Continua após publicidade

Agências pedem que clientes adiem viagem em vez de cancelar

A campanha “Adia!” é um esforço para evitar a quebradeira de empresas ligadas ao turismo. Veja prós e contras e para quando remarcar

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 30 mar 2020, 17h22 - Publicado em 18 mar 2020, 12h58

Na segunda-feira (16), a Associação Brasileira das Agências de Viagem (ABAV) lançou a campanha “Adia!”, jargão que já vinha sendo usado pelas agências e operadoras de viagem individualmente desde o anúncio da pandemia de coronavírus. A ideia é pedir para que os consumidores não cancelem seus planos, e sim os adiem para o futuro.

Em entrevista à VT, a presidente da ABAV, Magda Nassar, disse que a indústria do turismo está sendo altamente impactada pelo surto da doença e que, por isso, era necessário tomar uma atitude para preservar minimamente a saúde financeira de todas as empresas e de todos os trabalhadores da área. “Ao cancelarem suas viagens, os clientes estão esvaziando o caixa das agências, que já vão passar meses com um faturamento extremamente reduzido”, explica.

Segundo Magda, o turismo está vivendo um momento de completa estagnação, em que nenhum destino, seja ele nacional ou internacional, está tendo procura. Por isso, os fornecedores das agências de viagem, incluindo companhias áreas, hotéis e guias de passeios, também estão se mostrando flexíveis nas remarcações.

“Reconhecemos que esse é o momento de mostrar a diferença que faz o atendimento de um agente de viagem. Muitas pessoas que não compraram com agências estão desesperadas para cancelar tudo sozinhas”, diz a presidente da ABAV.

Dinah Carvalho, responsável pelo marketing da Kangaroo Tours, relatou à VT que a pandemia de coronavírus de fato está exigindo um atendimento especial: “estamos lidando com os casos com solidariedade, empatia e compaixão, porque entendemos que muitos viajantes estão desorientados, sem saber qual caminho tomar”.

Continua após a publicidade

O consumidor não será prejudicado se adiar a viagem?

Vai depender de cada caso. Gabrielle Monteiro, gerente de marketing da Pisa Trekking, explica que os preços continuam sujeitos à sazonalidade: “o cliente pode ter custos adicionais ou também ter algum valor reembolsado, dependendo da data que ele escolher viajar”.

Isso significa que, se você comprou um pacote para abril e decidiu adiá-lo para o Réveillon, provavelmente terá que pagar a mais por isso. Mas, caso sua viagem esteja marcada para a alta temporada, e você decida ir na baixa, pode acabar tendo alguma diferença de valores restituída.

A presidente da ABAV aponta para um segundo fator que deve ser levado em conta: o dólar. “O aumento contínuo do dólar é uma realidade no mundo. Manter uma viagem que foi comprada no passado pode ser garantia de economia. O consumidor continuará pagando suas parcelas no câmbio de quando foi fechado o pacote. Se cancelar, no futuro ele terá que comprar a viagem novamente, só que com o câmbio provavelmente mais alto”, explica Magda Nassar.

Continua após a publicidade

Mas para quando adiar?

Ao decidir adiar um pacote de viagem, o cliente terá que escolher uma nova data devido às passagens aéreas, que devem ser necessariamente remarcadas. Já os demais serviços incluídos, como estadia em hotel, passeios e traslados, serão cancelados temporariamente – e o valor pago por eles ficará como crédito para o cliente usar no futuro.

Por esse motivo, a presidente da ABAV explica que existe inclusive a possibilidade do cliente mudar o destino da sua viagem, se isso fizer com que ele se sinta mais seguro. Algumas companhias aéreas estão permitindo a troca de passagens e o restante do dinheiro que o consumidor investiu pode ser utilizado para fazer reservas de hotéis e de serviços em outra cidade.

Ainda assim, resta a dúvida de quando será possível voltar a viajar. Madga, da ABAV, acredita que a partir de maio a situação já estará controlada. Para Dinah Carvalho, da Kangaroo Tours, o aconselhável é remarcar as viagens para a partir de junho. Já Gabrielle Monteiro, da Pisa Trekking, faz uma estimativa um pouco mais longínqua: “o ideal é que os embarques sejam a partir de julho”.

Continua após a publicidade

Leia tudo sobre coronavírus

Publicidade