O que você deve saber sobre Andorra, este país pequeno e marcante
Cenários magníficos, arquitetura medieval, lojas com preços de duty free e esqui badaladíssimo. Entre a França e a Espanha há um pequeno mas impactante país
Um carro alugado em Barcelona e 200 quilômetros de lindos cenários até o teto dos Pirineus (você também pode escolher partir de Toulouse ou de Bordeaux, no sul da França). Esse teto é o principado de Andorra, o único país do mundo onde a língua oficial é o catalão. A fundação é atribuída ao indômito Carlos Magno, no século 9, por reconhecimento aos moradores da região pela ajuda nas batalhas contra os sarracenos. Os limites do território foram estabelecidos em 1278, e desde 1993, quando foi aprovada sua primeira Constituição, Andorra é um Estado soberano. Antes se submetia ao chefe de Estado francês e ao bispo da cidade vizinha de Urgell, na Espanha.
O país é uma “ilha” flutuando nos Pirineus. Seu ponto mais alto, Coma Pedrosa, fica a 2 946 metros de altitude; o mais baixo, no Rio Valira, a 840 metros. Entre a Espanha e a França está esse lugar de 82 mil habitantes e 468 quilômetros quadrados, 92% deles de bosques, lagos, rios e montanhas. Todos os anos, 9 milhões de visitantes chegam a Andorra para desfutar de suas belezas e aproveitar para comprar nesse paraíso fiscal que possui milhares – e isso não é força de expressão – de lojas. Não por casualidade, o turismo representa 80% da receita de Andorra.
Tudo é fácil aqui. Basta uma hora para percorrer os 36,9 quilômetros entre os dois pontos mais distantes – da fonteira espanhola até Pas de la Casa e o túnel que leva à França. No meio do caminho está Andorra la Vella, a charmosa capital, um local para abandonar o carro e percorrer os bulevares à beira- rio; para se deleitar com a comida das bordas, restaurantes que ocupam antigas construções rurais e servem comida típica das alturas; para simplesmente se sentar à mesa de algum café para afastar o fio; ou apenas para fazer o que a maior parte dos turistas faz em Andorra: festejar. E, para isso, não há estação: seja nos meses em que Andorra está coberta de neve ou quando as montanhas ficam verdinhas, o mantra que se ouve em todo lugar é: !Viva la Fiesta, Andorra!
Andorra tem diversas construções do gótico românico, igrejas e casas erguidas entre os séculos 11 e 15. No conjunto de suas sete paróquias (que seriam, grosso modo, seus bairros) existem mais de 40 igrejas, todas pequenas e graciosas. Não perca as três joias da coroa: Sant Cerni de Nagol, na bela paróquia de Sant Julià de Lòria; a Igreja de Santa Colona, erguida ainda no século 11, na paróquia que lhe empresta o nome – atente para o afesco do Cordeiro de Deus ladeado por dois anjos; e Sant Martí de la Cortinada, em Ordino, a paróquia mais remota do país, a “longínquos” 15 minutos de Andorra la Vella.
Quando chega a neve
O ar das montanhas deve conservar bem a população. O país tem a sexta maior expectativa de vida do mundo, 82,5 anos. Viver lá é muito bom, infere- se, mas visitar o destino em férias é também uma delícia. Há muito o que fazer ali, a começar pelo ótimo esqui. As estações são reconhecidas internacionalmente. A neve cai generosa no inverno e até um pouco além, em abril. Assim que o manto branco atinge 40 centímetros, começa a diversão nos 193 quilômetros das 110 pistas de Grandvalira, o que, somado aos 98 quilômetros e às 69 pistas de Vallnord, compõe um domínio esquiável significativo. Um mundo branco se desenha, aproveitando a senhora infaestrutura de lifs e canhões de neve, restaurantes, hotéis, iglu-bares, iluminação para esqui noturno, baladas, festas. Até quem não é íntimo do esqui e do snowboard se diverte com outras formas de descer a montanha. Como o mushing, o passeio de trenó puxado por cães, ou o joring, uma espécie de trenó sob dois pares de esquis. E, para quem vai com filhos pequenos, outra dica: conheça o Naturlândia, um parque basicão em San Juliá de Loria que se destaca unicamente por seu tobogã de 5 quilômetros, o Tobotronc, que desliza em meio aos bosques. Palavra de pai de um menino de 7 anos: é demais.
