmeros desdobramentos vieram depois. O de maior apelo, digamos, pop, apareceu nos séculos 17 e 18, quando os maloenses ficaram conhecidos por roubar navios que passavam pelo Canal da Mancha – e foram oficialmente autorizados pelo rei da França a invadir embarcações estrangeiras. Saint-Malo ganhou, então, o apelido de “a cidade corsária” – uma história graciosamente explorada pelo turismo local até hoje.

Na beira-mar de Saint-Malo, as vistas são escandalosas (Joana Kruse/Alamy/Fotoarena/Reprodução)

Ao chegar a Saint-Malo, a primeira coisa a fazer é dar uma volta na muralha, erguida no século 12. As vistas para o mar são escandalosas. E, às vezes, o muro passa muito perto de apartamentos, aí é impossível não esticar o pescoço para espionar a rotina dos moradores. Aproveite para subir na Torre Bidouane, estrutura de 23 metros de onde se tem um belo panorama das imediações. Completando a volta, desça na Praia de Bon-Secours

A partir dali, é possível visitar as ilhotas Grand Bé e Petit Bé. Na primeira, está o túmulo do escritor francês François-René de Chateaubriand e, na segunda, ficava um forte usado pelos franceses para defender a cidade até 1855. Mas a visita só é possível se a maré estiver baixa. Por causa de sua posição geográfica, Saint-Malo tem as marés mais altas da Europa: em seis horas, as águas sobem até 13 metros. Caso não dê pra ir lá, não desanime: a Praia de Bon-Secours tem uma piscina da década de 1930 abastecida pelo mar onde sempre dá para mergulhar.

Antigo forte na ilha Petit Bé. Só dá para visitar na maré baixa (StevanZZ/iStock)

A praia preferida pelos locais é a Du Môle, com seu baita vistão da cidade vizinha, Dinard. A próxima faixa de areia é L’Éventail, de onde se pode visitar um dos maiores pontos turísticos da cidade, o Forte Nacional, ocupado pelos nazistas e transformado em prisão na Segunda Guerra Mundial. A visita, contudo, também depende dos humores da maré. Se continuar caminhando no mesmo sentido, a praia seguinte é Sillon, com uma orla cheia de charmosas vilas construídas por franceses abastados no século 19.

Depois da voltinha pela beira-mar, o momento é perfeito para explorar o Centro e prestar atenção em seus mais de 50 prédios considerados monumentos históricos. Nessa parte intramuros, as lojas capitalizam animadamente o passado de Saint-Malo vendendo chapéus de pirata e roupas estilo navy. Zanzar por ali é um passeio gostoso. Para experimentar cervejas locais, pare na Les Brassins de Saint-Malo, que serve chope no bar e vende garrafas na lojinha.

Ângulo do centro antigo de Saint-Malo, a cidade murada (lucentius/iStock)

 Na Rue Sainte-Barbe, está a La Maison Générale, loja de decoração descolada de enlouquecer. E, na esquina da Rue La Corne de Cerf, faça um pit stop nas lojinhas fofas que dispõem produtos em balcões abertos para as calçadas, como a Aux Délices Malouins (12 Rue Saint-Vincent), onde há patates de Saint-Malo, um doce redondinho com amêndoas, kirsch e cacau que lembra uma batata.

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Avançando mais um pouco, lá está a Catedral de Saint-Vincent e sua bela janela de vitrais coloridos. Bem ao lado da igreja, mais uma loja gracinha: La Maison Guella. Prove ali os craquelins de saint-malo, espécie de biscoito côncavo com recheios doces ou salgados. A parada seguinte, no número 6, é a Les Délices du Gouverneur para se lambuzar com o kouign-amann, bolinho bretão que parece um croissant caramelizado.

O típico doce kouign-amann (Alamy/Fotoarena/Reprodução)

E Saint-Malo também é uma maravilha para se abastecer de lembrancinhas. Anote um rol de vastas opções na sua lista. Objetos navy, das canecas com estampas de âncoras às bússolas, por exemplo, podem ser encontrados na loja Gauthier Marines, na Rue Porcon de la Barbinais. Ali perto, na Maison du Beurre, está a Bordier, quartel-general de uma das manteigas mais famosas do mundo, feita com capricho artístico pelo artesão Jean-Yves Bordier – são 15 tipos, das tradicionais às versões com algas, baunilha e chocolate.

Produtos da Gauthier Marine, uma das lojas que capitalizam o passado corsário de Saint-Malo (Alamy/Fotoarena/Reprodução)

A charmosa livraria Septentrion (2 Place Brevet), tem títulos antigos e fica em um dos poucos prédios que sobreviveram à Segunda Guerra. A La Boîte à Epices (12 Rue Saint-Vincent), de Olivier Roellinger, vende trilhões de perfumadas especiarias, em embalagens bonitinhas. Também no centrinho, vale garimpar as 20 galerias que exibem de arte em cerâmica a arte marítima. 

Se quiser saber mais sobre os piratas, siga para a Demeure de Corsaire. Hoje um hotel, o lugar foi construído em 1725 e era a residência de François-Auguste Magon de la Lande, um dos corsários do rei Luís XIV. Hora de ir embora? Saia da parte intramuros pelo portão de Dinan e vire à direita. Avance pelo píer e aprecie a panorâmica das muralhas e do centro histórico.

