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O bonde de Istambul

Festa cara é coisa do passado. Aniversário agora se celebra juntando os amigos para uma viagem – mas torça para que eles se amem

Por Rui Porto
Atualizado em 16 dez 2016, 08h00 - Publicado em 6 jun 2013, 11h05

Percebo que é cada vez mais comum pessoas abrirem mão de festas, em geral caras e com duração de algumas horas, para convidar parentes e amigos para uma viagem – uma praia no Nordeste, podem ser alguns dias em Paris, um cruzeiro, para celebrar o que for. O importante para quem convida é estar junto e ter tempo para curtir, com calma, pessoas que fizeram e fazem parte de sua vida.

Confesso, contudo, que foi com um misto de alegria e apreensão que recebemos, minha mulher e eu, um convite pra lá de generoso de um amigo querido que mandou o save the date um ano antes: seríamos 42 pessoas em Istambul para os seus 50 anos. Por que a apreensão? eu nunca havia viajado com tanta gente e imaginava que a possibilidade de algo dar errado seria grande: irritações, climão, a Lei de Murphy tinha tudo para ser a rainha da festa.

Mas, para minha surpresa, a viagem foi perfeita e todos se deram bem. O mérito todo foi do anfitrião e de seus colaboradores, que durante um ano prepararam tudo. os programas comuns eram basicamente à noite  – os dias eram livres. Recebíamos vouchers para conhecer as principais atrações da cidade, do Palácio Topkapi ao Museu de Arte Moderna, onde almoçamos no terraço à beira do Bósforo, um deslumbre. A Cisterna da Basílica, construída a mando do imperador Justiniano para abastecer o grande Palácio, foi fechada para o nosso grupo durante uma happy hour com direito a dança de dervixes, religiosos sufis que pertencem à vertente mais mística do islamismo. Hoje parece que tudo isso foi um sonho, mas, como todos confirmam a história, acho que sonhamos juntos.

No tempo livre, os grupos se formavam e se desfaziam sem cerimônia, uma harmonia não combinada que fulminou de vez a minha apreensão – e a de todos que tinham os mesmos temores que eu.

O prazer de ser convidado é grande e envaidecedor. Sei, no entanto, como o anfitrião não se cansava de repetir, que o prazer de convidar é ainda maior. Valeu, amigo! Esperamos ansiosamente os 55, que até podem ser em Bangcoc; mas saiba que, com esse grupo, eu iria a qualquer lugar, até a destinos de que eu gosto menos.

→ Rui Porto* nunca viu um bem-casado tão perfeito quanto festa e viagem

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