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Radical demais

Acidente fatal no Hopi Hari expõe a falta de regulamentação nos parques brasileiros

Por Fernando Souza (edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 08h44 - Publicado em 2 abr 2012, 18h08

No dia 24 de fevereiro, a morte da adolescente japonesa Gabriella Nichimura, que despencou de uma altura de 25 metros ao ser lançada do brinquedo La Tour Eiffel, no Hopi Hari, expôs um parafuso solto no segmento de parques de diversões do país. Ao entrar no famoso “elevador”, Gabriella ocupou um assento que estava com a trava de segurança quebrada havia dez anos, sem que nada indicasse o problema ou alguém a impedisse de sentar-se ali. A presumível negligência do parque evidenciou a fiscalização frouxa e a falta de uma regulamentação para o setor, que só ganhou uma normatização em 2011, fruto da parceria da Adibra, a Associação Nacional de Parques, com a Associação Brasileira de Normas técnicas (ABNT). As diretrizes, porém, não têm força de lei, e as empresas não são obrigadas a segui-las.

Hoje, a autorização de funcionamento dos parques é feita em âmbito municipal. No caso do Hopi Hari, a prefeitura de Vinhedo, no interior de São Paulo, concede o alvará com base nos laudos do Corpo de Bombeiros (que inspeciona, por exemplo, hidrantes e rotas de fuga) e da vigilância sanitária. A vistoria dos brinquedos, como ocorre no resto do Brasil e mesmo na Flórida, capital mundial da diversão, cabe à própria empresa. O Inmetro estuda a criação de um selo de segurança para os fabricantes e projetistas de brinquedos, a ser implantado até 2015, mas a fiscalização continuaria a cargo dos municípios. “O Inmetro só tem competência para regulamentar a fabricação e a comercialização, mas a maioria dos acidentes tem origem na instalação, operação e manutenção do brinquedo”, diz Alfredo Lobo, diretor do instituto. Top of Mind do Prêmio VT 2011/12 e campeão na categoria por nove vezes, o parque mais lembrado do país vivia um momento auspicioso. Depois da abertura de uma área temática do Looney Tunes, em janeiro, o Hopi Hari programava a inauguração de uma supermontanha-russa para este ano – plano que até março estava mantido. Logo depois do acidente, no entanto, precisou fechar as portas por 23 dias e pode sofrer danos de imagem prolongados. “O brinquedo ficará marcado, e em qualquer atração os visitantes vão olhar e reolhar a trava de segurança”, diz o especialista Ricardo Klein, diretor do grupo troiano de Branding. “Mas ninguém deixa de voar em determinada companhia aérea porque ela teve um acidente”, completa. Pelas estatísticas, assim como andar de avião, ir a bons parques de diversões continua uma brincadeira segura. Em um país que ama esse tipo de entretenimento – somos o maior público estrangeiro da Disney –, o que se espera é que fique ainda mais.

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