Entre a montanha e o céu: os segredos das serras mineiras
População de Belo Horizonte redescobre lazer e aventura nas serras no entorno da capital
Elas estão sempre lá. Quando você sai de casa a caminho do trabalho e quando cruza a cidade enquanto cumpre a rotina do dia. Dá para vê-las de praticamente qualquer ponto da cidade. E, mesmo assim, às vezes, você nem percebe. As serras sempre fizeram parte do cenário da capital mineira, mas permanecem desconhecidas para muita gente.
O #hellocidades, projeto de Motorola que incentiva um novo olhar sobre as cidades, ouviu relatos de pessoas que redescobriram esses lugares e que, graças a eles, acabaram mudando a forma como enxergam, vivem e se conectam com a cidade.
Uma dessas personagens é Sophia Grossmann. De segunda a sexta-feira, ela é professora de ciências em uma escola municipal de Contagem, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Entre aulas e correções de trabalhos, ela não esconde a ansiedade para o próximo fim de semana e próxima trilha pelas serras de Minas, que percorre desde 2014. “Comecei com as corridas de trail, mas acabei preferindo as caminhadas, pois elas permitem que a gente aproveite melhor o passeio e a vista”, conta.
Normalmente, ela faz as atividades com um grupo de amigos e registra as experiências no blog Na Trilha Certa. “A internet é muito útil para quem gosta de trilhas. Eu participo de várias grupos [nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens] que ajudam a trocar informações, combinar os passeios e até conhecer novas pessoas. Eu quero abrir meu leque de trilheiros”, brinca a professora.
No currículo, ela carrega diversos trekkings por todo o país. Pertinho de Belo Horizonte, Sophia enumera lugares como a Serra do Cipó, a Serra do Curral, a Serra da Piedade e muito mais. “A nossa queridinha é a Serra da Moeda, que foi a primeira que fizemos. Quando alguém novo entra no grupo, é para lá que nós vamos, é uma espécie de ritual de batismo”, conta.
Para o passeio, eles saem do restaurante Topo do Mundo, em Brumadinho, e seguem até o vilarejo de Moeda Velha, em um caminho de 14 km. Ao final, o grupo se reúne em um típico restaurante de comida mineira para relaxar, botar o papo em dia e combinar a próxima trilha.
Mar de montanhas
Por falar em Topo do Mundo, a área do restaurante também é referência para quem gosta de admirar as serras de BH, mas, desta vez, com muito conforto e sem esforço físico. Mesmo para quem opta por não consumir dentro do estabelecimento, o local é conhecido por atrair moradores da capital que ficam por ali apreciando a paisagem do mar de montanhas da Serra da Moeda.
A psicóloga Fernanda Amorim visitou o lugar pela primeira vez recentemente, no fim de outubro de 2017. Foi o suficiente para virar fã. “Eu sempre via fotos de lá e tinha vontade de conhecer, porque a vista é linda”, conta ela, que agora também exibe diversas fotos do local em sua conta do Instagram. A Serra da Moeda ainda foi o palco do pedido de casamento feito pelo namorado — agora noivo, e tudo foi devidamente compartilhado com os amigos pelas redes. “[O restaurante] se tornou um lugar muito especial para a gente e quero voltar sempre, com certeza”, diz.
Além disso, também é ali que se reúnem os amantes e admiradores dos voos de parapente. Marcelo Rubbioli é responsável pela UaiFly, uma das empresas que oferecem o serviço no local. Ele conta que, toda semana, mais de cem pessoas procuram pela atividade. “Descrever a sensação é difícil, é muita paz que a gente sente. Você admira a paisagem com calma. À medida que se sobe, é possível observar a Serra da Moeda inteira, e Belo Horizonte fica bem pequena e silenciosa”, relata.
Adrenalina e natureza
O técnico civil Saulo Ricardo cresceu na pequena cidade de Rubim, no Vale do Jequitinhonha. Vivendo há uma década na capital, ele conta que as trilhas de moto que realiza pelas serras da região fazem com que o dia a dia seja muito mais agradável. “Gosto desse esporte porque ele une adrenalina, exercício físico e natureza. Sou do interior, mudei para BH para trabalhar e estudar, e o lazer é essencial para ter uma vida saudável”, pondera.
Saulo frequenta praticamente todas as serras das regiões de Nova Lima e Sabará, mas tem um carinho especial pelas trilhas no entorno da cidade de São Sebastião das Águas Claras, conhecida pelos belo-horizontinos como Macacos. A atividade é sempre realizada com a companhia de amigos, em grupos que também são organizados pelas redes sociais.
Subir para ver de perto
O empresário Luamã Gabriel Lacerda frequenta desde criança as serras da região metropolitana, mas foi em 2002 que ele escalou a Serra do Curral pela primeira vez. “Talvez esse seja o marco de um momento em que passei a explorar a natureza da região a fim de colocar o corpo em movimento, lá fora”, reflete o empresário, que hoje em dia não deixa de realizar atividades como passeios contemplativos pelas serras e até mesmo a prática de esportes como trekking, escalada e ciclismo.
Para ele, é um privilégio poder ver de perto esses locais, que normalmente são de difícil acesso. “Conhecê-los me levou a descobrir quão ricas são essas serras. As pedras, águas, plantas e animais de lá exibem uma história de evolução, resistência, resiliência e paciência que muda a todo o tempo não só a forma que vejo a cidade, mas também a forma que encaro os desafios diários”, reflete Luamã, lembrando que essas serras são algumas das poucas reservas do patrimônio natural que ainda estão por aí.
E você, quer se conectar melhor com as serras da capital? Confira nossas sugestões e não se esqueça de tirar muitas fotos. Depois, publique nas redes sociais com as hashtags #hellocidades e reforce o time das pessoas que estão redescobrindo suas cidades em todo o Brasil em hellomoto.com.br.
Trilha da Serra da Calçada
É ideal para os apaixonados pelo mundo do trekking. A trilha passa pelo Forte de Brumadinho, ruínas de uma construção do século XVIII, e termina no Poço Encantado, um lugar muito bonito e propício para nado, com uma pequena queda d’água. Para quem quiser se aventurar, a trilha começa na entrada do Condomínio Retiro das Pedras e possui cerca de 6 km.
Voo de parapente
Planar sobre a Serra da Moeda é uma daquelas experiências inesquecíveis. Para os inexperientes, algumas empresas oferecem o serviço de voo duplo, acompanhado de monitores. O passeio dura cerca de meia hora e tem o custo médio de R$350.
Fim de semana na Serra do Cipó
Ainda na região metropolitana de Belo Horizonte, a Serra do Cipó fica a cerca de 280 km do centro da cidade. O lugar é um dos maiores complexos de cachoeiras da região e oferece trilhas de todas as intensidades, além de uma vista exuberante.