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Pequeno manual dos trens na Europa

Como aproveitar a rapidez, o conforto e a praticidade dos comboios mais integrados do mundo

Por Fernando Souza (edição)
Atualizado em 16 dez 2016, 08h41 - Publicado em 11 Maio 2012, 13h41

As antigas locomotivas, o apito na estação, o sacolejar dos vagões. Viajar de trem carrega uma nostalgia que o tempo, ainda bem, modernizou. Na Europa, composições a mais de 200, 300 quilômetros por hora percorrem uma rede ferroviária tão extensa quanto integrada – e que em nada lembra os tais antigos e resfolegantes comboios. Da Côte d’Azur aos Alpes Suíços, da Península Ibérica à Polônia, vilas encarapitadas, picos nevados e baías charmosas se desenham na janela, transformando a própria viagem em um grande programa. O melhor é que dá para comprar passes por jornada ou dias e ainda é possível dormir nos vagões. A seguir, roteiros e informações sobre os trens europeus.

Que trem é esse?

Sete perguntas e sete respostas expressas

Por que viajar de trem?

Porque é um meio seguro, confortável e eficiente, mais ainda na Europa, com sua extensa rede ferroviária. Sim, o trem é mais lento do que o avião, mas você se acomoda melhor, curte as paisagens e desce em estações quase sempre centrais.

Como são os passes?

Os passes mais conhecidos são da Eurail (eurail.com), válidos na Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Montenegro, Holanda, Noruega, Polônia, Portugal, Romênia, Sérvia, Eslovênia, Espanha, Suécia e Suíça. Um dos mais populares é o Global Pass, que vale por 15 ou 21 dias ou um, dois ou três meses, desde € 723 (€ 551 para menores de 25 anos). Quem quiser pode limitar o número de países visitados (desde € 61). No Reino Unido, há o passe da BritRail (britrail.com), desde € 150.

Algum cuidado no embarque?

Seja pontual: trens não costumam atrasar e param por poucos minutos na estação. Deve-se chegar pelo menos 30 minutos antes para localizar a plataforma, o que pode ser difícil em um grande terminal.

Como proceder com a bagagem?

Geralmente são permitidas duas malas mais uma peça de mão a bordo por pessoa. Não existe despacho de bagagem: você tem de carregá-la o tempo todo e encaixá-la no compartimento sobre os bancos, como no avião. O ideal é se contentar com uma mala média e uma boa mochila.

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Quais são as facilidades a bordo e nas estações?

Nos trens há carros-bar e restaurante, além de carrinhos de bebidas e lanches que circulam pelos corredores. Algumas linhas (como a TGV e a Thalys) servem refeições completas na poltrona do passageiro. É permitido o uso de celular, e alguns trens têm rede 3G, apesar do sinal instável. As estações podem ter tantas comodidades quanto os aeroportos.

E os banheiros a bordo?

De maneira geral são limpos, equipados e confortáveis, alguns até bonitos, como os do TGV. Mas são, é bom lembrar, banheiros públicos.

Quais são as melhores linhas de alta velocidade da Europa?

A Thalys, que liga França, Bélgica e Holanda em trens de luxo, a TGV, que conecta a quase 300 quilômetros por hora as principais regiões da França, a alemã ICE, a sueca X2000, a Eurostar (que liga Londres a Paris), a AVE, da Espanha, e a Freccia, da Itália.

Caminhos de ferro

Alguns roteiros selecionados pelo continente

CÔTE D’AZUR

(Marselha – Monte Carlo)

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Distância 200 km

Duração 4h10

De* € 59 a € 84

O trem, de preferência um TGV, é excelente opção de transporte para conhecer o belo litoral francês. A viagem começa em Marselha e uma hora depois passa por Toulon. Mais 50 minutos de viagem e chega-se a Saint-Raphael, menos famosa que os destinos vizinhos, mas que reserva um arsenal de 30 praias em apenas 36 quilômetros de costa – incluindo locais para naturistas. a próxima parada é Cannes, com seus cafés, seus restaurantes e, neste mês, seu glamouroso festival de cinema. A parada seguinte é também o ponto final para o TGV: Nice. A parte final deste roteiro pode ser feita com um trenzinho local. em 20 minutos, o mar desaparece da janela e você entra num túnel que o leva a Mônaco/Monte Carlo.

ESCANDINÁVIA

(Copenhague – Estocolmo)

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Distância 970 km

Tempo de viagem 10h

De € 276 a € 350

A distância e o custo da viagem para os países da Escandinávia sempre foram uma barreira para viajar para a região. A boa notícia é que o trem pode dar uma mãozinha para o turista que quer sair um pouco do circuito tradicional europeu. Um passe como o Eurailpass barateia bastante o custo de uma excursão por aqueles lados. No primeiro trecho, o trem sai de Copenhague, na Dinamarca, segue para o leste e atravessa os 16 quilômetros da Ponte Betalingsvej, levando à cidade de Malmö, já na Suécia. Em seguida, parte rumo ao norte por 353 quilômetros e, depois de pouco mais de três horas, para em Gotemburgo. de lá para Oslo, figuram na janela do trem as belas imagens do interior sueco e suas cidadezinhas. Após uma viagem de quatro horas que atravessa a Suécia, passando pela calmaria a vida no campo e por pequenas estações, o trem chega a Oslo, a capital norueguesa. Para o último trecho deste roteiro, a sugestão é que você pegue o InterCity até Karlstad, cidade sueca à beira do lago Vanern, e lá embarque num outro trem, dessa vez no SJ2000, com destino a Estocolmo, a capital sueca.

LISBOA – BARCELONA

Distância 1350 quilômetros

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Tempo de viagem 15h40

De € 160 a € 390

Conhecer a Península ibérica de trem é para quem está sem pressa, mais interessado nos detalhes de lugares fora do circuito tradicional, embora cidades como Lisboa, Madri e Barcelona façam parte do percurso. Tudo começa na estação Lisboa-Entrecampos, de onde parte o trem da Alfa Pendular, o mais moderno da Comboios de Portugal, em direção à estação Coimbra-B. Por causa da grande quantidade de estudantes, a cidade de Coimbra é quase uma extensão da universidade, criada em 1290. Dali são cinco horas e meia de viagem noturna (em trem comum) até Salamanca, uma das cidades espanholas que mais preservaram seus monumentos, da Idade Média ao barroco. Partindo de Salamanca, o trem da renfe passa por lugares fora do circuito turístico espanhol, como Ávila, até desembarcar na estação Chamartín,em Madri. a saída para barcelona é em outra estação, atocha, defronteao Museo Reina Sofia. De lá parte o AVE 130, o mais moderno trem de alta velocidade espanhol. em 1h40 chega-se a Valência, e aí é possível tomar serviços costeiros, mais lentos.

LONDRES – PARIS

Distância 400 km

Tempo de viagem 3h15

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De € 43 e € 303

Vale pela praticidade. o belo trem amarelo Eurostar (eurostar.com) parte da moderna estação st. Pancras international, em londres, e 100 quilômetros depois cruza a histórica cidade de Canterbury. a partir de Folkerstone e pelos próximos 50 quilômetros, o melhor a fazer é curtir o visual futurista do carro-bar; afinal, você está passando sob o Canal da Mancha. o trem volta à superfície em Calais, já na França. Chega à Gare Du nord, em Paris, imponente estação construída em 1846.

*Preços ponta a ponta (sem uso de passes)

Leia mais:

Maio de 2012 – Edição 199

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