Verão na montanha
Se você não tem planos imediatos para conhecer o principado, nada a lamentar. No verão é possível fazer várias caminhadas pelas montanhas, passando por picos, lagos e vales. A maior parte das trilhas é autoguiada. Basta seguir as setas vermelhas e brancas para curtir a Grande Rota, que em alguns trechos coincide com a Grande Rota do País – o nome não parece muito apropriado –, de 100 quilômetros, mas sem maiores desafios. Essa rota é dividida em sete etapas que coincidem com a localização dos refúgios. Nesses caminhos é possível dormir nos 26 abrigos de montanha, a maioria de utilização gratuita, mas com comodidades espartanas: lenha e água, basicamente. Muito recomendável para quem procura uma experiência turística mais mãos-à-obra.
Outra coisa boa da estação do calor é aproveitar as pistas de esqui sem neve para grandes descidas de downhill. Graças ao serviço de lif, nem é preciso pedalar na subida, só descer e sentir a emoção. Grandvalira e Vallnord são tidas como algumas das melhores pistas da Europa para as magrelas, com 17 quilômetros de percurso de diversos níveis de dificuldade, passando por bosques e formações rochosas.
A quem não é entusiasta de primeira hora das atividades outdoor, não sonha em esquiar e começa a se coçar já no décimo minuto de caminhada há que se lembrar, novamente, que Andorra está espremida entre França e Espanha, duas potências enogastronômicas, ou, para usar um português bem mais amigável, duas potências da boa vida. É de esperar, portanto, alguns momentos de êxtase, ou quase isso, em seus restaurantes. Não perca a chance de ir a uma típica borda, antigos paióis transformados em acolhedores restaurantes. Recomendo muito o Estevet, com carnes de caça à la plancha que, rememorando a experiência agora para esta reportagem, me fariam pegar de volta a estrada para Andorra não vivesse eu agora em Bali.
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O DDI de Andorra é +376
- FICAR
O moderno Acta Art Hotel (Prat de la Creu, 15, 760-303, hotel-arthotelandorra.com; diárias desde € 92; Cc: A, M, V), em Andorra la Vella, tem ótimo café da manhã. O Magic Ski (Avinguda del Ravell, 1, 875-500, hotel-magic-ski.andorramania.com; diárias desde € 87; Cc: M, V) fica a passos do lift para a pista de Pal- Arinsal, em Vallnord.
- COMER
O Plató (Cc: A, M, V), no Acta Art Hotel, provê experiências gourmet. E, das várias bordas, os restaurantes típicos de Andorra, bastante respeitável é a Estevet (335-099, bordaestevet. com), com caças à la plancha.
- COMPRAR
O eixo Avinguda Meritxell –Avinguda Carlemany tem lojas como Hugo Boss, Levi’s, Tommy Hilfiger e Guess. Para equipamentos de montanhismo, esqui e snowboard, vá à Olympia (Avinguda Meritxell, 74, 861-922, olympiaesports.ad; Cc: M, V). Apreciadores de vinhos também têm oportunidades em Andorra, onde estão os vinhedos mais altos da Europa. Um branco muito recomendável é o Cim del Cel, à venda na Cava Benito (Avenida Carlemany, 82, 820-469, cavabenitowhisky.com; Cc: M, V). Para comprar embutidos, vá à Gourmeterie Marquet (Plaça Coprínceps, 3, 820-722, marquetandorra.com; Cc: M, V) – mas, cuidado, pois eles podem ficar retidos na Alfândega.
- PASSEAR
O ski pass Ski Andorra (skiandorra.ad; cinco dias por € 196; Cc: A, M, V) dá acesso a todas as pistas de Grandvalira (grandvalira.com) e Vallnord (vallnord.com). Para os experientes, as melhores são a Ordino-Arcalís (arcalis.andorramania.com), em Vallnord, e a El Tarter (soldeu-andorra.com), em Grandvalira. Nas horas livres, conheça as igrejas Sant Cerni de Nagol (Carretera de Certés, 744-045), Santa Colona (Carrer Major, 873- 103) e Sant Martí de la Cortinada (878-173), do século 12. Para crianças, o tobogã de 5 quilômetros do Naturlândia (Carretera de la Rabassa, 741- 444, naturlandia.ad; desde € 20; Cc: M, V) é tiro certo.
- AGITAR
Em Andorra La Vella, existem mais de 60 pubs e discos, caso da Buda Bar (Avinguda Salou, 32, 720-777, budaespaiandorra.com; Cc: A, M, V).
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