Governo quer mais cruzeiros e turistas em Fernando de Noronha

Medida encabeçada por Flávio Bolsonaro quer estimular ainda mais o turismo do arquipélago; a criação de recifes artificiais também está no projeto

Por Luca Occhialini
Atualizado em 5 mar 2020, 22h44 - Publicado em 5 mar 2020, 19h30
Fernando de Noronha
Fernando de Noronha pode passar a receber mais cruzeiros (ESDomingos/51 imagens/Pixabay)
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Em vídeo divulgado nas redes sociais no dia 28 de fevereiro e gravado em viagem à Fernando de Noronha, o senador Flávio Bolsonaro e o presidente da Embratur, Gilson Machado, garantiram que o governo está trabalhando para uma melhor exploração do turismo no arquipélago. Entre as atitudes tomadas está a liberação da navegação de cruzeiros na região e a instalação de recifes artificiais.

“Estamos desatando os nós da legislação vigente para permitir que esses segmentos sejam muito melhor explorados por nosso país”, declarou Flávio Bolsonaro no vídeo. Na sequência, o presidente da Embratur disse já ter conseguido liberação da marinha para a instalação de recifes artificiais – serão 12 ao todo, segundo ele.

As medidas levantaram algumas preocupações no Governo de Pernambuco, responsável por administrar Noronha, que acredita em prejuízo para o meio ambiente com a grande quantidade de turistas que podem chegar através dos cruzeiros. Navios de grande porte não atracam na ilha desde 2013 por conta de licenças ambientais. 

Atualmente, as poucas embarcações que chegam às 21 ilhas do arquipélago carregam no máximo 200 pessoas, mas o novo plano pretende permitir navios de 600 ou mais viajantes. Para isso acontecer, é preciso da liberação final do Ibama, vinculado ao Governo Federal através do Ministério do Meio Ambiente, pasta de Ricardo Salles. O ministro já estaria trabalhando para liberar o trânsito dos navios o mais breve possível, segundo Gilson Machado.

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Com a chegada de mais turistas, a secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco crê que podem haver impactos negativos, como dano à preservação ambiental e superlotação. 

Preservação ambiental

Turistas que chegam em Noronha precisam pagar uma taxa obrigatória de R$111 para brasileiros e R$222 para estrangeiros. Boa parte deste valor, mais especificamente 70%, é investido em melhorias e manutenção interna. Ao garantir o ingresso ao parque, que é Patrimônio Natural Mundial da Humanidade pela UNESCO, o visitante tem acesso ilimitado a todas as áreas durante 10 dias. Ainda é preciso pagar uma Taxa de Preservação Ambiental por dia de permanência em Noronha no valor de R$ 75,93, que vai para o Governo de Pernambuco.

Superlotação

A maior preocupação dos administradores de Noronha é que a infraestrutura não dê conta de ainda mais turistas, principalmente com a chegada de centenas de cruzeiristas de uma só vez. Segundo plano de manejo da ilha, Noronha tem capacidade para receber 85 mil visitantes por ano, marca que vem sendo extrapolada. Em 2018, 103 mil pessoas estiveram no arquipélago.

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Na época em que os cruzeiros eram permitidos, havia um fenômeno de aumento de preços na ilha no dia em que os cruzeiros atracavam. Não raro que o aluguel de um bugue, que esgotava rapuidamente, chegasse a custar o dobro que o normal.

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