A maioria dos casos de zika no Brasil foram encontrados no Nordeste, onde o mosquito se aproveita do clima úmido e quente para passear por aí e se reproduzir. Os estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Sergipe já decretaram emergência por surto de microcefalia e os estados de Pernambuco e Alagoas decretaram emergência por infestação de Aeges aegypti. A Bahia também está entre os estados com maior incidência da doença, mas ela não se concentra apenas nessa região.
A zika já foi notificada em 20 estados brasileiros e com o nosso verão chuvoso combinado com a abundância de locais que podem se tornar criadouros de mosquitos, é possível que a doença se torne pandêmica em todo país. Considerada uma dengue leve, o principal problema da zika é que ela está provavelmente conectada ao aumento de casos de recém-nascidos com microcefalia: são hoje cerca de 3,4 mil casos de suspeita de microcefalia no Brasil, cerca de 300 já confirmados.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou este janeiro que grávidas evitem contato com mosquito transmissor. Isso significa adiar aquela viagem de férias ao Nordeste para uma outra época e, em casa, combater focos de proliferação do mosquito e se cobrir de repelente, mosquiteiros e roupas de manga comprida.
Cuidar dos focos de água limpa e parada onde moramos é relativamente fácil, mas durante uma viagem isso se torna impossível. Mas calma, se você não está grávida, os riscos da doença são pequenos e é possível se prevenir contra zika, dengue e chikungunya tomando as seguintes precauções contra as picadas do mosquito:
- Use roupas que cubram o corpo
Ao diminuir a quantidade de pele exposta, à mercê do mosquito, menor a chance de ser picado por ele. Calças e blusas de manga comprida devem ter tecido grosso, para evitar picadas por cima da roupa. Sim, não é fácil usar roupas pesadas no calor do Nordeste… Não deixe de passar repelente sobre as roupas também.
- Passe repelente em todas as partes expostas do corpo
Depois de vestir a roupa, passe repelente na pele exposta e também pode dar aquele reforço de spray por cima da roupa mesmo. E reaplique sempre que possível, seguindo as instruções da embalagem do produto. Os repelentes recomendados são os à base de n,n-Dietil-meta-toluamida (DEET) ou icaridina, pois os à base de óleos naturais como citronela são eficientes por pouquíssimo tempo. Não se esqueça de passar o filtro solar antes de passar o repelente. A prevenção contra mosquitos deve ser a sua última camada protetora sobre o corpo. Mulheres grávidas devem consultar o médico para ter certeza de qual repelente proteje melhor sem causar danos à saúde dela e a do bebê.
- Durma com mosquiteiro
As atividades do Aedes aegypti são maiores durante o dia, mas à noite também é preciso se proteger para dormir tranquilo. Redes em janelas e portas também ajudam a manter o mosquito para fora da casa durante o dia todo – ao reservar um hotel, por exemplo, prefira locais com esse tipo de proteção.
- Impeça a propagação da doença
Se você ou alguém que conhece está infectado com a doença, é preciso evitar que seja picado por mosquitos e espalhe o vírus por aí. Uma vez confirmada a contaminação, o doente deve seguir passando repelente, usando roupas compridas e se protegendo do mosquito, principalmente na primeira semana, quando o vírus está mais ativo.
- Use camisinha
Além de proteger contra várias doenças sexualmente transmissíveis já conhecidas, apesar de não haver confirmação oficial, há estudos em andamento que apontam o risco de transmissão da zika através do sêmen.
Férias com zika
Para turistas não-gestantes, os riscos são bem menores do que para as grávidas, mas contrair zika em uma viagem não deixa de ser uma chateação e um risco de levar a doença de volta para casa. Ubaldo de Moraes Silva, 61 anos, contraiu zika quando estava no Maranhão em julho de 2015. Maranhense que hoje vive em São Paulo, Ubaldo viajou com a esposa para São Luís e para São João Batista, onde iria aproveitar a tradicional festa de São João da cidade. Infelizmente, no caminho entre São Luís e São João Batista, Ubaldo contraiu zika e ficou de molho durante os 5 dias da festa.
“Eu não tinha apetite para experimentar as comidas, não podia sair no sol, parece que a doença fica pior ainda no sol. Eu tinha muita dor nos ossos, mal conseguia levantar a perna, eu estava sempre quente e eu tinha carocinhos por todo o corpo. Fora a dor de cabeça”, relata. Ubaldo se tratou como recomendado pelo Ministério da Saúde: paracetamol e dipirona para baixar a febre, muita água e descanso.
Depois de 5 dias os piores efeitos já haviam passado – e também as festas de São João. “Até tentei sair lá pro terceiro dia de doença, mas eu quis voltar logo pra casa. Foi terrível, até hoje está na memória”. Ubaldo conta que ainda não voltou ao Maranhão, mesmo tendo vontade de visitar os familiares no Natal. “Melhor viajar pro sul, sudeste”, avalia ele.
Entenda a doença
O vírus da zika foi identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. Não faz muito tempo, mas de lá pra cá a doença deixou de ser vista como “uma dengue mais forte” e passou a ser identificada como a causa do aumento da ocorrência de microcefalia em recém-nascidos. A microcefalia teria ocorrido durante a gestação de mães que contraíram zika.
Formas de contágio, tratamento, prevenção e inclusive comprovação se o aumento nos casos de microcefalia é realmente culpa da zika ainda estão sendo estudados. Novas (e por vezes desencontradas) informações são divulgadas toda semana e é preciso estar atento para a fonte das informações, para evitar disseminação de notícias falsas.
No meio de tanta incerteza, está comprovado que a doença se espalha através do Aedes aegypti, o mosquitinho de pernas zebradas que também é vetor da febre amarela, dengue, malária e chikungunya (outra doença que está se espalhando pelo Brasil há poucos meses) e que a única forma de prevenção existente hoje é evitar ser picado por ele.
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