O píer fora de Saint-Malo (Alamy/Fotoarena/Reprodução)

Dinard: programa família

Saint-Malo atrai a maior parte dos turistas – já a vizinha Dinard vive mesmo é da vocação familiar. Na Praia l’Écluse, a mais popular, o que se vê são pais brincando com filhos na areia e, no mar azul, grupos de crianças fazendo aulas de vela. No verão, a paisagem se colore com cabaninhas brancas listradas de vermelho e azul.

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A praia de l’Ecluse, onde fica o cassino (Alamy/Fotoarena/Reprodução)

Mas há bem mais na cidade para conhecer. Um bom jeito é percorrer o caminhozinho que vai por toda a costa, às vezes amplo, às vezes estreito. O escritório de turismo aconselha o circuito Lawrence d’Arabie, homenagem ao coronel inglês que morou na cidade na infância e depois voltou para estadias curtas para percorrer a região de bicicleta. O tour inteiro passa pelas praias e pelo Centro e leva três horas para ser vencido. Vale mais a pena editar o percurso e só incluir as praias.

Comece pela Praia do Prieuré, a primeira a que se tem acesso entrando na cidade pela Barrage de la Rance. Ali se pode alugar caiaques e nadar na piscina abastecida pela água do mar. Depois, siga pelo caminho de madeira em direção para Promenade au Clair de la Lune, um caminho de 15 minutos feito pela costa, com o mar azul de um lado e árvores e mansões do outro. É uma área verde com diferentes níveis decorados por flores e banquinhos – e vista panorâmica para o Rio Rance.

A fotogênica costa de Dinard (Benh LIEU SONG/Flickr)

Na alta temporada, há iluminação especial e música à partir das 21h30. Outros 20 minutos levam ao Pointe du Moulinet, lugar onde foram construídas as primeiras casas da cidade, lindíssimas. Como o cabo se estende pelo mar, a vista para Saint-Malo é incrível.

Depois de babar na paisagem, hora de dar uma descansada. Siga para a próxima praia, l’Écluse, a que tem a melhor infraestrutura da cidade. Há banheiros públicos, restaurantes, bares, quiosques e um cassino. Com energias reabastecidas, siga para a outra ponta dessa orla, ao Pointe du Moulinet, na medida para boas fotos do mirante. Dali são dois pulos para chegar à Praia Saint-Enogat, onde há mais vilas à beira-mar. É possível enxergar, à esquerda, o Castelo Hébert, construído em 1879 por um aristocrata parisiense.

As tendas de Dinard (Antoine2K/iStock)

No fim da praia fica a Grotte de la Goule aux Fées, onde os irmãos Lumière, inventores do cinema, fizeram os primeiros testes para desenvolver a fotografia em cores. São só mais alguns minutinhos até o ponto final do circuito, a Praia do Port-Blanc, que fica bem na divisa entre Dinard e a cidade de Saint-Lunaire. Por abrigar o imenso camping da cidade e ser mais afastada, ela tem um público formado por moçada, com menos famílias.

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Com o percurso completo, você agora pode escolher em qual das quatro praias quer passar o resto do dia. Se bater uma fome, a cidade tem bons lugares para comprar ou provar, lá mesmo, frutos do mar como o Oyster Club. E o mercado da cidade acontece às terças, quintas e sábados, na Esplanade des Halles, na Praça Rochaïd.

Porção do Oyster Club, em Dinard (Oyster Club/Divulgação)

Guia VT

• SAINT-MALO

Ficar

Básico, o Hôtel l’Aventure fica a 5 minutos da praia, e o Porte Saint-Pierre tem vista para o mar. O luxuoso Le Grand Hôtel des Thermes fica em frente à Praia Hoguette.

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Comer

As melhores galettes são da Crêperie du Port (15 Quai Sébastopol). As janelas da creperia Le Corps de Garde têm vista para a baía. O La Cabane (21 Quai Duguay-Trouin) tem bufê de frutos do mar. A brasserie Le Lion d’Or (1 Place Chateaubriand) prepara marmite de st.-jacques, um guisado de vieiras.

• DINARD

Ficar

De frente para a Praia da Eclusa está o charmoso Villa Reine Hortense, enquanto o três-estrelas Hôtel de la Vallée fica entre as mansões da belle époque. O cinco-estrelas Barrière Le Grand Hôtel Dinard localiza-se perto da Promenade du Clair de la Lune.

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Comer

No Oyster Club (2 Rue de Saint-Enogat), você escolhe se quer levar os frutos do mar ou comer na hora. Aberto de abril a setembro, o La Gonelle tem almoço de frente para o mar. Na Crêperie Du Roy, prove a crepe flambada com calvados, bebida típica da região.

(Bruno Algarve/Viagem e Turismo)

Prepara!

Quando ir

Destino de verão dos próprios parisienses, a Bretanha resplandece de julho a setembro, Nesta época, o sol só desaparece lá pelas 22h. Para evitar a muvuca e os preços de alta estação, prefira a primavera ou o início do outono, apesar do clima fresco.

Dinheiro

O euro.

Língua

O francês. O inglês não é tão falado na Bretanha como em Paris.

Comunicação

No Charles de Gaulle, em Paris, e por toda a França, há uma Orange com chips pré-pagos. O BrasilDireto faz ligações a cobrar da França pelo 0800-990055.

Fuso

+ 5h no horário de verão da França.

Documentos

Passaporte válido por, pelo menos, três meses na saída da França.

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