Atualizado em fevereiro de 2019
Todo mundo quer estar de malas prontas para passar dias felizes no Nordeste brasileiro. Na mira de muitos está Porto de Galinhas, a queridinha das agências. A vontade de curtir as piscinas naturais em Carneiros e Muro Alto é tanta que muitos ignoram completamente a dupla Recife – Olinda. Sacrilégio! Reserve pelo menos dois dias para curtir a cultura, o patrimônio e os bolos de rolo daqui. Se puder ficar mais, aproveite: você não se arrependerá!
Dia 1
Ah, que sol arretado de Recife! Tomar o café-da-manhã de frente para a praia Boa Viagem dá uma vontade louca de cair na água. Mas, por enquanto, não é hoje que o tubarão vai morder seu pé, pois vamos rapidinho para o bairro de Santo Antônio, no centro. Comece pela Casa da Cultura, um antigo presídio cujas celas hoje abrigam lojinhas variadas. Há de tudo: xilogravuras, cachaças tentadoras, belos bordados, edições antigas de Gilberto Freyre. É uma tentação!
De sacolas cheias siga para o Pátio de São Pedro, um pouco de calmaria no calor da cidade. Sob a sombra da catedral de São Pedro dos Clérigos estão dois bem montados museus-memórias de ícones da música local: Luiz Gonzaga e Chico Science. De Asa Branca ao mangue-beat, são duas trajetórias fascinantes. Destaque para algumas fotos da juventude de Gonzagão, quando ele estava mais para Michel Teló do que para Rei do Baião. Caminhe então ao longo do rio Capibaribe, veja as coloridas casinhas da rua Aurora e visite a Capela Dourada, “a” igreja imperdível em Recife.
Agora é hora de conhecer o Recife Antigo. O casario colonial e as ruas de paralelepípedos imprimem uma atmosfera quase que interiorana, bucólica, em certos pontos. O Marco Zero, que explode em êxtase no Carnaval, fora deste período é calmo, cercado por antigos edifícios neoclássicos.
Do legado do conde holandês Maurício de Nassau também pouco se nota. Alguns de seus passos mais visíveis estão no pragmatismo com o qual recebeu judeus perseguidos pela feroz Inquisição ibérica. A sinagoga Kahal Zur Israel conta um pouco desse percurso que inclui a reconquista da cidade pelos portugueses e a migração de parte da comunidade para Nova York.
Aproveite para conhecer um pouco mais da história da música no centro cultural Paço do Frevo, um dos prédios mais bonitos da região. O anfiteatro, localizado no último andar, é envidraçado e dá uma visão privilegiada para o Rio Capibaribe. Se estiver visitando a cidade no último domingo do mês, espere até às 15h para ver sair um bloco do centro cultural que desfila pelas ruas do Recife Antigo.
Se ainda tiver um tempo, o museu Cais do Sertão foi inaugurado em 2014 em um antigo armazém do porto e tenta passar, de forma interativa, a experiência cultural sertaneja. Lá dentro, um espaço é dedicado ao ícone musical sertanejo Luiz Gonzaga, além de outras instalações.
Se não quiser bater perna, você pode fazer um passeio de catarmarã pelo Recife Antigo e conhecer tudo do Rio Capibaribe, diretamente das águas que passeiam sobre o restinho de mangue recifense. O barco passa por debaixo de cinco das pontes mais icônicas da cidade e em frente aos prédios históricos, e o passeio é perfeito para fazer enquanto o sol se põe ou à noitinha.
Dia 2
A praia continua lá nos provocando enquanto tomamos nosso café com bolo de rolo. Como ninguém é de ferro, caímos na água e conhecemos os famosos arrecifes que batizam a cidade. Alma lavada e nenhum tubarão à vista! Seguimos então para Olinda, nos encantar com seu sobe e desce de ladeiras, a poucos quilômetros do centro.
Siga pela rua do Amparo, cheia de restaurantes, bares, pousadas, museus e ateliês. A mistura de igrejas barrocas, vistas surpreendentes e casas coloniais criam uma ambiente harmonioso, cheio de charme. O melhor da cidade está em perambular pelas ruas, mas não deixe de checar os fabulosos azulejos do Convento de São Francisco e o adornado altar da Basílica de São Bento.
Logo em frente ao convento, suba no elevador panorâmico para conferir a vista do mirante no alto do prédio do prédio da caixa d’água. A vista das cidades de Recife e Olinda não vai te decepcionar.
Pausa para o almoço: considere entre o agradável Beijupirá e o estrelado Oficina do Sabor com seu camarão ao mangue. Dúvida cruel, mas você certamente sairá pimpão de qualquer um dos dois.
Para fazer uma dupla de passeios rápidos, visite a Casa de Bonecos Gigantes de Olinda, onde você pode aprender mais sobre a história dos famosos bonecos de Olinda e ver vários deles em exposição. Depois, siga para o Museu do Mamulengo, que conta a história e guarda objetos dos teatros feitos com fantoches e apresentado em praças públicas de Pernambuco.
De Olinda, tome o rumo do Instituto Ricardo Brennand, em Recife. Sua pinacoteca conta com boa curadoria para a ampla coleção de tapeçarias, óleos e desenhos diversos, com destaque para a obra de Frans Post. Já o anexo Castelo São João é uma experiência mais bizarra, com milhares de espadas, punhais, facas e armaduras atulhados em um castelinho ‘medieval’. Diversão na certa.
Dali, você pode conhecer a oficina de cerâmica de onde saem as obras primas do renomado escultor pernambucano Francisco Brennand. Se você não der de cara com o escultor, pode conferir funcionários da oficina trabalhando em encomendas e passear pelo jardim, repleto de obras de formas orgânicas e ultracuriosas do artista.
Com a mente cheia das sinapses formadas com tanta história e cultura, agora sim é hora de relaxar em Porto de Galinhas.
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