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“Não fui estúpido, fui apenas francês”, diz garçom demitido

No Canadá, uma atitude do garçom foi interpretada como grosseria. O profissional insiste que são diferenças culturais. O caso vai a julgamento

Por Victória Martins
Atualizado em 2 abr 2018, 18h53 - Publicado em 2 abr 2018, 18h33

O garçom Guillaume Rey, que teria sido demitido de um restaurante de Vancouver, no Canadá, por suas atitudes agressivas e desrespeitosas para com colegas de trabalho, diz não ser grosseiro e, sim, francês.

Em uma acusação contra o restaurante Milestones e sua operadora, a empresa Cara Operations, entregue ao Tribunal de Direitos Humanos de British Columbia, Rey alega que sua demissão foi uma discriminação contra a sua cultura, que, segundo ele, tende a ser mais direta e expressiva que a canadense.

Já o restaurante diz que Rey foi demitido não por discriminação, mas por ir contra a política de respeito no ambiente de trabalho, segundo a qual o restaurante deve se manter livre de violência e assédios verbal, racial, físico e sexual. A decisão do tribunal aponta que Rey também teria assinado um documento reconhecendo que falar com um cliente ou colega de forma rude ou antipática poderia ser motivo para demissão.

Apesar de o restaurante confirmar que Rey era competente em suas funções e amigável com os clientes, a gerência já teria conversado algumas vezes com ele e até expedido uma advertência por escrito por causa de seu comportamento rude com os colegas. Rey, porém, alega ter ouvido de gerentes que seus colegas poderiam estar considerando-o agressivo por causa de sua cultura, algo que o gerente geral do restaurante nega ter dito.

O restaurante e a Cara Operations tentaram repudiar a acusação, mas em março de 2018, o tribunal negou o pedido e disse que irá agendar uma audiência para o caso. Para o tribunal, Rey deverá explicar, nessa ocasião, que atitudes suas são consideradas apropriadas na França, mas no Canadá, não.

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Os dois lados do caso

Rey foi demitido em 14 agosto de 2017 enquanto trabalhava como líder do plantão. Naquela ocasião, um outro garçom disse à gerente que foi abordado por Rey “de maneira agressiva” para que terminasse suas tarefas, fato que Rey não apenas nega como afirma ter sido ele o alvo da agressão do garçom, que se negou a realizar um pedido do francês.

A versão de Rey está sendo confirmada pela carta de uma outra funcionária, que teria presenciado a cena.

O restaurante, por outro lado, entregou e-mails em que a gerente e o garçom reclamam do comportamento de Rey naquela noite. Nos e-mails, a gerente diz que Rey estava verificando se o garçom estava cumprindo com suas tarefas “de forma agressiva”, e, por isso, este foi à gerente dizer que recusava trabalhar com Rey novamente.

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O garçom diz que já tinha feito tudo o que foi pedido, mas mesmo assim, Rey teria entrado na sala da gerente e exigido que o garçom completasse suas tarefas, gritando que ele ainda não havia sido liberado.

Além dos e-mails, o restaurante também entregou ao tribunal as advertências escritas feitas contra Rey e uma análise de performance do garçom, entregue em abril de 2017, que já mencionava uma suposta atitude combativa e agressiva do francês.

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