Resultado da movimentação incessante de nosso planeta e presentes em todos os continentes do globo, quando criança eu achava que os vulcões eram as espinhas da crosta terrestre. Mas essa é uma comparação simplista demais: os vulcões são forças imprevisíveis da natureza, indomáveis, implacáveis, surpreendentes. Devido à própria atividade vulcânica, vão aumentando de tamanho e dominando a paisagem com o passar do tempo – e não sem razão fascinam e amedrontam a humanidade desde que saímos das cavernas. Com frequência os vulcões aparecem em lendas dos povos primordiais e não podem faltar nas representações que fazemos do planeta Terra.
O Brasil já teve vulcões, há milhares e milhares de anos – o vulcão mais antigo já descoberto foi encontrado na Amazônia, entre os estados do Amazonas, Mato Grosso, Pará, Roraima e também os países Venezuela e Suriname – ele data de 1,89 bilhão de anos e quase nada lhe resta.
Um dos mais “jovens” de nosso país existiu há 70 milhões de anos. Ainda que esteja completamente extinto, segue aquecendo as águas das termas da cidade mineira Poços de Caldas – elas saem a 30°, perfeitas para um banho terapêutico quentíssimo. Em outros pontos do globo eles fazem muito mais do que isso: arrasam cidades inteiras, expelem gases tóxicos, cospem cinzas e pedras gigantes, surpreendem escaladores azarentos e, em alguns casos, estão tão ativamente comportados (por enquanto) que é possível caminhar ao lado de um fluxo de rocha derretida que não deixa de escorrer de sua cratera.
São divididos entre ativos, dormentes (talvez entrem em erupção, talvez não) e extintos – mas essa classificação pode ser jogada por terra em poucos meses caso o incessante movimento intraterrestre assim o desejar. E não há nada que possamos fazer além de correr e nos esconder.
Calma, nem tudo é terror. A lava é quente, mas quando resfria costuma ser muito fértil, se tornando berço de vida luxuriante. Graças à sua atividade é que existe a Islândia, o Havaí, as Filipinas e outras ilhas maravilhosas. E a América Central inteira seria bem diferente se eles não existissem.
Aparelhos de alta tecnologia monitoram os vulcões do planeta e, se seguirmos as orientações das autoridades oficiais (e dos guias locais que conhecem bem sua terra), é possível visitar os pés e até as crateras dessas bocas da destruição e da criação. Alguns são desafiadores para escaladores experientes, outros tão facilmente escaláveis que até quem nunca subiu uma montanha pode alcançar o cume sem guia. Tem vulcão inclusive com acessibilidade a cadeirantes!
O Vesúvio costumava ter até um funicular até seu topo, mas não curtiu a farra e o destruiu em sua última erupção sem aviso. Nesta matéria, optamos por incluir apenas um vulcão por país, mas onde há um, geralmente há mais – e muitos ficaram de fora da lista. Você que lê esta matéria pode conhecer um vulcão, basta tratá-lo com o respeito que dedica aos seus deuses.