Nesta terça-feira (8) aconteceram protestos em Fernando de Noronha e no Recife contra a medida do governador Paulo Câmara (PSB) de restringir o acesso à ilha somente para quem já teve a Covid-19. As manifestações tiveram a participação de donos de pousadas e restaurantes, bugueiros, barqueiros e empresas de receptivos que se mostraram indignados com o “tratamento desigual” que Noronha estaria recebendo em relação ao continente. Segundo a prefeitura de Porto de Galinhas, outro importante destino turístico de Pernambuco, 90 mil pessoas passaram o feriado de 7 setembro por lá, número 30% maior do que no ano passado. Recife também registrou areias lotadas.
O setor turístico da ilha reivindica que apenas um exame RT-PCR seja requisitado 72 horas antes do embarque e um outro teste rápido no dia da partida para a ilha.
Fernando de Noronha voltou a receber turistas em 1 de setembro, mas com um requisito fundamental: só são aceitas as pessoas que já tenham sido contaminadas e curadas da Covid-19. O anúncio foi feito na quinta-feira, 27 de agosto. A ilha estava fechada ao turismo desde o dia 21 de março.
Segundo o administrador da ilha, Guilherme Rocha, a comprovação da recuperação clínica deverá ser feita através de um exame RT-PCR positivo, realizado há mais de 20 dias da data de embarque; ou através de um teste sorológico IgG também positivo, que acusa quando uma pessoa já foi contaminada e possui anticorpos para o vírus (o método do exame deverá ser quimioluminescência, eletroquimioluminescência ou Elisa imunoensaio; testes rápidos não serão aceitos).
O resultado do exame deverá ser enviado através do formulário eletrônico que é usado para a cobrança da Taxa de Preservação Ambiental, disponível no site sounoronha.com. O pagamento deve ser realizado até 72 horas antes da viagem.
Outros dois destinos na Bahia – Barra Grande e Lençóis, na Chapada Diamantina – anunciaram que exigirão testes rápidos de todos os turistas que chegarem.
Polêmica
A decisão de Noronha por delimitar a entrada somente para aqueles que já tiveram a Covid-19 e foram curados é polêmica, principalmente por conta dos casos de reinfecção descobertos recentemente e da grande variabilidade do comportamento do vírus. A ciência até o momento não sabe dizer o quanto de imunidade, ou mesmo a duração dela, uma pessoa que se contaminou acabou adquirindo. Ou seja, ter anticorpos não significa necessariamente estar imune a um segundo episódio de Covid-19.
Segundo o laboratório Fleury, um outro aspecto a ser levado em conta é que nem todas as pessoas infectadas com o Sars-cov-2 desenvolvem anticorpos detectáveis pelas metodologias disponíveis, principalmente aquelas que apresentam quadros com sintomas leves ou não apresentam nenhum sintoma. Desse modo, uma pessoa que teve a Covid-19 confirmada por um teste RT-PCR poderá ter resultado negativo no teste de sorologia IgG.
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